Entrevista de emprego: não há fórmula ou roteiro para o que deve ser perguntado (Rowan Jordan/Getty Images)
Luísa Granato
Publicado em 23 de abril de 2019 às 06h00.
Última atualização em 23 de abril de 2019 às 09h31.
São Paulo - Você acha que a entrevista de emprego está chegando ao fim, já falou de suas habilidades e realizações, até sobre suas fraquezas e expectativas, e então o entrevistador joga a bola para você: gostaria de fazer alguma pergunta?
Esse momento final da entrevista pode causar tanto nervosismo para o candidato quanto o resto do processo seletivo. E ele é importantíssimo.
Para Caroline Cadorin, diretora da Hays Experts, recusar-se a fazer perguntas não vai eliminar o candidatos, mas com certeza será uma oportunidade desperdiçada para consolidar uma opinião positiva para os entrevistadores.
“É natural surgirem dúvidas durante o processo. Algumas vezes, ao longo das etapas e entrevistas, o candidato consegue saná-las e obter as informações mais relevantes. Ainda assim, se usado de forma inteligente, você pode reforçar sua posição e vontade com a pergunta final”, esclarece Cadorin.
Segundo Leonardo Berto, gerente de recrutamento da Robert Half, recusar a chance pode passar uma impressão negativa de que o candidato está desmotivado ou desinteressado no processo.
“Ao longo das etapas, existem expectativas diferentes do que se espera do candidato, como perguntas que ajudem a entender melhor sua posição, o contexto da empresa e do negócio. Conforme a pessoa vai avançando, as perguntas ganham mais profundidade. Na última etapa, em um mundo perfeito, estaremos discutindo cases reais para saber o raciocínio e comportamento do candidato”, fala ele.
Não há fórmula para o que deve ser perguntado, mas os dois alertam para não pedir por informações que já foram dadas no processo. A impressão passada é de que o profissional não está atento.
A melhor forma de deixar uma impressão positiva, segundo os dois especialistas, é chegar a entrevista com o “dever de casa” feito. E elaborar suas perguntas de acordo, demonstrando seus conhecimentos e abrindo espaço para dar exemplos de suas conquistas e competências.
“É sempre uma surpresa positiva quando o candidato está preparado desde a primeira entrevista, entendendo o modelo do negócio e buscando outras informações relevantes sobre a empresa”, fala Berto.
Outra dica da diretora da Hays Experts é saber ler o ambiente do encontro. Essa é uma habilidade para entender o processo como um todo e levar em consideração quem é o entrevistador. Uma pergunta boa para o RH na primeira conversa pode ser uma pergunta ruim para a última etapa com o presidente da empresa, por exemplo.
O gerente da Robert Half relembra um momento que um candidato teve a oportunidade de questionar o CEO da empresa e tentou sondar qual seria sua remuneração.
Na busca por uma oportunidade, a pergunta é justa. E segundo Cadorin, uma das principais dúvidas dos candidatos é quando podem perguntar pelo salário.
Diante do dono da empresa, no entanto, a questão não foi bem recebida. “O nível da conversa era outro, a expectativa ali era outra”, diz Leonardo Berto.
O momento ideal para perguntar sobre o salário não é nem no começo, nem no final do processo. Se a informação não foi disponibilizada na descrição da vaga, como é comum, ou revelada pelo RH no primeiro contato, o melhor é entender primeiro sobre a vaga, seus desafios e expectativas para não parecer que a questão financeira, embora essencial, seja seu única incentivo para tentar a posição.
“Com mais dados para avaliar se você está aquém ou além da expectativas de experiência para a vaga, se torna oportuno abordar a questão financeira. Normalmente, não é possível avaliar a experiência do profissional através da leitura do currículo e do perfil nas redes”, avalia Caroline.
Se for muito difícil entender o momento certo para suas dúvidas, a diretora afirma que é um traço de inteligência emocional saber quando pedir ajuda. Ela sugere que uma boa pergunta para o final da entrevista é pedir por esclarecimentos sobre o processo em si.
“Não deixe a ansiedade atrapalhar e ouça bem as respostas. Uma pergunta bem colocada, respeitando o limite do outro, de nenhuma forma é ofensiva. Se não estiver seguro, não souber se aquele é o momento para perguntar algo ou a pessoa certa para te responder, fale que tem dúvidas ainda e pergunte com quem deveria tratá-las. Depois, siga as orientações que receber”, explica ela.
Para ajudar no preparo para a entrevista, os especialistas em recrutamento elaboraram algumas perguntas que consideram boas. Elas não são um roteiro, mas opções interessantes para estudar e se inspirar. Confira: