O medo das instituições é positivo e necessário
Uma sociedade que não respeita suas instituições corre o risco de cair numa anarquia insustentável. Algo precisa ser feito
Da Redação
Publicado em 14 de fevereiro de 2014 às 17h40.
São Paulo - Já faz quatro anos que adotei o táxi como meu meio de transporte em São Paulo. Economizo tempo nos deslocamentos e não me aborreço procurando vaga para estacionar. Sem poder evitar o estresse do trânsito, ao menos consigo reduzi-lo. De quebra, desfruto das opiniões dos taxistas sobre a vida, as pessoas e a cidade.
Um deles, o Benê, outro dia me deu uma aula de sabedoria. Ele me inspirou a escrever este artigo sobre como exercemos nossa cidadania, uma ação que passa também pelo trabalho. Devido a uma manifestação, estávamos parados num congestionamento, o Benê e eu, e começamos a conversar sobre as causas e os efeitos desses protestos .
Benê lançou a seguinte pérola: "As pessoas perderam o medo das instituições". É uma realidade absoluta. O jovem que agrediu o coronel da PM em São Paulo não teve medo da polícia. Os motoristas que passam o sinal vermelho, que param em faixas de pedestres, que abusam da velocidade e da bebida não se importam com a fiscalização, as multas ou mesmo a perda da carteira de motorista.
Os presos se articulam dentro das prisões porque o Estado e a Justiça não os intimidam mais. Nas salas de aula dos ensinos fundamental e médio, os alunos perderam o medo do professor. É claro que não estou falando da coerção, do temor da agressão física. Estou me referindo, como disse o Benê, à falta de medo das instituições.
Perdeu-se o medo das instituições que são a base da sociedade civil. A corrupção não é apenas o desprezo pela Justiça, mas a falta de medo de passar vergonha diante da sociedade. Na medida em que as sociedades perdem o medo e o respeito por suas instituições, podemos chegar a uma anarquia insustentável. De onde vem essa reação coletiva?
Provavelmente do processo educacional dentro de casa, da falta da prática dos valores, da ausência de consciência de cidadania. O velho medo do olhar do pai, do gesto conhecido de aborrecimento da mãe são ingredientes que não podem desaparecer da sociedade em nome da educação sem limites.
A perda do medo das instituições estabelecidas no estado de direito, que podemos traduzir como perda de respeito institucional, é que está provocando essas reações sem controle e sem limites. O exercício da cidadania é uma atitude pessoal, que deve ser praticada em todas as horas do dia, inclusive as que passamos no trabalho. Eu estou com medo.
São Paulo - Já faz quatro anos que adotei o táxi como meu meio de transporte em São Paulo. Economizo tempo nos deslocamentos e não me aborreço procurando vaga para estacionar. Sem poder evitar o estresse do trânsito, ao menos consigo reduzi-lo. De quebra, desfruto das opiniões dos taxistas sobre a vida, as pessoas e a cidade.
Um deles, o Benê, outro dia me deu uma aula de sabedoria. Ele me inspirou a escrever este artigo sobre como exercemos nossa cidadania, uma ação que passa também pelo trabalho. Devido a uma manifestação, estávamos parados num congestionamento, o Benê e eu, e começamos a conversar sobre as causas e os efeitos desses protestos .
Benê lançou a seguinte pérola: "As pessoas perderam o medo das instituições". É uma realidade absoluta. O jovem que agrediu o coronel da PM em São Paulo não teve medo da polícia. Os motoristas que passam o sinal vermelho, que param em faixas de pedestres, que abusam da velocidade e da bebida não se importam com a fiscalização, as multas ou mesmo a perda da carteira de motorista.
Os presos se articulam dentro das prisões porque o Estado e a Justiça não os intimidam mais. Nas salas de aula dos ensinos fundamental e médio, os alunos perderam o medo do professor. É claro que não estou falando da coerção, do temor da agressão física. Estou me referindo, como disse o Benê, à falta de medo das instituições.
Perdeu-se o medo das instituições que são a base da sociedade civil. A corrupção não é apenas o desprezo pela Justiça, mas a falta de medo de passar vergonha diante da sociedade. Na medida em que as sociedades perdem o medo e o respeito por suas instituições, podemos chegar a uma anarquia insustentável. De onde vem essa reação coletiva?
Provavelmente do processo educacional dentro de casa, da falta da prática dos valores, da ausência de consciência de cidadania. O velho medo do olhar do pai, do gesto conhecido de aborrecimento da mãe são ingredientes que não podem desaparecer da sociedade em nome da educação sem limites.
A perda do medo das instituições estabelecidas no estado de direito, que podemos traduzir como perda de respeito institucional, é que está provocando essas reações sem controle e sem limites. O exercício da cidadania é uma atitude pessoal, que deve ser praticada em todas as horas do dia, inclusive as que passamos no trabalho. Eu estou com medo.