João Doria: governador de São Paulo aposta na vacina chinesa. (Governo de São Paulo/Divulgação)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 19 de outubro de 2020 às 13h17.
Última atualização em 20 de outubro de 2020 às 08h10.
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, apresentou dados preliminares nesta segunda-feira, 19, da fase de testes da vacina contra a covid-19 desenvolvida em parceria com o laboratório chinês Sinovac. De acordo com Covas, menos de 35% dos voluntários tiveram algum tipo de efeito colateral, e a maior parte foi apenas de uma dor no local da aplicação.
Apesar de não apresentar efeitos colaterais significativos, ainda não há como afirmar se ela é eficaz para combater a covid-19. Até o momento, 9.000 voluntários já receberam a vacina em sete estados brasileiros. O total de testados será de 13.000 pessoas.
"A vacina do Butantan é a mais segura em termos de efeitos colaterais, com 35% de pessoas que apresentaram algum sintoma. Nenhuma das outras ainda em teste apresentou um valor abaixo de 70%. A testagem ainda não se encerrou. Voluntários ainda são necessários e dependemos deles para dar rapidez ao processo", disse o diretor do Butantan.
As reações mais comuns entre os participantes do estudo após a primeira dose foram dor no local da aplicação (19%) e dor de cabeça (15%). Na segunda dose, as reações adversas mais comuns foram dor no local da aplicação (19%), dor de cabeça (10%) e fadiga (4%).
O governo de São Paulo tinha colocado como prazo para concluir a última fase de testes na sexta-feira, 16, mas ainda faltam mais dados e aplicar a vacina em mais voluntários. Em uma segunda etapa, em novembro, serão feitos testes em grupos específicos, como idosos, crianças e mulheres grávidas.
Nesta segunda-feira, o Butantan submeteu estes resultados preliminares no sistema de registros da vacina da covid-19 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O pedido de registro foi facilitado por uma portaria da Anvisa, publicada no começo de outubro. Dois dias depois da publicação, o Butantan já iniciou o processo, que é feito de maneira contínua.
No fim de setembro, o governo de São Paulo e o laboratório Sinovac assinaram um acordo para a compra de 46 milhões de doses da vacina para o estado, sendo 6 milhões já prontas e as outras 40 milhões formuladas pelo Instituto Butantan. Até fevereiro de 2021 serão mais 15 milhões de doses, totalizando 61 milhões.
O diretor do Butantan, Dimas Covas, explicou que para que a comprovação da eficácia seja confirmada, é necessário que pelo menos 61 casos de covid-19 sejam confirmados dentro do grupo de voluntários, o que ainda não ocorreu. Com este diagnóstico positivo é possível identificar se aquele voluntário recebeu o placebo ou a vacina e comparar os dados.
Na quarta-feira, 21, o governador João Doria (PSDB) vai a Brasília falar com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, para tentar incluir a Coronavac no Programa Nacional de Imunizações. O governador de São Paulo chegou a dizer que a data é considerada a última para que o governo federal decida se vai comprar a vacina ou não.
O Ministério da Saúde tem duas apostas de vacina para distribuir a nível nacional. Uma delas é a desenvolvida pelo laboratório AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford. O acordo prevê a distribuição das primeiras 15 milhões de doses – de um contrato de 210 milhões – em janeiro de 2021.
A outra aposta é da aliança global Covax Facility que vai permitir ao Brasil ter acesso a uma de nove vacinas em desenvolvimento atualmente. Neste pacote estão 40 milhões de doses. Entre estas nove vacinas não está incluída a do laboratório Sinovac.