Brasil

Sob Doria, fila para exames cai, mas cresce demanda por consulta

Projetos do prefeito não tiveram o mesmo desempenho dos exames no enfrentamento das filas por consultas de especialidades e cirurgias

São Paulo: aposta da gestão municipal agora é de reduzir as filas de cirurgias com a nova etapa do Corujão (Alexandre Carvalho/A2img/Divulgação)

São Paulo: aposta da gestão municipal agora é de reduzir as filas de cirurgias com a nova etapa do Corujão (Alexandre Carvalho/A2img/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 26 de dezembro de 2017 às 10h29.

São Paulo - Com fortes dores na coluna e inchaço no corpo, a recepcionista Lilian de Andrade Trombim, de 39 anos, esperou 11 meses para ter agendada na rede municipal de saúde a tomografia na coluna que ajudaria a definir o seu diagnóstico.

Foi finalmente atendida em fevereiro deste ano pelo programa Corujão da Saúde, iniciativa do prefeito João Doria (PSDB) em parceria com hospitais privados para zerar a fila de espera por exames na capital.

A tomografia foi feita, mas Lilian ainda não sabe o que tem nem iniciou seu tratamento pois, até hoje, segue na lista de espera pela consulta com um reumatologista, médico que analisaria o resultado.

"Fiz o exame no Hospital Oswaldo Cruz, fui bem tratada, mas a consulta está demorando tanto que acho que terei de fazer o exame de novo porque esse nem vai valer mais", diz.

Quase um ano após assumir a Prefeitura, Doria reduziu pela metade o número de pessoas que aguardam um exame no Sistema Único de Saúde (SUS) da capital, mas não teve o mesmo desempenho no enfrentamento das filas por consultas de especialidades e cirurgias, que cresceram em comparação com as do último mês da gestão anterior.

Hoje, cerca de 845 mil pessoas ainda aguardam algum atendimento na fila da rede municipal. O número total é 25% menor do que o 1,13 milhão de procedimentos que estavam na lista em dezembro de 2016, mas a queda não é uniforme.

Com o Corujão, iniciado em janeiro, o número de exames na fila caiu de 607 mil em dezembro de 2016 para 234 mil em novembro deste ano, último dado disponível. Já a lista de espera por consultas de especialidades cresceu, passando de 439 mil para 497 mil.

Os pedidos de cirurgias na fila, que a partir de julho foram incluídos no Corujão (fase em curso), também aumentaram, de 91 mil para 113 mil.

A situação faz com que relatos como o de Lilian - de pessoas que saíram da fila dos exames, mas seguem na espera pela avaliação médica - sejam comuns. Mesmo com o exame feito desde fevereiro, a instrumentadora cirúrgica Márcia Schiavino, de 59 anos, não conseguiu ainda vaga com um pneumologista.

"Me encaixaram no Corujão e achei que logo teria a consulta, mas não teve jeito. No posto, me falaram para aguardar." A solução para não ficar sem tratamento foi pagar uma consulta em uma clínica popular.

Para Walter Cintra Ferreira, coordenador do Curso de Especialização em Administração Hospitalar e de Sistemas de Saúde da Fundação Getulio Vargas (FGV), mutirões ajudam a aliviar o sistema, mas não são suficientes.

"Ainda não conseguimos estruturar o SUS para dar conta de toda a demanda de consultas e outros procedimentos. A política de saúde não pode ser baseada em mutirões porque eles desafogam um nó crítico, mas logo aparecem outros."

A aposta da gestão municipal agora é de reduzir as filas de cirurgias com a nova etapa do Corujão.

Ao menos para o aposentado David Pacios Gonçalves, de 78 anos, o programa já teve um bom resultado. Ele esperava há mais de um ano por uma cirurgia de hérnia na virilha e foi atendido em setembro.

"Meu pai sempre foi muito ativo e, com a hérnia, estava limitado. Agora voltou a fazer as atividades de forma independente", conta a analista de importação Silmara de Queiroz, de 43 anos.

Médicos

Em seu primeiro ano, Doria também enfrentou a falta de médicos. Em 2017, o número de profissionais caiu de 12.953 para 12.529. A promessa de campanha de contratar de imediato 800 médicos não foi cumprida.

O motivo seria a falta de verba prevista para a medida. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:João Doria Júniorsao-pauloSaúde

Mais de Brasil

Alerta de chuva forte se expande no país, e fim de semana deve ter tempo instável; veja previsão

Meta remove vídeo falso de Haddad após notificação da AGU

Em cincos anos, número de casas de apostas deve cair pela metade, diz representante do setor

Número de praias impróprias para banho no litoral paulista sobe para 51