Senadores decidem voltar após serem hostilizados em Caracas
A comitiva de senadores que viajou à Venezuela decidiu retornar ao Brasil após os parlamentares serem hostilizados
Da Redação
Publicado em 18 de junho de 2015 às 22h02.
Brasília - A comitiva de senadores brasileiros que viajou nesta quinta-feira à Venezuela decidiu retornar ao Brasil depois de os parlamentares serem hostilizados por manifestantes favoráveis ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e não conseguirem visitar líderes oposicionistas presos naquele país.
O episódio levou o presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), a emitir uma nota crítica ao tratamento dado aos parlamentares. A Câmara dos Deputados também aprovou uma moção de repúdio e suspendeu a sessão, o que provocou o adiamento da votação de uma das medidas de ajuste fiscal do governo da presidente Dilma Rousseff na Casa.
Renan classificou de "medieval" o tratamento recebido pela comitiva de senadores brasileiros, que viajou a Caracas em avião da Força Aérea Brasileira (FAB), e cobrou do governo federal uma reação "altiva" ao episódio.
"Há relatos de cerco à delegação brasileira (que viajou à Venezuela), hostilidades, intimidações, ofensas e apedrejamento do veículo onde estão os senadores brasileiros", disse Renan em nota divulgada pela Presidência do Senado.
"O presidente do Congresso Nacional repudia e abomina os acontecimentos narrados e vai cobrar uma reação altiva do governo brasileiro quanto aos gestos de intolerância narrados. As democracias verdadeiras não admitem conviver com manifestações incivilizadas e medievais. Eles precisam ser combatidos energicamente para que não se reproduzam." O grupo de senadores, entre eles algumas das principais vozes de oposição a Dilma, como Aécio Neves (PSDB-MG), Aloysio Nunes (PSDB-SP), José Agripino (DEM-RN) e Ronaldo Caiado (DEM-GO), foi à Venezuela para se reunir com mulheres de opositores venezuelanos presos e se encontrar com algumas dessas lideranças, como Leopoldo López.
Segundo relatos dos parlamentares brasileiros divulgados em suas contas no Twitter, as vias de acesso entre o aeroporto de Caracas e o presídio onde López está detido estavam interditadas e o ônibus que levava a comitiva chegou a ser atacado por manifestantes pró-Maduro.
López, de 44 anos, que esteve em greve de fome por 25 dias, é acusado de incitar a violência durante as manifestações de 2014 contra o governo que deixaram 43 mortos no país.
"Nós viemos em missão de paz, não viemos destituir governos. Nós viemos exigir democracia. E quando se fala em democracia, e quando se fala em liberdade, em direitos humanos, não há que se respeitar fronteiras", disse Aécio a jornalistas ao comentar o ocorrido.
"E o que é mais alarmante é que o Brasil é hoje governado por uma ex-presa política, que não demonstra a menor solidariedade e a menor sensibilidade com o que vem acontecendo hoje com irmãos seus de luta no passado", criticou.
A Reuters não pôde obter, de imediato, comentários de autoridades venezuelanas sobre o assunto.
O episódio também teve reflexo nos trabalhos na Câmara dos Deputados nesta quinta-feira.
A sessão em que os parlamentares poderiam votar o projeto de lei que reduz a política de desoneração da folha de pagamento foi encerrada e, em vez de votar a medida, que é parte do ajuste fiscal do governo, os deputados aprovaram uma moção de repúdio aos episódios ocorridos na capital venezuelana.
A votação do projeto de lei das desonerações ficou para a próxima semana.
O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), anunciou em plenário que Dilma havia acionado o governo da Venezuela. Depois, questionado pela Reuters, detalhou, dizendo que esse contato seria feito via Itamaraty, mas em nome da presidente.
Ainda, o Senado aprovou o envio de uma nova comissão de parlamentares ao país vizinho para dialogar com representantes do governo e da oposição sobre a situação política local. Os senadores que farão parte dessa nova comitiva ainda não foram escolhidos, informou a Agência Senado.
Texto atualizado às 22h02
Brasília - A comitiva de senadores brasileiros que viajou nesta quinta-feira à Venezuela decidiu retornar ao Brasil depois de os parlamentares serem hostilizados por manifestantes favoráveis ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e não conseguirem visitar líderes oposicionistas presos naquele país.
O episódio levou o presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), a emitir uma nota crítica ao tratamento dado aos parlamentares. A Câmara dos Deputados também aprovou uma moção de repúdio e suspendeu a sessão, o que provocou o adiamento da votação de uma das medidas de ajuste fiscal do governo da presidente Dilma Rousseff na Casa.
Renan classificou de "medieval" o tratamento recebido pela comitiva de senadores brasileiros, que viajou a Caracas em avião da Força Aérea Brasileira (FAB), e cobrou do governo federal uma reação "altiva" ao episódio.
"Há relatos de cerco à delegação brasileira (que viajou à Venezuela), hostilidades, intimidações, ofensas e apedrejamento do veículo onde estão os senadores brasileiros", disse Renan em nota divulgada pela Presidência do Senado.
"O presidente do Congresso Nacional repudia e abomina os acontecimentos narrados e vai cobrar uma reação altiva do governo brasileiro quanto aos gestos de intolerância narrados. As democracias verdadeiras não admitem conviver com manifestações incivilizadas e medievais. Eles precisam ser combatidos energicamente para que não se reproduzam." O grupo de senadores, entre eles algumas das principais vozes de oposição a Dilma, como Aécio Neves (PSDB-MG), Aloysio Nunes (PSDB-SP), José Agripino (DEM-RN) e Ronaldo Caiado (DEM-GO), foi à Venezuela para se reunir com mulheres de opositores venezuelanos presos e se encontrar com algumas dessas lideranças, como Leopoldo López.
Segundo relatos dos parlamentares brasileiros divulgados em suas contas no Twitter, as vias de acesso entre o aeroporto de Caracas e o presídio onde López está detido estavam interditadas e o ônibus que levava a comitiva chegou a ser atacado por manifestantes pró-Maduro.
López, de 44 anos, que esteve em greve de fome por 25 dias, é acusado de incitar a violência durante as manifestações de 2014 contra o governo que deixaram 43 mortos no país.
"Nós viemos em missão de paz, não viemos destituir governos. Nós viemos exigir democracia. E quando se fala em democracia, e quando se fala em liberdade, em direitos humanos, não há que se respeitar fronteiras", disse Aécio a jornalistas ao comentar o ocorrido.
"E o que é mais alarmante é que o Brasil é hoje governado por uma ex-presa política, que não demonstra a menor solidariedade e a menor sensibilidade com o que vem acontecendo hoje com irmãos seus de luta no passado", criticou.
A Reuters não pôde obter, de imediato, comentários de autoridades venezuelanas sobre o assunto.
O episódio também teve reflexo nos trabalhos na Câmara dos Deputados nesta quinta-feira.
A sessão em que os parlamentares poderiam votar o projeto de lei que reduz a política de desoneração da folha de pagamento foi encerrada e, em vez de votar a medida, que é parte do ajuste fiscal do governo, os deputados aprovaram uma moção de repúdio aos episódios ocorridos na capital venezuelana.
A votação do projeto de lei das desonerações ficou para a próxima semana.
O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), anunciou em plenário que Dilma havia acionado o governo da Venezuela. Depois, questionado pela Reuters, detalhou, dizendo que esse contato seria feito via Itamaraty, mas em nome da presidente.
Ainda, o Senado aprovou o envio de uma nova comissão de parlamentares ao país vizinho para dialogar com representantes do governo e da oposição sobre a situação política local. Os senadores que farão parte dessa nova comitiva ainda não foram escolhidos, informou a Agência Senado.
Texto atualizado às 22h02