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Senador do PSB diz que garimpeiros 'não são bandidos' e devem ser tratados com 'respeito'

Falas de Chico Rodrigues (RR) causaram desconforto na sigla que compõe a base do governo. Parlamentar é ex-vice-líder de Bolsonaro no Senado e ficou conhecido por ter sido flagrado dinheiro na cueca

O senador participou nesta semana de uma reunião com coordenadores do movimento Garimpo é Legal (Roque de Sá/Agência Senado/Reprodução)
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Agência O Globo

Publicado em 10 de fevereiro de 2023 às 15h55.

Base do governo de Luiz Inácio Lula da Silva e recém-filiado ao PSB, partido do vice-presidente e do ministro da Justiça, o senador Chico Rodrigues (RR) saiu em defesa dos garimpeiros que estão sendo expulsos da reserva indígena do povo Yanomami em uma megaoperação do governo federal. Em declarações recentes, Chico Rodrigues disse que os garimpeiros "não são bandidos", "precisam ser respeitados" e não podem ser criminalizados. Ele ainda defendeu que os garimpeiros sejam retirados pacificamente, de "forma paulatina, progressiva e contínua, mas como cidadãos".

O senador participou nesta semana de uma reunião com coordenadores do movimento Garimpo é Legal. Ele integra a Comissão Externa que vai a Roraima acompanhar as medidas de socorro aos Yanomamis. Em um vídeo compartilhado nas redes sociais, saiu em defesa dos garimpeiros:

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— Não são bandidos. São trabalhadores e trabalhadoras que estão no garimpo tangidos pela necessidade de um ganho e de melhorar sua vida e das suas família e que, em função de uma decisão do governo federal, têm que realmente se deslocarem da área — afirmou o senador. — Eles não podem ser criminalizados. Por que estão em uma área em que não é permitido o garimpo? Não interessa. Interessa agora é que saiam pacificamente e protegidos — completa Chico Rodrigues, que ainda chama a ação do governo federal de "brusca" e diz que ela não olha "o lado humano".

As falas de Chico Rodrigues causaram desconforto entre parlamentares do PSB, que dizem ser contraditório um senador do partido defender o garimpo ilegal em terras indígenas. Lembram que o ministro da Justiça, Flávio Dino, também do PSB, é uma das principais vozes da megaoperação do governo federal contra o garimpo na terra Ianomâmi.

O senador é ex-vice-líder de Jair Bolsonaro no Senado e ficou conhecido por ter sido flagrado com dinheiro na cueca em uma operação da Polícia Federal. Ele é aliado do governador de Roraima, Antonio Denarium, cuja irmã foi alvo de operação da PF nesta sexta-feira que investiga um esquema de lavagem de dinheiro por meio da comercialização do ouro extraído de garimpos ilegais.

Ele se filiou ao PSB no fim de janeiro, em evento que contou com a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin.

Em discurso no plenário do Senado na última quarta-feira, Chico Rodrigues disse que a convivência com os garimpeiros é "muito difícil" por "por serem eles (povo Ianomâmi) índios originários, praticamente os povos indígenas mais primitivos ainda do planeta".

— O que nos preocupa é exatamente a forma como eles (garimpeiros) estão sendo tratados. Mais de 20 mil pais e mães de família garimpeiros que foram tangidos pela necessidade de auferir algum lucro, tirar alguma riqueza que pudesse melhorar a sua vida e da sua família — afirmou o senador. — (Eles precisam) ser retirados de uma forma paulatina, progressiva e contínua, mas como cidadãos. Afinal de contas, eles são seres humanos também e precisam ser respeitados. Há que se compreender que não houve fiscalização, não houve acompanhamento, não houve controle, não houve nenhum mecanismo que limitasse a sua permanência ali naquelas áreas de garimpo.

Procurado, o senador ainda não respondeu.

Nesta sexta-feira, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, disse que está trabalhando na elaboração de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público Federal (MPF) para retirar funcionários que trabalham na atividade de garimpo na terra Yanomami, em Roraima. Em entrevista à rádio CBN, o ministro fala em prender os "bandidos" e ressalta a necessidade dar suporte às pessoas “inocentes nos garimpos”.

— Além da questão dos bandidos, você tem os funcionários que trabalham no garimpo, que são pessoas pobres, que dependem daquilo para comer. Estão lá absolutamente desabrigadas. É preciso muita sensatez e equilíbrio — diz Múcio

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