"Rachadinha": PGR vai apurar se Abin orientou defesa de Flávio Bolsonaro
Ministro Augusto Heleno teria feito reunião com diretor da Abin , Jair Bolsonaro e advogados de seu filho mais velho, acusado
Estadão Conteúdo
Publicado em 13 de dezembro de 2020 às 08h31.
A Procuradoria-Geral da República ( PGR ) vai apurar a informação de que a Agência Brasileira de Inteligência ( Abin ) encaminhou por escrito, à defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), orientações para tentar inocentá-lo no caso das "rachadinhas". O parlamentar foi denunciado por peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro em 3 de novembro.
A apuração será conduzida como parte de um inquérito sigiloso aberto no mês passado para investigar se estruturas do governo federal foram usadas para favorecer o filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro . A notícia de fato foi instaurada em novembro, após a publicação de reportagens sobre uma reunião, ocorrida em agosto, entre o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, o diretor da Abin, Alexandre Ramagem, Bolsonaro e advogados de Flávio.
Reveladas na sexta-feira pela revista Época e confirmadas pelo Estadão, as orientações repassadas por integrantes da cúpula da Abin para a defesa do senador pelo WhatsApp seriam um desdobramento daquele encontro
A apuração sobre a reunião entre GSI, Abin e defesa de Flávio foi aberta a pedido da deputada federal Natália Bonavides (PT-RN). Ela questionou a PGR se os participantes do encontro cometeram crimes de advocacia administrativa e tráfico de influência. Outros parlamentares provocaram a procuradoria anteontem sobre a troca de mensagens. "As novas informações divulgadas sobre o caso foram juntadas à notícia de fato. Não há informação disponível sobre o andamento da notícia de fato por se tratar de procedimento interno sigiloso. Sobre os fatos novos a PGR deverá receber representações já anunciadas por parlamentares, irá analisá-las e se manifestar oportunamente", informou a PGR, em nota divulgada ontem.
Orientações
Em uma das mensagens, o texto afirma que o objetivo é "Defender FB (Flávio Bolsonaro) no caso Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro), demonstrando a nulidade processual resultante de acessos imotivados aos dados fiscais de FB", segundo a reportagem da Época. O texto sugere o que a defesa de Flávio deveria fazer para obter documentos que permitissem embasar um pedido de anulação do inquérito das "rachadinhas". Segundo o relatório, uma suposta organização na Receita Federal teria obtido dados fiscais do senador de forma ilegal.
O GSI repetiu nota divulgada quando veio à tona a reunião de agosto. "As acusações são desprovidas de veracidade, se valem de falsas narrativas e abordam supostos documentos, que não foram produzidos pela Abin.