Procuradoria denuncia Geddel Vieira Lima por obstrução de Justiça
A acusação tem como base a suposta pressão exercida pelo ex-ministro para que o corretor Lúcio Funaro não partisse para um acordo de colaboração premiada
Estadão Conteúdo
Publicado em 16 de agosto de 2017 às 15h36.
Última atualização em 16 de agosto de 2017 às 21h08.
Brasília - Os procuradores Anselmo Lopes Cordeiro e Sara Moreira denunciaram o ex-ministro Geddel Vieira Lima pelo crime de obstrução de Justiça no âmbito das operações Sépsis e Cui Bono?.
A acusação tem como base a suposta pressão exercida pelo peemedebista para que o corretor Lúcio Bolonha Funaro permanecesse em silêncio e não partisse para um acordo de colaboração premiada.
Na denúncia, o Ministério Público Federal (MPF) cita as ligações de Geddel para a esposa de Funaro, Raquel Pitta.
Para os investigadores, as ligações "declaradamente amigáveis" intimidavam indiretamente o corretor apontado como operador financeiro do grupo político do qual Geddel faz parte, o PMDB da Câmara.
Ao realizar essas ligações, diz o MPF, Geddel tentou embaraçar as investigações contra a organização criminosa alvo da Sépsis e Cui Bono? - a primeira apura corrupção na liberação de valores do Fi-FGTS e a segunda mira irregularidades na vice-presidência de Pessoa Jurídica da Caixa.
O MPF narra na denúncia que a partir da prisão de Funaro, em 1 de julho de 2016, Geddel passou a monitorar e constranger Raquel Pitta por meio de várias ligações telefônicas.
Em depoimento à Polícia Federal, Funaro afirmou que essas ligações provocaram um sentimento de receio sobre algum tipo de retaliação que pudesse sofrer caso optasse por um acordo de delação.
Esposa
Em depoimento à PF, Raquel Pitta também detalhou as abordagens que recebeu do ex-ministro. Segundo ela, Geddel estava interessado em saber da disposição do marido dela de firmar acordo de colaboração premiada.
A mulher de Funaro disse que o peemedebista passou a fazer ligações 'insistentemente' após a prisão do marido, querendo saber do 'estado de ânimo' dele, e que esses contatos feitos em horários noturnos "passaram a incomodar".
Raquel Pitta disse ter ouvido do marido que "ele [Geddel] está sendo homem e cumprindo o combinado". Mas ela não explicou que combinado era esse, apenas imaginava que seria alguma "assistência à família".
A reportagem procurou o advogado Gamil Foppel, responsável pela defesa de Geddel, mas ainda não obteve retorno.