Presidente não tem ingerência sobre desigualdade salarial, diz Bolsonaro
Candidato afirmou que adotaria medidas para combater a diferença de salário entre homens e mulheres, mas não disse quais
Reuters
Publicado em 29 de agosto de 2018 às 10h23.
Brasília - O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro , afirmou nesta terça-feira, em entrevista ao Jornal Nacional, que não tem ingerência em relação aos salários inferiores pagos atualmente às mulheres e defendeu que o Ministério Público do Trabalho é quem deveria agir nessa questão.
Bolsonaro --líder nas pesquisas de intenção de voto nos cenários sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva-- foi questionado sobre se adotaria mecanismos para reduzir essas disparidades.
Disse ser "lógico que faria", mas não deu detalhes sobre que medidas poderia adotar, citando apenas que a legislação trabalhista já dispõe de meios para corrigir distorções.
O candidato reafirmou ser favorável à proposta, defendida por setores empresariais, de que é preferível ter mais emprego, ainda que haja uma redução dos direitos trabalhistas. Contudo, ele foi evasivo sobre que mudanças faria, mas destacou que não se pode mexer em direitos previstos na Constituição.
"Temos que desonerar a folha de pagamento, desregulamentar, desburocratizar", disse Bolsonaro, ao mencionar que no país se demora 100 dias para abrir uma empresa. Ele afirmou que somente uma nova "Assembleia Nacional Constituinte" é que poderá tirar direitos dos trabalhadores.
O candidato foi questionado sobre o fato de ter votado contra a aprovação da chama PEC das Domésticas, emenda constitucional que garantiu uma série de direitos a esses trabalhadores. Ele disse ter sido o "único" a votar contra, pois tinha como objetivo "proteger" os empregados domésticos.
Segundo Bolsonaro, a medida levou a um aumento no desemprego dessa categoria, porque as pessoas não teriam condições de arcar com os custos desses empregados.
"Muita gente teve que demitir porque não teria como pagar", disse ele, para quem muitos domésticos se tornaram diaristas. "Houve, sim, demissão, muita gente que dormia no trabalho, não dorme mais", completou.
Condecorado
O candidato afirmou que tem uma relação de "fidelidade" com o economista Paulo Guedes, cotado para ser seu superministro da área econômica caso seja eleito, por eles terem um "enorme compromisso" para com o Brasil. Disse que ambos trabalharão para tentar implementar as medidas do seu plano de governo, embora tenha destacado que há um "filtro" que é a Câmara dos Deputados e o Senado.
Questionado como demitiria um subordinado com tamanha força no governo, Bolsonaro comparou a situação como um casamento e disse duvidar que esse "divórcio" venha a acontecer.
O candidato disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não entendia sobre economia e levou um médico para o Ministério da Fazenda, numa alusão a Antonio Palocci, e que a ex-presidente Dilma Rousseff entendia da área --ela é economista de formação-- e levou o país ao "caos".
Bolsonaro disse ter confiança em Guedes e fez questão de ressaltar que é o único, entre os candidatos, que tem isenção para escolher os ministros sem pedir benção ou estar preso a indicações políticas.
Bolsonaro defendeu que as forças de segurança pública não sejam punidas ao agirem em zonas conflagradas pela criminalidade enfrentando pessoas armadas, voltando a defender o chamado excludente de ilicitude.
"Esse tipo de gente você não pode tratá-lo como se fosse um ser humano normal, que deve ser respeitado, que é uma vítima da sociedade. Nós não podemos é deixar os policiais morrendo na mãos desses caras", disse.
"Em um local que você possa deixar fora da linha de tiro as pessoas de bem da comunidade, ir com tudo para cima deles e dar para o policial, os agentes de segurança pública, o excludente de ilicitude. Ele entra, resolve o problema, se matar 10, 15 ou 20, com 10, 30 tiros cada um, ele tem ser condecorado e não processado", completou.