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Planalto trabalha em voto alternativo para se contrapor a relator

Diante dos indicativos de um parecer favorável à denúncia, o Planalto articulou a elaboração de um parecer paralelo

Sergio Zveiter: desde cedo, o presidente Temer está articulando para encontrar uma forma de rejeitar a proposta de Zveiter (Ueslei Marcelino/Reuters)

Sergio Zveiter: desde cedo, o presidente Temer está articulando para encontrar uma forma de rejeitar a proposta de Zveiter (Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de julho de 2017 às 14h39.

Última atualização em 10 de julho de 2017 às 14h40.

Brasília - Diante dos indicativos de que o parecer do relator da denúncia do procurador-Geral da República contra o presidente Michel Temer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara serão pela admissibilidade do processo por crime de corrupção passiva, o Palácio do Planalto articulou com líderes da base aliada a elaboração de um parecer paralelo para contrapor à peça de Sergio Zveiter (PMDB-RJ).

Desde cedo, o presidente Temer está articulando para encontrar uma forma de rejeitar a proposta de Zveiter e, ao mesmo tempo, ter em mãos um texto para ser votado como alternativa.

Para viabilizar isso e ainda continuar garantindo os votos não só na CCJ, como em plenário, Temer se reuniu na manhã desta segunda-feira com o líder do PMDB, deputado Baleia Rossi (SP), com a bancada do Maranhão na Câmara e com o deputado Danilo Forte (PSB-CE), cujo partido migrou para a oposição, embora alguns de seus integrantes ainda continuem votando com o Planalto.

Muitos outros parlamentares passarão ainda hoje pelo gabinete de Temer no Planalto. O presidente também recebeu hoje o seu advogado Antonio Claudio Mariz.

Temer está contabilizando voto a voto na CCJ. No Planalto, as informações são de que o presidente terá 40 ou 41 votos. O governo quer dar uma demonstração de força para entrar com respaldo para a votação no plenário.

Temer tem pressa para que tudo seja votado antes do recesso, seja na CCJ, seja no plenário porque ninguém sabe como será o mês de agosto e o Palácio sabe que ainda existem outras denúncias a serem apresentadas pelo procurador Rodrigo Janot.

Para assegurar a votação antes do recesso, o governo vai segurar a apreciação da LDO e cogita até empurrar votação pelo fim de semana.

O fim de semana foi de conversações e assim prosseguirá esta segunda-feira, 10. O deputado Carlos Marun, um dos líderes da tropa de choque do presidente Temer já avisou ao Planalto que pode ser o autor do voto alternativo para se contrapor ao de Zveiter.

O que o palácio espera é que, mesmo contrário a Temer, é que o relatório de Zveiter se atenha a questões técnicas e não use o texto como instrumento político.

O início da leitura do parecer do peemedebista está previsto para as 14h30. Temer está com a agenda aberta para acompanhar a leitura. Mas, mesmo assim, tem se mostrado disposto a receber deputados e senadores, já que tem interesse também de garantir a aprovação da Reforma Trabalhista nesta terça-feira, 11, no Senado.

Como o presidente precisa mostrar força na CCJ, os líderes dos partidos da base aliada foram avisados de que devem continuar o trabalho de substituição dos deputados que estiverem demonstrando que não votarão a favor de Temer. A ordem do Planalto é não titubear em fazer substituições para garantir votos na CCJ.

Enquanto isso, no Planalto, não só o presidente Temer como alguns de seus principais ministros continuam incomodados com alguns gestos do presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Maia é o sucessor natural de Temer e, na avaliação de alguns interlocutores, ele estaria mordido pela "mosca azul".

Assim que chegou de viagem, Temer conversou com Maia. Voltou a se reunir com ele no domingo. Maia tem justificado que não pode agir como líder do governo, mas como presidente da Câmara, o que tem incomodado assessores palacianos.

Além disso, o governo continua trabalhando para segurar o PSDB que, todos os dias, dá demonstrações de afastamento de Temer, embora tenha quatro ministros no governo.

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