PGR denuncia ex-ministro do Trabalho e deputados por organização criminosa
26 pessoas foram denunciadas em consequências da operação Registro Espúrio, que resultou no afastamento do ministro do Trabalho Yomura, nomeado por Temer
Reuters
Publicado em 27 de agosto de 2018 às 16h14.
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge , apresentou denúncia nesta segunda-feira contra cinco deputados federais, o ex-ministro do Trabalho Helton Yomura e o presidente do PTB, Roberto Jefferson, pela formação de uma organização criminosa que realizava negociações ilícitas de registros sindicais em troca de propina e de vantagens políticas, informou a Procuradoria-Geral da República (PGR).
No total foram denunciadas 26 pessoas em consequências das investigações realizadas no âmbito da operação Registro Espúrio, que foi deflagrada em maio deste ano e que resultou no afastamento do então ministro do Trabalho Yomura, que fora nomeado para o cargo pelo presidente Michel Temer.
Além do ex-ministro também foram denunciados os deputados federais Jovair Arantes (PTB-GO), Cristiane Brasil (PTB-RJ), Nelson Marquezelli (PTB-SP), Wilson Filho (PT-PB) e Paulo Pereira da Silva (SDD-SP), o Paulinho da Força, além do presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, e de servidores e ex-servidores do ministério.
A defesa de Cristiane Brasil refutou a denúncia e disse que a deputada provará sua inocência "como já o fez em outras ocasiões".
"A Polícia Federal e o Ministério Público insistem em tratar pedidos políticos --comuns a todos os parlamentares, de todos os partidos, em todos os ministérios-- em crime. Crime é acusar sem provas, como fazem a PF e o Ministério Público, com objetivos puramente político-partidários", afirmou o advogado Gustavo Pereira da Cunha.
Outros denunciados citados acima não responderam de imediato a pedidos de comentários. O Ministério do Trabalho também não respondeu de imediato a um pedido de comentário.
A denúncia foi enviada pela PGR ao Supremo Tribunal Federal (STF) e será analisada, inicialmente, pelo relator do inquérito, ministro Edson Fachin.
De acordo com a PGR, o esquema criminoso consistia na cobrança de vantagens indevidas, como o pagamento a servidores públicos, apoio, financiamento e votos para partidos e agentes políticos, em troca da concessão fraudulenta de registros sindicais.
Apenas pela liberação irregular de um único registro sindical houve pagamentos que envolviam,, segundo os investigadores, valores que chegaram a 4 milhões de reais.
A PGR pede na denúncia a decretação da perda da função pública para os condenados detentores de cargo público ou mandato eletivo, além de pagamento do valor mínimo de 4 milhões de reais por danos materiais e outros 4 milhões por danos morais.
A operação Registro Espúrio foi lançada inicialmente no final de maio, quando a PF fez buscas nos gabinetes de Paulinho, Arantes e Wilson Filho, além das sedes dos partidos PTB e Solidariedade e em centrais sindicais.
Na segunda etapa, lançada semanas depois, o principal alvo foi Cristiane Brasil, que chegou a ser indicada no início do ano pelo presidente Michel Temer para ser ministra do Trabalho, mas não tomou posse porque a Justiça barrou seu nome sob alegação de que ela não tinha condições de assumir o cargo por ter sido condenada em processo trabalhista.
Em julho, na terceira etapa da operação, o STF decretou o afastamento de Yomura do cargo, o que levou o então ministro a pedir demissão.