Pazuello sugere iniciar vacinação com apenas uma dose de imunizante
Ministro alega que medida seria para "reduzir a contaminação"; a recomendação do fabricante é a aplicação de duas doses com intervalo de 12 semanas entre elas
Reuters
Publicado em 11 de janeiro de 2021 às 16h00.
Última atualização em 11 de janeiro de 2021 às 16h03.
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou nesta segunda-feira que o governo pretende iniciar a vacinação contra covid-19 aplicando uma única dose, em um primeiro momento, de forma a ampliar o número de pessoas vacinadas e reduzir a pandemia, e somente mais adiante realizar a segunda aplicação do imunizante.
Em pronunciamento durante visita a Manaus, que passa por uma grave segunda onda da doença, Pazuello afirmou que o ministério avalia adotar essa estratégia com a vacina da AstraZeneca/Oxford, que será produzida no país em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz ( Fiocruz ).
Segundo o ministro, a aplicação de uma única dose permitiria a proteção de 71% e de duas doses acima de 90%.
"Talvez a gente entre para imunização em massa, é uma estratégia que a SVS (Secretaria de Vigilância em Saúde) vai fazer para reduzir a pandemia. Talvez o foco não seja na imunidade completa e sim na redução da contaminação, e aí a pandemia diminui muito, podendo aplicar a segunda dose na sequência e vai para imunização de 90 e tantos por cento alto", disse.
A estratégia de dar um intervalo maior entre as aplicações da duas doses já está sendo adotada no Reino Unido, que decidiu estipular um prazo de 3 meses entre a primeira e a segunda doses da vacina da AstraZeneca. Inicialmente as duas doses da vacina teriam intervalo de 21 dias.
No pronunciamento, Pazuello reforçou que o governo trabalha com três períodos de início da vacinação no país, sendo o mais otimista com começo a partir de 20 de janeiro e o mais demorado de 10 de fevereiro ao início de março.
O ministro disse que o governo federal já adquiriu 2 milhões de doses da AstraZeneca e outras 6 milhões da CoronaVac, que tem o Instituto Butantan como parceiro no país, para uso emergencial, pendente a autorização de uso pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No caso da vacina da AstraZeneca, o governo ainda aguarda a chegada de doses da Índia, enquanto as doses da CoronaVac estão em São Paulo.
Mesmo sem o Brasil ter iniciado sua vacinação e ostentando altos índices de contaminação e mortes por Covid-19, Pazuello fez um discurso otimista. Disse que todos os Estados vão receber simultaneamente as vacinas e que o país vai dar "exemplo para o mundo".
"Todos os Estados receberão simultaneamente as vacinas, no mesmo dia. A vacina vai começar no dia D, na hora H. No dia D, na hora H, no Brasil. No primeiro dia que chegar a vacina ou que a autorização for feita, a partir do terceiro ou quarto dia já estará nos Estados e municípios para iniciar a vacinação no Brasil. A prioridade já está dada, o Brasil todo e vamos fazer como exemplo para o mundo", disse.
"Os grupos prioritários já estão distribuídos, os números já estão distribuídos pelas hipóteses 2, 6 ou 8 (milhões) agora para janeiro. Se começar que for 8 (milhões de doses emergenciais), vamos ser o país que mais vai vacinar no mundo. E aí eu quero ver o que vão dizer, qual vai ser a próxima etapa", emendou ele, numa referência a críticas que o governo tem recebido ao programa de imunização do governo.
O ministro defendeu a estratégia de se adquirir vacinas que possam ser fabricadas no país e o tratamento precoce contra o Covid-19.