O silêncio de Pimentel: ex-governador de MG se cala sobre Brumadinho
A reportagem tentou entrar em contato com Pimentel, para pedir um posicionamento sobre Brumadinho, mas não obteve resposta
Clara Cerioni
Publicado em 30 de janeiro de 2019 às 19h32.
Última atualização em 30 de janeiro de 2019 às 19h53.
São Paulo — Em meio às reações dos quase seis dias após a tragédia de Brumadinho (MG) , que tem até agora 99 mortos e 259 desaparecidos, uma voz chama a atenção pela ausência.
É a de Fernando Pimentel (PT), governador de Minas Gerais entre 2014 e 2018, e que ficou em terceiro lugar na eleição de 2018.
A reportagem tentou entrar em contato com Pimentel, para pedir um posicionamento sobre o desastre, mas não obteve resposta.
Em dezembro do ano passado, quando ele ainda era governador, a Vale conseguiu no estado uma licença para ampliar suas atividades em Brumadinho.
Uma das permissões liberou que amineradora reaproveitasse 1 milhão de metros cúbicos de rejeitos de uma de suas barragens — a mesma que se rompeu na última sexta-feira.
Em entrevista à Agência Pública, a conselheira Maria Teresa Corujo,representante do Fórum Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas (Fonasc), revelou que entre fevereiro de 2017 e janeiro de 2019 a penas um projeto minerário foi barrado na câmara técnica do Conselho Estadual de Política Ambiental deMinas Gerais (Copam) em 40 reuniões realizadas.
Projeto de Pimentel acelerou concessões
Em 2015, vinte dias depois da tragédia em Mariana (MG), que deixou 19 mortos, um controverso projeto de lei proposto pelo governador Pimentel para acelerar a concessão de licenças ambientais a empresas de mineração foi aprovado na Assembleia Legislativa do Estado.
A proposta reestruturou o Sistema Estadual de Meio Ambiente e deu poderes para o secretário de Meio Ambiente decidir quais são os projetos "prioritários".
A medida também obrigava a instalação de alertas sonoros em comunidades que podem ser atingidas por barragens — o que não aconteceu em Brumadinho.
Antes, as licenças de instalação e operação das mineradoras eram concedidas pelo Copam (Conselho Estadual de Política Ambiental), formado por representantes do governo e da sociedade civil.
Com a mudança, o órgão passou a dividir com a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável a atribuição.
Reações
A ex-presidente Dilma Rousseff se pronunciou sobre o desastre em dois posts no seu site oficial.
Ela também foi ao Twitter esclarecer que a classificação do desastre de Mariana como "natural" feita em seu governo se deu apenas para efeito de saque do FGTS, que é facilitado para vítimas desse tipo de ocorrência.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o deputado Paulo Pimenta, foram para Brumadinho. Gleisi postou as fotos em suas redes sociais e falou em uma CPI das mineradoras.
O ex-presidente Michel Temer não fez, até o momento, nenhum declaração oficial ou em suas redes sociais.