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O futuro pós-impeachment do PT segundo três especialistas

Na opinião de três especialistas, o PT deve continuar em posição privilegiada entre as siglas brasileiras

Manifestantes contra o impeachment e com bandeiras do PT choram após a aprovação no Senado, dia 31/08/2016 (Bruno Kelly / Reuters)

Valéria Bretas

Publicado em 1 de setembro de 2016 às 14h22.

São Paulo — Nesta quarta-feira (31), Dilma Rousseff sofreu impeachment por 61 votos a 20 no Senado. Isso encerra um período de quase 14 anos com o Partido do Trabalhadores à frente do governo federal brasileiro. Após dois mandatos de Lula e dois de Dilma (um interrompido agora), o PT se vê em situação de naufrágio político.

“Nós voltaremos para continuar a nossa jornada”, afirmou Dilma em seu primeiro pronunciamento após ser cassada. “Nada poderá nos fazer recuar.”

Agora, a legenda enfrenta o desafio de lançar uma estratégia para restabelecer a sua imagem e lançar uma candidatura nas próximas eleições presidenciais.

O ex-presidente Lula – que lidera as pesquisas de intenção de voto para o cargo – afirmou que o PT precisar conduzir rapidamente uma fase pós-Dilma com foco em 2018. Nos bastidores circula a ideia de abreviar o atual mandato da direção petista e antecipar as eleições internas com o fim de renovar a cara do partido.

No mês passado, durante um evento, Lula sinalizou que deve entrar na disputa eleitoral. “Não é primeira vez que tentam me destruir. Me parece que o objetivo principal deles é criar qualquer impedimento legal para que eu não dispute mais uma eleição”, afirmou. “Mas eles façam o que quiserem, porque em 2018 nós vamos voltar a governar esse país através do voto democrático.”

Para especialistas consultados por EXAME.com, o PT perde forças, mas não deve sofrer um colapso por inteiro na fase pós-impeachment. Contudo, ainda há um deserto para ser atravessado em dois anos. Veja a previsão de cada um deles:

Consultoria Pulso Público

Para a consultoria, as reviravoltas que cercaram a política brasileira devem aumentar o número de candidatos competitivos na eleição presidencial de 2018. “Isso deve acontecer devido à redução do protagonismo de PT e PSDB no cenário partidário nacional”, diz o cientista político e sócio da Pulso Público Vitor Oliveira. “Agora não sabemos quem é o cara mais forte para disputar a próxima eleição federal.”

Na avaliação de Oliveira, seria ingenuidade dizer que o PT sairá do processo de impeachment do jeito que entrou. Apesar disso, o partido “definitivamente não vai sofrer uma morte súbita”, em sua opinião.

“O PT é exemplo de um partido muito enraizado no Brasil”, afirma. “Por mais que a imagem da legenda fique arranhada, isso não significa que o seu legado também vai sofrer. O petismo já sobreviveu a outras crises.”

Segundo a consultoria, agora é o momento do PT apresentar uma renovação. “Há figuras no campo petista que podem resgatar o protagonismo nacional. O próprio Fernando Haddad [prefeito da cidade de São Paulo] é um sinal de que tem gente que ainda aposta na força do partido” conclui.

Oswaldo Amaral, cientista político da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

Para o professor Oswaldo Amaral, a votação plenária foi um movimento marcante na história do partido. Essa não é, porém, a primeira crise que o PT enfrenta, segundo o cientista político.

“Quando Fernando Henrique Cardoso derrotou Lula na eleição de 1994, o PT mergulhou em uma crise muito profunda”, diz. “Agora, é necessário fazer uma nova revisão. Não se desmonta uma máquina como o PT do dia para noite, o partido não vai morrer.”

Na análise de Amaral, a saída de Dilma vai abrir espaço para a disputa de 2018. “No jogo eleitoral, o ex-presidente Lula talvez seja a única figura que poderá assumir o papel de protagonista pelo PT”, afirma. “Muitos brasileiros ainda apoiam a política que ele faz.”

Consultoria Prospectiva

Em linhas gerais, a consultoria diz que ainda não está clara a rota que o partido deve traçar nessa nova fase. Diante das incertezas em torno do PT, os analistas da Prospectiva dizem que tudo pode acontecer nos próximos dois anos – tanto para o bem, como para mal do partido.

“O discurso da legenda ainda é muito forte e não precisa ser reinventado”, diz Thiago Vidal, coordenador de análise política da consultoria. “A agenda, porém, não acompanhou as mudanças mundiais e apresenta características do século XX, e não XXI.”

Ele explica que apesar da queda de Dilma não representar o fim da era PT, a direção do partido precisa incluir pautas ligadas aos direitos sociais da população. “Eles precisam parar de querer defender somente o direito dos trabalhadores e acompanhar pautas menores que outros partidos começaram a trabalhar, como a sustentabilidade e os direitos LGBT, por exemplo.”

No que tange a corrida pela presidência da República, a consultoria diz que Lula é a melhor aposta neste momento. “Como o PT está desgastado como um todo, só ele pode garantir uma chance maior de vitória em 2018”, diz Thiago Vidal. “Sem ele, dificilmente o PT vai conseguir emplacar algum candidato.”

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“Nós voltaremos para continuar a nossa jornada”, afirmou Dilma em seu primeiro pronunciamento após ser cassada. “Nada poderá nos fazer recuar.”

Agora, a legenda enfrenta o desafio de lançar uma estratégia para restabelecer a sua imagem e lançar uma candidatura nas próximas eleições presidenciais.

O ex-presidente Lula – que lidera as pesquisas de intenção de voto para o cargo – afirmou que o PT precisar conduzir rapidamente uma fase pós-Dilma com foco em 2018. Nos bastidores circula a ideia de abreviar o atual mandato da direção petista e antecipar as eleições internas com o fim de renovar a cara do partido.

No mês passado, durante um evento, Lula sinalizou que deve entrar na disputa eleitoral. “Não é primeira vez que tentam me destruir. Me parece que o objetivo principal deles é criar qualquer impedimento legal para que eu não dispute mais uma eleição”, afirmou. “Mas eles façam o que quiserem, porque em 2018 nós vamos voltar a governar esse país através do voto democrático.”

Para especialistas consultados por EXAME.com, o PT perde forças, mas não deve sofrer um colapso por inteiro na fase pós-impeachment. Contudo, ainda há um deserto para ser atravessado em dois anos. Veja a previsão de cada um deles:

Consultoria Pulso Público

Para a consultoria, as reviravoltas que cercaram a política brasileira devem aumentar o número de candidatos competitivos na eleição presidencial de 2018. “Isso deve acontecer devido à redução do protagonismo de PT e PSDB no cenário partidário nacional”, diz o cientista político e sócio da Pulso Público Vitor Oliveira. “Agora não sabemos quem é o cara mais forte para disputar a próxima eleição federal.”

Na avaliação de Oliveira, seria ingenuidade dizer que o PT sairá do processo de impeachment do jeito que entrou. Apesar disso, o partido “definitivamente não vai sofrer uma morte súbita”, em sua opinião.

“O PT é exemplo de um partido muito enraizado no Brasil”, afirma. “Por mais que a imagem da legenda fique arranhada, isso não significa que o seu legado também vai sofrer. O petismo já sobreviveu a outras crises.”

Segundo a consultoria, agora é o momento do PT apresentar uma renovação. “Há figuras no campo petista que podem resgatar o protagonismo nacional. O próprio Fernando Haddad [prefeito da cidade de São Paulo] é um sinal de que tem gente que ainda aposta na força do partido” conclui.

Oswaldo Amaral, cientista político da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

Para o professor Oswaldo Amaral, a votação plenária foi um movimento marcante na história do partido. Essa não é, porém, a primeira crise que o PT enfrenta, segundo o cientista político.

“Quando Fernando Henrique Cardoso derrotou Lula na eleição de 1994, o PT mergulhou em uma crise muito profunda”, diz. “Agora, é necessário fazer uma nova revisão. Não se desmonta uma máquina como o PT do dia para noite, o partido não vai morrer.”

Na análise de Amaral, a saída de Dilma vai abrir espaço para a disputa de 2018. “No jogo eleitoral, o ex-presidente Lula talvez seja a única figura que poderá assumir o papel de protagonista pelo PT”, afirma. “Muitos brasileiros ainda apoiam a política que ele faz.”

Consultoria Prospectiva

Em linhas gerais, a consultoria diz que ainda não está clara a rota que o partido deve traçar nessa nova fase. Diante das incertezas em torno do PT, os analistas da Prospectiva dizem que tudo pode acontecer nos próximos dois anos – tanto para o bem, como para mal do partido.

“O discurso da legenda ainda é muito forte e não precisa ser reinventado”, diz Thiago Vidal, coordenador de análise política da consultoria. “A agenda, porém, não acompanhou as mudanças mundiais e apresenta características do século XX, e não XXI.”

Ele explica que apesar da queda de Dilma não representar o fim da era PT, a direção do partido precisa incluir pautas ligadas aos direitos sociais da população. “Eles precisam parar de querer defender somente o direito dos trabalhadores e acompanhar pautas menores que outros partidos começaram a trabalhar, como a sustentabilidade e os direitos LGBT, por exemplo.”

No que tange a corrida pela presidência da República, a consultoria diz que Lula é a melhor aposta neste momento. “Como o PT está desgastado como um todo, só ele pode garantir uma chance maior de vitória em 2018”, diz Thiago Vidal. “Sem ele, dificilmente o PT vai conseguir emplacar algum candidato.”

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