O Rio Grande do Sul deve sentir o calor intenso a partir da segunda metade desta semana (Rovena Rosa/Agência Brasil)
Agência de notícias
Publicado em 11 de dezembro de 2023 às 14h09.
Última atualização em 11 de dezembro de 2023 às 14h19.
Uma nova onda de calor está prevista para chegar ao Centro-Sul do Brasil a partir de quarta-feira, dia 13. De acordo com a empresa de meteorologia MetSul, uma massa de ar muito quente virá do norte da Argentina e do Paraguai para os estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, trazendo temperaturas acima ou "muito acima" dos padrões desta época do ano nessas regiões.
Os termômetros devem disparar e alcançar marcas próximas ou acima dos 40 ºC, diz a empresa. "Os maiores desvios da climatologia histórica tendem a se dar no Sul do país, em particular no Rio Grande do Sul", afirma a MetSul.
"O Rio Grande do Sul teve um episódio de calor muito intenso de um dia apenas no início do mês, mas não foi de grande abrangência. Desta vez, o calor forte a intenso atingirá uma área muito maior no território brasileiro, afetando diversos estados."
O Rio Grande do Sul deve sentir o calor intenso a partir da segunda metade desta semana, se instalando de vez na sexta e perdurando até segunda-feira, 18. A temperatura mais quente prevista para esta semana na capital, Porto Alegre, pela Climatempo, é a de domingo, 17: mínima de 24 ºC e máxima de 37 ºC. As tardes, principalmente, devem ser bastante quentes. Pode haver pancadas de chuva.
Já a MetSul diz que a Grande Porto Alegre e a região dos vales podem "anotar marcas de 37 ºC a 39 ºC em vários municípios com máximas localmente superiores".
No Centro-Oeste, onde o verão costuma ser chuvoso e os dias mais quentes do ano ocorrem no fim do inverno e durante a primavera, no final da temporada seca, as temperaturas deste meio de dezembro também devem surpreender, conforme a MetSul. Mas isso não quer dizer que não vá ter chuva: a Climatempo prevê precipitações na região esta semana.
A MetSul diz que principalmente no Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul, o clima deve ficar tão quente quanto no período de primavera, quando termômetros próximos aos 40 ºC são normais. A mínima e máxima previstas pelo Climatempo para Cuiabá (MS) na sexta-feira são 24 ºC e 38 ºC.
O interior do Estado de São Paulo também sofrerá a mesma alteração no padrão meteorológico, segundo o MetSul. Geralmente, a região tem bastante chuva nesta época do ano, o que impede a temperatura de chegar a patamares muito altos,mas isso não deve acontecer este ano.
Na sexta-feira, a previsão da Climatempo é de mínima de 23 ºC e máxima de 36 ºC em São José do Rio Preto, 23 ºC e 35 ºC em Bauru e 21 ºC e 35 ºC em Araraquara. Deve haver pancadas de chuva em todas essas cidades.
Na capital paulista, a temperatura será quente, mas mais baixa que nos outros locais. A chuva também deve marcar presença.
- Segunda-feira, 11: mínima de 18 ºC e máxima de 26 ºC, com pancadas de chuva;
- Terça-feira, 12: mínima de 17 ºC e máxima de 27 ºC, com pancadas de chuva;
- Quarta-feira, 13: mínima de 16 ºC e máxima de 30 ºC, sem chuva;
- Quinta-feira, 14: mínima de 18 ºC e máxima de 32 ºC, com pancadas de chuva;
- Sexta-feira, 15: mínima de 20 ºC e máxima de 33 ºC, com pancadas de chuva;
- Sábado, 16: mínima de 20 ºC e máxima de 30 ºC, com pancadas de chuva;
- Domingo, 17: mínima de 20 ºC e máxima de 29 ºC, com pancadas de chuva;
No Rio, a temperatura mais quente também está prevista pela Climatempo para sexta, com mínima de 23 ºC e máxima de 37 ºC, sem chuva para amenizar o calorão Em Belo Horizonte, no mesmo dia, faz entre 19 ºC e 33 ºC. Em Vitória, no Espírito Santo, os termômetros ficam entre 22 ºC e 33 ºC.
Um relatório divulgado pela Organização Mundial de Meteorologia (OMM) em novembro já apontava que o El Niño, mais forte nesta temporada, deve perdurar até abril de 2024 e chegar ao seu pico neste fim de ano.
O fenômeno, marcado pelo aquecimento das águas do oceano Pacífico, é um dos principais responsáveis pelos eventos extremos notados no Brasil em 2023, como as ondas de calor no Sudeste, a estiagem na Amazônia e os temporais no Sul.
A expectativa, em geral, dos climatologistas é de que esses recordes de altas temperaturas e os eventos climáticos atípicos, como ciclones e alagamentos, devem ocorrer com ainda mais frequência e intensidade neste mês de dezembro e nos próximos.
O aquecimento global é um dos principais fatores que tem intensificado o El Niño nesta temperada e, consequentemente, seus efeitos.
"Com certeza, o verão será muito quente, porque estamos com um El Niño de intensidade forte e, também, na fase positiva do Dipolo do Oceano Índico [fenômeno oceanográfico meteorológico que afeta o regime de chuvas e o clima na Ásia], contribuindo [para esse calor]", disse Karina Bruno Lima, doutoranda em climatologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), ao "Estadão", em reportagem veiculada no mês passado.
São esperadas secas ainda mais intensas no Norte e no Nordeste, assim como mais temporais no Sul. Além disso, a união entre o efeito do El Niño e o verão — estação que já é, por si só, quente — deve intensificar ainda mais as ondas de calor extremo.