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Mãe de estudante morta na Nicarágua reclama de falta de apoio

Raynéia Gabrielle Lima cursava medicina há seis anos no país e foi assassinada na segunda-feira (23)

Nicarágua: mãe da universitária brasileira assassinada segunda-feira disse hoje (25) que, até o momento, não recebeu qualquer tipo de informação ou ajuda das autoridades brasileiras (Jorge Cabrera/Reuters)
AB

Agência Brasil

Publicado em 25 de julho de 2018 às 12h03.

Mãe da universitária brasileira assassinada segunda-feira (23) na Nicarágua , a aposentada Maria José da Costa disse hoje (25) que, até o momento, não recebeu qualquer tipo de informação ou ajuda das autoridades brasileiras. A maior preocupação dela agora é com o traslado do corpo. Maria José também quer que a embaixada brasileira atue no sentido de ajudar as autoridades nicaraguenses a identificar e punir os responsáveis pelo assassinato de sua filha única, Raynéia Gabrielle Lima, que há seis anos cursava medicina naquele país.

"Estou às cegas. Minha filha morreu há mais de 24 horas e ninguém toma providências. Eu quero que ela volte o mais rápido possível para Pernambuco, para ter o enterro que merece", disse Maria José há pouco, ao participar do Revista Brasil - programa da Rádio Nacional de Brasília ancorado pelo jornalista Valter Lima, veiculado pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

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Maria José se emocionou em diversos momentos, ao longo da entrevista. "Estou sem condições de fazer algo na minha vida. Sem condições até para respirar. Minha filha estava estudando para realizar o sonho que não conseguia realizar no Brasil. Retiraram para sempre todo o sonho dela, que desde os oito anos de idade dizia querer ser doutora para ajudar as pessoas."

Diante dessa situação, Maria José aproveitou o programa veiculado pela EBC para fazer um apelo ao governo brasileiro: "Pelo amor de Deus, tragam o corpo de minha filha, que está há mais de um dia em uma gaveta congelando. Tragam o mais rápido possível para que ela tenha seu descanso eterno. É muita dor; muito sofrimento, que estamos passando."

Segundo ela, Raynéia não era de participar de manifestações políticas nem passeatas. "Raynéia não gostava disso. Era uma filha dedicada que a toda hora falava que me amava. O que vai ser da minha vida agora, sem ela? Essa dor nunca vai passar. Quem tirou a vida dela vai ter de pagar por isso", disse Maria José ao cobrar ajuda do governo e da diplomacia brasileira.

As poucas informações que Maria José tem de sua filha foram dadas pelo sogro de Raynéia, que é quem paga pelo curso de medicina da estudante na Nicaragua. "Ele [o sogro] não era de ligar para mim. Quando recebi a ligação pensei de imediato que algo de ruim havia acontecido com minha filha. Entrei em desespero", disse a aposentada.

De acordo com as informações repassadas à mãe da estudante, Raynéia havia saído do hospital onde fazia residência para se dirigir à casa de uma amiga. Foi ao longo desse percurso que ela foi assassinada, quando estava sozinha dirigindo seu carro.

"Minha filha já tinha tudo planejado para o seu retorno ao Brasil. Até julho ela viria para o Recife, onde iria fazer a prova do Revalida, para poder exercer a profissão de médica por aqui e ajudar a salvar vidas".

Contatado pela Agência Brasil, o Itamaraty disse ter entrado em contato com o pai de Rayanéia, Ridevando Pereira, e com o meio-irmão da estudante, Sandro Diego Mendonça, além da ex-cunhada Juliana Holanda. Disse ter sido feito também uma tentativa de contato com Maria José ontem (24) por volta das 18h15, mas que, em função do estado emocional dela no momento da ligação, foi solicitado, pela família, que o contato fosse feito posteriormente - o que segundo Maria José acabou não ocorrendo.

Com relação ao traslado do corpo da estudante para o Brasil, o Itamaraty informou que quem cuida disso é a família e as autoridades do país onde ocorreu o óbito.

Após a participação no programa Revista Brasil, Maria José disse ter sido contatada por um representante do governo de Pernambuco, que garantiu arcar com o traslado do corpo de Raynéia.

Ontem (24) o Itamaraty chamou, para consultas no Brasil, o embaixador brasileiro na Nicarágua, Luís Cláudio Villafañe Gomes Santos.

A embaixadora da Nicarágua no Brasil, Lorena Del Carmen, também foi convocada para prestar esclarecimentos sobre o caso. Por meio de nota, o Itamaraty manifestou indignação e exigiu que as autoridades nicaraguenses mobilizem todos os esforços necessários para identificar e punir os responsáveis pelo assassinato da estudante.

No texto, o governo brasileiro condenou "o aprofundamento da repressão, o uso desproporcional e letal da força e o emprego de grupos paramilitares em operações coordenadas pelas equipes de segurança" e repudiou a perseguição a manifestantes, estudantes e defensores dos direitos humanos.

A estudante brasileira Raynéia Gabrielle Lima foi morta, na noite de segunda-feira, com um tiro no peito que, segundo o reitor da Universidade Americana (UAM), Ernesto Medina, foi disparado por um "um grupo de paramilitares" no sul da capital Manágua.

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