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Lula foi o avô rico e Dilma pode ser a neta pobre da economia, diz MB

Consultoria diz que retomada das reformas microeconômicas deveria ser prioridade em 2011

MB Associados diz que a Argentina é o exemplo a não ser seguido pelo governo brasileiro (GERMANO LUDERS/EXAME)
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Da Redação

Publicado em 3 de novembro de 2010 às 16h49.

São Paulo - Um relatório da consultoria MB Associados, que tem à frente o economista José Roberto Mendonça de Barros, diz que o governo Dilma poderá ser a sequência de uma história que teve o avô rico (primeiro mandato de Lula), o filho classe média (segundo mandato) e a neta pobra (Dilma).

“Não apenas as condições macroeconômicas estão mais frágeis do que a média dos oito anos do governo que se encerra, como também perdeu-se o principal motor de crescimento de longo prazo, que é a realização de reformas microeconômicas”, diz o texto assinado pelo economista-chefe da MB, Sérgio Vale.

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A fase “avô rico” teve importantes reformas microeconômicas, como a criação do crédito consignado e a Lei de Falências. Além disso, “o cenário macroeconômico internacional foi extremamente favorável, ajudando a manter um forte superávit em conta corrente ao mesmo tempo que o superávit primário se fortaleceu.”

O período “filho classe média” é classificado pela consultoria como mais heterodoxo, com as presenças de Guido Mantega na Fazenda e de Luciano Coutinho no BNDES. A crise internacional foi estopim para essa guinada, com o crescimento de gastos públicos. Os estímulos econômicos, o cenário internacional fraco e o câmbio valorizado estão piorando o deficit em conta corrente. “O governo Lula entrega seu governo mais frágil do lado macro, mas também institucionalmente mais fraco, com aparelhamento do Estado pelo PT e partidos coligados e perda relativa de poder do Legislativo e do Judiciário.”


Governo Dilma

E agora, com o governo Dilma, pode começar a fase “neta pobre”. Embora ressalte que não haverá turbulência importante no primeiro ano de mandato, a MB Associados alerta para a urgência de um ajuste fiscal relevante e de outras medidas. “Será necessário retomar o caráter propositivo das reformas micro que diminuíram sensivelmente nos últimos anos do governo Lula”, diz Sérgio Vale.

A consultoria cita a Argentina como exemplo de um país que tem a agenda macro equilibrada, com ajuste fiscal em vigor e sem problemas graves na conta corrente. Porém, são pontos insuficientes para um crescimento saudável no longo prazo. “A desinstitucionalização e a falta de reformas microeconômicas do país são garantias de um crescimento muito frágil e volátil para os próximos anos.”

O relatório conclui: “Cair na falsa ideia de que fazer um ajuste fiscal apenas será suficiente para o país é postergar os problemas e mascarar as verdadeiras necessidades. Fica parecendo mais uma manobra de última hora para agradar o mercado internacional e doméstico. Voltar ao padrão de pequenas micro reformas que existia anteriormente é o maior desafio do governo Dilma.”

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