Procurador Roberto Gurgel abre o julgamento hoje (Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 3 de agosto de 2012 às 20h26.
Brasília - O julgamento do processo do chamado mensalão entrou em seu segundo dia nesta sexta-feira no Supremo Tribunal Federal (STF), com o início da leitura do relatório do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que fará a acusação dos 38 réus do caso.
A leitura da acusação estava prevista para o dia inicial do julgamento, mas a discussão sobre a divisão do processo, proposta pela defesa de um dos réus, atrasou o cronograma inicial.
Gurgel terá até cinco horas para fazer sua apresentação.
O julgamento do chamado mensalão, um suposto esquema de desvio de recursos públicos que seriam usados para a compra de apoio entre parlamentares da base governista no Congresso, foi iniciado na quinta-feira.
O escândalo, revelado em 2005, foi a maior crise política do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O primeiro dia foi dominado pelo debate sobre o pedido de desmembramento do processo, feito pelo advogado e ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, que defende o ex-diretor do Banco Rural José Roberto Salgado.
O desmembramento do processo, que faria com que 35 dos acusados sem foro privilegiado fossem julgados por instâncias inferiores ao STF, foi rejeitado por 9 votos a 2.
Dos réus, somente três têm foro privilegiado, por serem parlamentares --os deputados federais João Paulo Cunha (PT-SP), Pedro Henry (PP-MT) e Valdemar Costa Neto (PR-SP).
O debate causou um bate-boca entre o relator do caso, ministro Joaquim Barbosa, que foi contrário o pedido, e o revisor, Ricardo Lewandowski, que deu voto a favor.
Barbosa acusou o revisor de "deslealdade" e indagou sobre os motivos do revisor não ter levantado a questão meses atrás, antes do início do julgamento.
Lewandowski replicou e disse que se tratava de uma ofensa pessoal do relator.
Segundo a denúncia, o suposto esquema do mensalão seria comandando por uma "organização criminosa" que teria em seu núcleo central o então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, o ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira, e o ex-presidente da sigla José Genoino.
De acordo com a denúncia, o objetivo da "quadrilha" era negociar apoio político, pagar dívidas de partidos e custear campanhas eleitorais do PT e de siglas aliadas.
Para a Procuradoria-Geral da República, os delitos começaram com a vitória do PT na eleição presidencial de 2002 e também tinham como objetivo assegurar a continuidade do projeto de poder do partido.
A defesa dos réus, que estava prevista para ter início nesta sexta-feira, deverá ser iniciada somente na próxima segunda.