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Houve resumo e debate, diz Mantega sobre Pasadena

O ministro falou sobre a reunião do conselho da Petrobras que decidiu pela compra da refinaria nos Estados Unidos, em 2006

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 14 de maio de 2014 às 14h51.

Brasília - O ministro da Fazenda, Guido Mantega , afirmou nesta quarta-feira que tem certeza que "houve resumo e debate" na reunião do conselho da Petrobras que decidiu pela compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, em 2006.

O ministro lembrou que à época da aquisição ele não fazia parte do Conselho de Administração da estatal nem era ministro da Fazenda. "Não estive diretamente no conselho quando foi feita a aquisição."

O ministro lembrou que havia figuras do empresariado na reunião, como o então presidente da Febraban, Fabio Barbosa, além do economista Claudio Haddad e o empresário Jorge Gerdau.

"Era um conselho altamente qualificado, sem falar das outras pessoas", disse.

Depois de ser questionado se ele se alinhava ao argumento de que a aquisição de Pasadena foi boa à época ou se foi ruim, Mantega respondeu: "eu nem sabia que tinha alinhamentos e correntes de interpretação."

"Eu estava no conselho quando foi proposta a aquisição da segunda metade. Nesse ponto, eu posso dizer que eu fui contrário à aquisição da segunda metade. O conselho como um todo não aprovou a aquisição da segunda parte", disse, em referência à decisão tomada no ano de 2008.

"Na época em que julgamos que não era conveniente (a aquisição da segunda metade), era preciso realizar novos investimentos para atingir produtividade. Era preciso investimentos que não levavam a rendimento adequado para refinaria", afirmou.

Além disso, segundo ele, as condições da economia mundial eram outras. "Em 2008, o negócio do petróleo começou a balançar porque a crise se avizinhava. Em 2006, o mercado era promissor, a economia mundial estava em expansão e a demanda de petróleo também", argumentou.

"A Petrobras tinha plano de expansão no mercado americano, para que colocássemos nosso petróleo para ser refinado lá."

"Em 2008, levando em conta investimentos a serem feitos, não considerei conveniente (a aquisição da segunda parte). Isso consta nas atas. Chegamos à conclusão de que não deveríamos fazer aquisição da segunda metade. Foi pelo tribunal de arbitragem que fomos obrigados a fazer aquisição", esclareceu.

Mantega foi interrompido por parlamentares da oposição, num clima tenso de discussão entre representantes da base do governo e de partidos oposicionistas.

Questionado pelo líder do DEM, deputado Mendonça Filho (PE), sobre uma correspondência enviada por Luís Inácio Adams, ex-procurador-geral da Fazenda, Mantega disse que não houve nenhum procedimento diferente.

Sobre a mensagem enviada por Adams à Casa Civil, que pedia a inclusão de ressalvas sobre Pasadena, Mantega disse que isso é feito todo mês. "Você faz um reparo, uma complementação da ata. É isso que se tratava aqui", disse.

"A primeira (ressalva) advertia que a cláusula Marlim não havia sido objeto de aprovação do conselho. Isso é correto. E a segunda informava que a diretoria da empresa havia aberto procedimento para identificar a falha. Foi feita a verificação", disse Mantega.

Segundo o ministro, essa cláusula garantia rentabilidade mínima para a Astra no caso em que fosse adaptada a refinaria para receber o petróleo brasileiro.

"O fato é que esta cláusula só entraria em vigor depois de feitas essas modificações. Eu indagava se havia tido prejuízo para a empresa por essa cláusula. A resposta é que não, porque essa cláusula não entrou em vigor", disse.

"Eu pedi esclarecimentos da diretoria e me foi respondido que não houve prejuízo porque a cláusula não entrou em vigor", concluiu.

São Paulo - O primeiro trimestre ainda nem acabou, mas a Petrobras já acumulou problemas neste período que podem valer para o ano inteiro. Entre processo de investigação de propina, preço das ações despencando e produção de petróleo menor, a petroleira dá indícios que não vive um bom momento. Veja, a seguir, 10 enroscos em que a Petrobras já se meteu neste ano:
  • 2. Investigação sobre propina

    2 /11(Sérgio Moraes/Reuters)

  • Veja também

    Em fevereiro, ex-funcionários da holandesa SBM, que aluga navios-plataformas, fizeram denúncias que apontam que empregados da Petrobras receberam propina para fechar negócios. O processo indica que funcionários e intermediários da petroleira receberam cerca de 140 milhões de dólares. A Petrobras abriu uma auditoria interna para apurar as denúncias. Segundo Graça, os primeiros resultados da auditoria levaram 30 dias para sair. A Comissão de Fiscalização da Câmara dos Deputados aprovou hoje requerimento para que a empresa esclareça tais irregularidades.



  • 3. Endividamento bilionário

    3 /11(REUTERS/Nacho Doce)

  • A captação de  8,5 bilhões de dólares anunciada pela Petrobras nesta semana deve impactar ainda mais o endividamento da estatal. Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, a dívida líquida da petroleira deverá passar de 100 bilhões de dólares até 2018. De acordo com o novo plano de negócios quinquenal da Petrobras (2014-2018), 60,5 bilhões de dólares serão levantados em dívida bruta nos próximos cinco anos.

  • 4. Queda da produção

    4 /11(Pedro Lobo/Bloomberg News)

    Em 2013, a produção de petróleo da Petrobras caiu 2,5% no Brasil. Neste ano, em janeiro, a produção também recuou.  No primeiro mês do ano, a produção total de petróleo e gás natural ficou 2,2% abaixo do total produzido em dezembro de 2013, quando atingiu 2,36 milhões de barris de óleo equivalente por dia. Segundo a empresa, a interrupção da produção em duas unidades instaladas na Bacia de Campos e a venda de participação no Parque das Conchas impactaram a produção do período.


  • 5. Multa bilionária

    5 /11(REUTERS/Sergio Moraes)

    Entre outubro de 2013 e janeiro deste ano, a Petrobras recebeu cinco autuações da Receita Federal que somam 8,7 bilhões de reais. As informações estão no prospecto preliminar publicado na Securities and Exchange Comission (SEC), regulador do mercado de capitais da América do Norte. A Petroleira informou que já apresentou recursos em todos os casos. O processo ainda está em fase de julgamento.

  • 6. Ações despencaram

    6 /11(Alexandre Battibugli/EXAME)

    No final do mês passado, as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras caíram  para o menor nível desde 2005 após a divulgação de que a dívida líquida da empresa havia crescido 50% no último ano. Os papéis preferenciais da empresa tiveram a maior queda da bolsa de São Paulo no dia 26 de fevereiro. As ações fecharam o dia cotadas a 13,70 reais, seu menor valor desde 27 de dezembro de 2005.

  • 7. Valor de mercado menor

    7 /11(Dado Galdieri/Bloomberg)

    A Petrobras foi a empresa que mais encolheu em valor de mercado no mês de fevereiro deste ano.
    Segundo dados da consultoria Economática, a estatal perdeu 12 bilhões de reais no mês passado na bolsa brasileira, período no qual o Ibovespa recuou 1,14%. Boa parte da queda é atribuída aos maus resultados de 2013 apresentados pela empresa.

    No final de fevereiro, o valor de mercado da estatal era de 172,8 bilhões de reais.

  • 8. Preço do dólar divergente

    8 /11(Bruno Domingos/Reuters)

    Durante evento para divulgar seu plano de investimentos para os próximos cinco anos, a Petrobras afirmou que vai trabalhar com um dólar de 2,23 reais neste ano.

    A cotação média do mercado, no entanto, ultrapassa a cifra de 2,40 reais e a diferença está preocupando o mercado, que não consegue entender como a estatal chegou a esse valor.
  • 9. Preço do combustível

    9 /11(Divulgação/Petrobras)

    A interferência do governo nos negócios da Petrobras também tem preocupado investidores, principalmente quando o assunto é o polêmico  reajuste no preço do combustível.

    A fim de não aumentar a inflação, o governo tem segurado os preços e a estratégia tem impactado negativamente a petroleira. A estimativa do mercado é que a empresa tenha deixado de ganhar 1,1 bilhão por não repassar alta do petróleo.

  • 10. Independência do governo

    10 /11(Francois Lenoir/Reuters)

    No mês passado, Silvio Sinedino, funcionário da Petrobras há 26 anos e presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), ganhou o direito de ocupar uma cadeira no conselho de administração da estatal. Ao que tudo indica, Sinedino quer deixar claro que os funcionários da companhia não compactuam com a ideia de que as decisões da empresa teriam de estar totalmente alinhadas às decisões do Governo Federal. Hoje o conselho da Petrobrás é formado por dez membros, sete indicados pelo governo, um pelos acionistas minoritários de ações minoritárias, um pelos acionistas de ações preferenciais e um pelos empregados.





  • 11. Agora, veja 20 empresas que dominam o país

    11 /11(AGÊNCIA BRASIL)

  • Acompanhe tudo sobre:Capitalização da PetrobrasCombustíveisEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEscândalosEstatais brasileirasFraudesGuido MantegaIndústria do petróleoPersonalidadesPetrobrasPetróleoPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileiros

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