Há um vazio de liderança conservadora, diz especialista
Há um temor das forças partidárias de oposição ao PT de que o ex-presidente Lula permaneça como um ator político relevante e que concorra às eleições em 2018
Da Redação
Publicado em 15 de março de 2016 às 14h18.
Brasília - O cientista político e professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Fabiano Santos, disse que, apesar de bem representado no Congresso Nacional , há um vazio de liderança no campo político conservador do Brasil.
Por isso, para ele, há um temor das forças partidárias de oposição ao governo do PT de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva permaneça como um ator político relevante e que concorra às eleições presidenciais em 2018.
“Acho que eles se sentem muito inseguros para enfrentar o Lula. Nas sondagens eleitorais passadas, nenhuma liderança mais importante tem aparecido como uma liderança, se beneficiando de todo esse desgaste institucional pelo qual o país e do governo de orientação centro-esquerda”, disse.
Para Santos, Lula ainda é uma liderança importante no campo popular e, mesmo depois das investigações envolvendo seu nome na Operação Lava Jato , da Polícia Federal (PF), não se sabe até que ponto ele pode ter sua imagem recuperada até as eleições de 2018.
“Mas alijar o Lula do processo político é o sonho dourado da oposição conservadora”, disse.
Apesar da conjuntura política inconstante, para Santos, uma candidatura radical não deve ser bem sucedida.
“Grande parte da população que foi às ruas [nas últimas manifestações] certamente é radicalizada à direita, então os nomes mais respeitados são do [juiz federal Sérgio] Moro [que atua na Lava Jato] ou do [deputado federal Jair] Bolsonaro. Mas nós ainda temos uma esquerda importante, e um grande centro, um eleitor mediano que não compra de forma alguma um discurso mais radicalizado e de anulação dos adversários”, explicou.
Santos foi um dos entrevistados pelo jornalista Luis Nassif no programa Brasilianas.org, que foi ao ar na noite de ontem (14) na TV Brasil.
O professor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, Rafael Mafei Rabelo Queiroz, disse que a Operação Lava Jato tem um foco de investigação bastante definido e que ela não é essencialmente jurídica, “embora aconteça sob forma jurídica”.
“Pelo porte da operação, pela quantidade de pessoas envolvidas, a própria existência de uma força tarefa é algo que denota uma escolha da instituição em reforçar a atuação naquele segmento”, disse.
Segundo ele, qualquer investigação precisa ter um rumo e uma hipótese e eles não são essencialmente jurídicos.
“Perseguir pessoas é algo que nenhuma atuação jurídica deveria mirar. […] Essa avaliação vamos poder fazer muito mais claramente a posteriori, no momento que a operação estiver terminada”, disse, quando questionada se a operação da PF teria como alvo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O professor afirmou que a atuação do sistema de Justiça parece ser "um pouco" de mão dupla. Por um lado, existe o papel, principalmente do Supremo Tribunal Federal, de ver as regras a partir dos quais os conflitos podem ser processados e existe outro de, “advertida ou inadvertidamente, botar a lenha na fogueira.
“Os fatos que alimentam, que fazem com que esse universo [político atual] seja tão volátil, em grande parte são produzidos pelo sistema de Justiça, pelas delações, pelas operações, pelos resultados das buscas, pelo que sabemos do que é divulgado dentro de um processo”, disse.
Apesar de concordar que o direito e a Lava Jato esteja causando essa agitação política, para Queiroz, a resposta para a operação não deve ser jurídica.
“Porque qualquer saída vai ser demorada e isso não parece estar muito ao gosto dos atores políticos que estão envolvidos na operação.”
Brasília - O cientista político e professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Fabiano Santos, disse que, apesar de bem representado no Congresso Nacional , há um vazio de liderança no campo político conservador do Brasil.
Por isso, para ele, há um temor das forças partidárias de oposição ao governo do PT de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva permaneça como um ator político relevante e que concorra às eleições presidenciais em 2018.
“Acho que eles se sentem muito inseguros para enfrentar o Lula. Nas sondagens eleitorais passadas, nenhuma liderança mais importante tem aparecido como uma liderança, se beneficiando de todo esse desgaste institucional pelo qual o país e do governo de orientação centro-esquerda”, disse.
Para Santos, Lula ainda é uma liderança importante no campo popular e, mesmo depois das investigações envolvendo seu nome na Operação Lava Jato , da Polícia Federal (PF), não se sabe até que ponto ele pode ter sua imagem recuperada até as eleições de 2018.
“Mas alijar o Lula do processo político é o sonho dourado da oposição conservadora”, disse.
Apesar da conjuntura política inconstante, para Santos, uma candidatura radical não deve ser bem sucedida.
“Grande parte da população que foi às ruas [nas últimas manifestações] certamente é radicalizada à direita, então os nomes mais respeitados são do [juiz federal Sérgio] Moro [que atua na Lava Jato] ou do [deputado federal Jair] Bolsonaro. Mas nós ainda temos uma esquerda importante, e um grande centro, um eleitor mediano que não compra de forma alguma um discurso mais radicalizado e de anulação dos adversários”, explicou.
Santos foi um dos entrevistados pelo jornalista Luis Nassif no programa Brasilianas.org, que foi ao ar na noite de ontem (14) na TV Brasil.
O professor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, Rafael Mafei Rabelo Queiroz, disse que a Operação Lava Jato tem um foco de investigação bastante definido e que ela não é essencialmente jurídica, “embora aconteça sob forma jurídica”.
“Pelo porte da operação, pela quantidade de pessoas envolvidas, a própria existência de uma força tarefa é algo que denota uma escolha da instituição em reforçar a atuação naquele segmento”, disse.
Segundo ele, qualquer investigação precisa ter um rumo e uma hipótese e eles não são essencialmente jurídicos.
“Perseguir pessoas é algo que nenhuma atuação jurídica deveria mirar. […] Essa avaliação vamos poder fazer muito mais claramente a posteriori, no momento que a operação estiver terminada”, disse, quando questionada se a operação da PF teria como alvo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O professor afirmou que a atuação do sistema de Justiça parece ser "um pouco" de mão dupla. Por um lado, existe o papel, principalmente do Supremo Tribunal Federal, de ver as regras a partir dos quais os conflitos podem ser processados e existe outro de, “advertida ou inadvertidamente, botar a lenha na fogueira.
“Os fatos que alimentam, que fazem com que esse universo [político atual] seja tão volátil, em grande parte são produzidos pelo sistema de Justiça, pelas delações, pelas operações, pelos resultados das buscas, pelo que sabemos do que é divulgado dentro de um processo”, disse.
Apesar de concordar que o direito e a Lava Jato esteja causando essa agitação política, para Queiroz, a resposta para a operação não deve ser jurídica.
“Porque qualquer saída vai ser demorada e isso não parece estar muito ao gosto dos atores políticos que estão envolvidos na operação.”