Governo quer limitar número de botijões por família em novo vale-gás
Formato do benefício proposto pelo governo ao Congresso gera polêmica
Agência de notícias
Publicado em 25 de outubro de 2024 às 07h52.
Uma das ideias em discussão no Ministério da Fazenda para o novo formato do vale-gás inclui a limitação do número de botijões a que cada família beneficiária teria acesso, considerando o tamanho de cada uma delas. A avaliação é que não faz sentido uma família com três pessoas receber o mesmo que aquelas que têm oito membros, por exemplo.
Hoje, o vale-gás é um valor extra pago a cada dois meses para beneficiários do Bolsa Família. Por ideia do Ministério de Minas e Energia , o governo propôs ao Congresso, neste ano, um novo formato para o programa que prevê a distribuição de botijão de 13 quilos no lugar de um pagamento extra.
A Fazenda está aproveitando a remodelação do financiamento do programa, visto atualmente como um drible às regras fiscais, para propor melhorias também no formato do benefício. O projeto original enviado ao Congresso inclui um mecanismo que permitiria que o gasto com o programa ficasse de fora do Orçamento.
Mudanças no projeto
Embora o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, assine a proposta junto com o titular de Minas e Energia, Alexandre Silveira , a equipe econômica argumenta que a discussão foi açodada e que o desenho atual preocupa. Na semana passada, foi retirada a urgência do projeto e Haddad reforçou que o movimento tinha o objetivo de permitir a reformulação do programa.
O ministro ainda disse que discutiria o assunto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva após o retorno do chefe do Executivo de sua viagem à Rússia, que aconteceria esta semana, mas foi cancelada devido ao acidente doméstico do mandatário.
Atualmente, o vale-gás é um adicional de R$ 102 do Bolsa Família, distribuído para 5,6 milhões de famílias bimestralmente. A ideia é passar a fornecer o próprio botijão de gás, ampliando o público para 20 milhões de famílias até o fim de 2025.
Segundo a proposta, são elegíveis à modalidade de concessão direta de botijões as famílias inscritas no Cadastro Único, com renda per capita mensal menor ou igual a meio salário mínimo (R$ 706). O projeto original não faz distinção entre os beneficiários, mas permite o estabelecimento de critérios em regulamento posterior.
Critérios de distribuição
"A modalidade de que trata este Capítulo consiste em desconto direto no revendedor varejista para a compra de botijão de treze quilogramas de GLP, limitado a um por família beneficiada, conforme periodicidade estabelecida em regulamento", diz o texto, completando que o desconto poderá ser diferenciado a partir de critérios estabelecidos em regulamento.
O custo previsto do programa aumentaria de R$ 3,5 bilhões este ano, para R$ 5 bilhões em 2025 e R$ 13,6 bilhões em 2026, atingindo o pico no ano eleitoral. No Orçamento do ano que vem, porém, só estão previstos R$ 600 milhões em gastos com o auxílio-gás.
Isso porque, no formato proposto originalmente, a União abriria mão de receitas referentes ao pré-sal, que seriam repassadas à Caixa, operadora do programa, e assim para as distribuidoras de botijão de gás. Dessa forma, o gasto ficaria fora do Orçamento e não contaria para o limite de despesas do arcabouço fiscal, o que foi muito criticado por especialistas em contas públicas.