Flávio Bolsonaro responsabilizou o ex-assessor Queiroz pela contratação de Raimunda, assessora de Flávio em 2015 (Youtube/Reprodução)
Estadão Conteúdo
Publicado em 22 de janeiro de 2019 às 13h42.
Última atualização em 22 de janeiro de 2019 às 15h54.
Rio de Janeiro — O deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) empregou em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) a mãe do capitão da Polícia Militar Adriano Magalhães da Nóbrega, alvo de um mandado de prisão na manhã desta terça (22).
A operação foi realizada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Rio contra a milícia de Rio das Pedras. Nóbrega é acusado de comandar a milícia.
Segundo registros, Raimunda Veras Magalhães, e a mulher do major Ronald, Danielle Mendonça da Costa da Nóbrega, estavam lotadas no gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj até novembro do ano passado, com salários de R$ 6.450,00.
Raimunda aparece no Relatório de Inteligência Financeira do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) por ter repassado R$ 4.600,00 para a conta de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio.
Em nota oficial, Flávio Bolsonaro afirmou que "continua sendo vítima de uma campanha difamatória com objetivo de atingir o governo de Jair Bolsonaro" e responsabilizou o ex-assessor Fabrício Queiroz pela contratação de uma das funcionárias. Raimunda foi assessora de Flávio em 2015.
"A funcionária que aparece no relatório do Coaf foi contratada por indicação do ex-assessor Fabrício Queiroz, que era quem supervisionava seu trabalho. Não posso ser responsabilizado por atos que desconheço, só agora revelados com informações desse órgão. Tenho sido enfático para que tudo seja apurado e os responsáveis sejam julgados na forma da lei. Quanto ao parentesco constatado da funcionária, que é mãe de um foragido, já condenado pela Justiça, reafirmo que é mais uma ilação irresponsável daqueles que pretendem me difamar. Sobre as homenagens prestadas a militares, sempre atuei na defesa de agentes de segurança pública e já concedi centenas de outras homenagens. Aqueles que cometem erros devem responder por seus atos."
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— Flavio Bolsonaro (@FlavioBolsonaro) January 22, 2019
Esta é a segunda vez meses que policiais denunciados pelo Ministério Público acusados de ligação com o agora senador eleito pelo PSL têm prisão decretada por suposto envolvimento com milícias.
Em setembro do ano passado, o jornal O Estado de S. Paulo mostrou que outros dois PMs presos haviam trabalhado na campanha dele foram para a prisão, sob a mesma suspeita.
Na ação desta terça, os denunciados são apontados como integrantes de uma milícia que atua nas comunidades de Rio das Pedras, Muzema e adjacências, todas na zona oeste.
Os agentes também estiveram em endereços dos denunciados e de algumas empresas relacionadas ao grupo criminoso.
Em dezembro passado, o general Richard Nunes, então secretário estadual de Segurança Pública do Rio, revelou à reportagem que milicianos ligados à grilagem de terras e que atuam na zona oeste da capital haviam ordenado a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL). No crime, ocorrido em março, morreu também o motorista Anderson Gomes.
O deputado estadual e agora senador eleito homenageou dois dos 13 alvos da Operação Intocáveis.
São eles o ex-capitão do Bope Adriano Magalhães da Nóbrega e o major PM Ronald Paulo Alves Pereira. Eles receberam, em 2003 e 2004, na Assembleia Legislativa do Rio, por indicação de Flávio, respectivamente, a Medalha Tiradentes e uma menção honrosa, com elogios à sua atuação como policiais.