Emílio depõe a Moro
O patriarca da família Odebrecht, Emílio Odebrecht, 72, vai ficar frente a frente com o juiz Sergio Moro pela primeira vez nesta segunda-feira. Ele depõe, por videoconferência, como testemunha de defesa do filho, Marcelo, na ação que investiga o pagamento de propinas na contratação de sondas de exploração do pré-sal pela Petrobras. Além de Marcelo, […]
Da Redação
Publicado em 13 de março de 2017 às 06h50.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h19.
O patriarca da família Odebrecht, Emílio Odebrecht, 72, vai ficar frente a frente com o juiz Sergio Moro pela primeira vez nesta segunda-feira. Ele depõe, por videoconferência, como testemunha de defesa do filho, Marcelo, na ação que investiga o pagamento de propinas na contratação de sondas de exploração do pré-sal pela Petrobras. Além de Marcelo, o ex-ministro dos governos Lula e Dilma, Antonio Palocci, também é réu neste processo.
Emílio já prestou depoimentos para a Procuradoria-Geral da República junto com outros 76 executivos de sua companhia na delação premiada assinada pela Odebrecht. A pena do dono da empreiteira ficou em 4 anos de prisão domiciliar. Mesmo que a lei proteja Emílio de responder perguntas que incriminem seu filho, como ambos fazem parte da delação premiada, a tendência é que todas as perguntas sejam respondidas.
Emílio é visto como o executivo da Odebrecht mais próximo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Assim, seria a pessoa com maior possibilidade de indicar possíveis crimes cometidos por Lula. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, Marcelo confirmou, na sua delação, que a alcunha “amigo” e “amigo EO” se referem ao ex-presidente.
A relação de amizade entre Emílio e Lula, inclusive, foi motivo de reclamações de Marcelo durante todo o período que durou o esquema de corrupção. Para o filho, mesmo com o crescimento acelerado que a empresa vinha tendo, o pai cedia muito aos pedidos do ex-presidente, o que obrigava a companhia a fazer negócios pouco lucrativos.
As declarações contidas na delação da empreiteira poderiam ser uma de pá de cal na tentativa de Lula de concorrer à presidência em 2018. Justamente por isso, depois de boatos de que o sigilo sobre os depoimentos poderia cair a qualquer momento (talvez o pedido seja feito ainda hoje, junto com a “lista de Janot”) o PT se apressou em lançar o mais rápido possível a nova candidatura. De acordo com o jornal O Dia, isso ocorrerá em um evento na sede do partido, em São Paulo, no próximo dia 20. Os depoimentos de Emílio não devem mudar a determinação dos petistas, mas pode mudar muito o cenário para 2018.