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Em SP, espera por vacinação em posto chega a nove horas

Com a grande procura, quem não se vacinou planeja madrugar nos próximos dias

Vacina de febre amarela: demanda pela imunização aumentou em 300% nos últimos meses (Tânia Rêgo/Agência Brasil)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de janeiro de 2018 às 09h02.

Última atualização em 17 de janeiro de 2018 às 09h08.

São Paulo - Mil e doze. Esse é o número de pessoas que teriam chegado antes do microempresário Eduardo Silva, de 32 anos, à Unidade Básica de Saúde (UBS) Vila das Mercês, no Sacomã, zona sul da capital paulista.

Entre a chegada, às 6 horas, e a saída, pouco depois das 15 horas, ele esteve acompanhado da mulher, da cunhada e de duas crianças de 4 anos (filha e sobrinho).

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Como não esperavam que "ia demorar", tiveram de atrasar o almoço. "Um monte de gente estava passando e vendendo, comprei algumas coisas para beliscar."

Também na zona sul, na UBS Chácara Santo Antônio, o técnico em edificações Acrísio Santos, de 50 anos, diz ter chegado ao local às 10 horas e saído apenas às 17 horas.

"As organizações são malfeitas, existem muitas pessoas cortando fila", reclamou, destacando que o espaço nem distribuiu senhas. A reportagem ainda encontrou filas em postos de todas as áreas, mesmo naquelas em que não há recomendação para vacinação.

Procurada, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de São Paulo ressaltou que as unidades citadas não fazem parte da campanha para vacinação preventiva, que agora tem como público-alvo todos os distritos da zona norte - onde 90 UBSs aplicam vacina; três distritos da zona Sul (Parelheiros, Marsilac e Jardim Ângela), além de parte do Capão Redondo. Na zona oeste, há recomendação só para moradores do Distrito Raposo Tavares (em três postos).

Com a grande procura, quem não se vacinou planeja madrugar nos próximos dias. A vendedora desempregada Jessica Rafael, de 26 anos, pretende ir à UBS Vila Nova Jaguaré, distrito de Jaguaré, zona oeste, por volta das 5 horas desta quinta-feira, 18.

Ela chegou a procurar o local em outros momentos, mas por estar com o filho de 1 ano não conseguiu esperar. "Não quero tomar essa dose fracionada", diz.

Já a vendedora Daniela Oliveira, de 35 anos, procurou o Hospital Rede Hora Certa da Penha, na zona leste, mas desistiu diante da fila e porque seus filhos (de 3, 11 e 16 anos) também teriam de esperar na rua.

"Como trabalho no centro é mais tranquilo, mas, mesmo assim, tenho medo", comenta.

Rede particular

A rede Drogasil anunciou que oferecerá a vacina a seus consumidores em até 16 filiais nos próximos meses. Agora, a unidade da Rua Pamplona, nos Jardins, venderá doses só para adultos. A aplicação de vacinas por drogarias foi regulamentada em dezembro.

Segundo a Associação Brasileira de Redes de Farmácia e Drogarias (Abrafarma), além da Drogasil, já aplicam vacinas a Drogaria Araújo e a Nossa Drogaria Caxias, em Minas e no Rio, respectivamente.

O presidente da Associação Brasileira de Clínicas de Vacinação (ABCVAC), Geraldo Barbosa, afirma que há falta da vacina contra a febre amarela na rede particular de todo o País.

Segundo ele, a demanda pela imunização aumentou em 300% nos últimos meses.

O fabricante Sanofi Pasteur, principal fornecedor, diz que "continua buscando novas alternativas para suprir a demanda das clínicas".

A dose na rede particular tem preços entre R$ 160 e R$ 180 e a maior procura ocorre nos Estados de São Paulo, Rio e Bahia, conforme Barbosa. "Mas a demanda aumentou em todos os Estados."

Colégios

Para evitar que os pais entrem em pânico com o surto de febre amarela na cidade, colégios particulares de São Paulo estão enviando comunicados com recomendações sobre a vacina para as famílias dos alunos.

"Começamos a orientar as famílias por carta em outubro, quando vimos que começava um alarde no WhatsApp", disse Walter Assis, diretor do Colégio Monteiro Lobato, no Mandaqui, zona norte.

Do outro lado da cidade, o colégio Santa Amália, na Saúde, zona sul, também prepara uma carta para enviar aos pais.

"Temos uma parceria com as famílias", afirmou Maria Zélia Miceli, gestora da escola paulistana. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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