Brasil

Do Amazonas a São Paulo, o Brasil começa a se abrir

Mesmo sem a estabilização da pandemia do coronavírus, o comércio volta a reabrir as portas em várias regiões

São Paulo: o prefeito Bruno Covas (PSDB) anunciou que nada voltará a reabrir nesta segunda-feira (Amanda Perobelli/Reuters)

São Paulo: o prefeito Bruno Covas (PSDB) anunciou que nada voltará a reabrir nesta segunda-feira (Amanda Perobelli/Reuters)

Felipe Giacomelli

Felipe Giacomelli

Publicado em 1 de junho de 2020 às 06h32.

Última atualização em 3 de junho de 2020 às 20h32.

Com o Brasil ultrapassando a marca de meio milhão de casos confirmados de covid-19 e subindo para o quarto lugar em número de óbitos no mundo – e ainda sem nenhum indício de que tenha atingido o pico da pandemia –, vários estados iniciam nesta segunda-feira (1) a flexibilização das medidas de quarentena, com a reabertura gradual do comércio.

Em São Paulo, estado que concentra 21% dos casos e 26% das mortes por covid-19 no país, o governador João Doria (PSDB) anunciou na semana passada a “retomada consciente” da atividade econômica. De acordo com o plano, a quarentena foi estendida por mais 15 dias a partir de hoje, mas a maior parte do estado poderá adotar algum grau de flexibilização, conforme o nível em que se encontre a pandemia.

A capital paulista e várias cidades do interior foram classificadas na fase 2 (são cinco), na qual é permitida a retomada de atividades imobiliárias, concessionárias de automóveis, escritórios, shopping centers e comércio em geral. O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), porém, anunciou que nada voltará a reabrir nesta segunda-feira. As entidades setoriais deverão entregar suas propostas de reabertura com os protocolos de segurança que pretendem adotar. As lojas só poderão reabrir depois que a vigilância sanitária aprovar as medidas.

No interior paulista, várias prefeituras autorizaram a reabertura do comércio a partir de hoje. Em Campinas, as lojas poderão funcionar com 30% da capacidade. Em São Vicente, no litoral, as lojas com mais de 300 metros quadrados deverão ter um funcionário na entrada para medir a temperatura dos clientes. Em Jacareí, no Vale do Paraíba, a montadora Caoa Chery vai retomar hoje a produção na fábrica, fechada desde 23 de março.

No Amazonas, o governador Wilson Lima (PSC) anunciou a reabertura de boa parte do comércio em Manaus a partir de hoje. Os shopping centers devem funcionar com lotação máxima de 50%, mas nem todas as lojas estão autorizadas a funcionar. Os restaurantes poderão abrir somente a partir do dia 15.

No Maranhão, o governador Flávio Dino (PCdoB) editou uma portaria permitindo a reabertura de diversos setores da economia a partir de hoje, como supermercados, hotéis, salões de beleza e restaurantes em pontos de parada nas rodovias. Continuam proibidas de funcionar as praças de alimentação e lojas situadas em shopping centers.

No Ceará, o governador Camilo Santana (PT) anunciou um plano de reabertura em quatro etapas, começando hoje por uma fase de transição. Nela está liberada a operação de 100% da cadeia de saúde (incluindo consultórios médicos e odontológicos), 31% da construção civil e de 20% a 30% do efetivo de trabalhadores presenciais em setores como energia, comunicações, têxteis e transporte.

No Rio de Janeiro, o plano inicial do governador Wilson Witzel (PSC) previa a retomada das atividades econômicas nesta segunda-feira, com a reabertura das lojas de rua e dos shopping centers com 50% da capacidade. O aumento do número de casos de covid-19 nos últimos dias, porém, deve levar à prorrogação da quarentena por mais uma semana. A decisão deve ser anunciada hoje. Até ontem, o estado tinha cerca de 53.400 infectados e 5.300 mortes por covid-19, atrás apenas de São Paulo.

Os estados que estão reabrindo o comércio agora deveriam observar a experiência de Santa Catarina, um dos primeiros que retomaram a atividade econômica no país. O governador Carlos Moisés da Silva (PSL) autorizou a reabertura do comércio, incluindo hotéis, restaurantes, bares e comércio de rua, no dia 13 de abril. Desde então, o número de casos confirmados de covid-19 no estado cresceu 11 vezes (de 826 para 9.037), enquanto o número de óbitos aumentou quase seis vezes (de 26 para 143). O governo afirmou que o crescimento do número de casos no estado tem ocorrido em um ritmo menor do que a média nacional e alegou que trabalha de forma permanente na preparação da rede hospitalar para atendimento dos pacientes, além de ter realizado mais de 44 mil testes.

Mas uma reabertura controlada pode ter bons resultados. Florianópolis foi a primeira capital brasileira a adotar o distanciamento social, em 13 de março, e começou a reabrir o comércio em 20 de abril, uma semana depois do restante do estado. Nesse período, realizou testes em larga escala para identificar a doença, lançou um serviço de orientação e marcação de consultas médicas por telefone e assegurou ter leitos de hospital suficientes para atender à população. Por enquanto, está dando certo. A última morte na cidade por coronavírus foi registrada em 4 de maio – há quatro semanas.

Acompanhe tudo sobre:ComércioCoronavírusExame Hoje

Mais de Brasil

Novas regras do BPC: como será a revisão do benefício que pode bloquear cadastros desatualizados

PGR denuncia Nikolas Ferreira por injúria contra Lula

Após ameaça de ala pró-Nunes, Federação do PSDB confirma Datena como candidato em SP

Lula anuncia obras de prevenção a desastres, esgoto, água e mobilidade com recurso de R$ 41,7 do PAC

Mais na Exame