Brasil

CPMI do 8 de janeiro aprova convocação de Mauro Cid, Anderson Torres, Braga Netto e Heleno

A comissão analisou 285 requerimentos. Deste total, 62 eram de autoria da senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPMI. Convocação de Bolsonaro ainda não está definida

CPMI: Novos nomes devem podem ser aprovados no decorrer da reunião (Pedro França/Agência Senado/Flickr)

CPMI: Novos nomes devem podem ser aprovados no decorrer da reunião (Pedro França/Agência Senado/Flickr)

Publicado em 13 de junho de 2023 às 13h00.

Última atualização em 13 de junho de 2023 às 14h45.

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro aprovou, nesta terça-feira, 13, as convocações de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Braga Netto, ex-ministro da Defesa e ex-candidato a vice-presidente e Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). 

Na mesma reunião, a convocação de autoridades nomeadas pelo governo Lula foram rejeitadas pelos parlamentares. Gonçalves Dias, ex-ministro-chefe do GSI, Ricardo Cappelli, secretário-executivo do Ministério da Justiça e ex-interventor do DF e Saulo Moura da Cunha, ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), não serão obrigados a comparecer na CPMI. 

A comissão analisou 285 requerimentos. Deste total, 62 eram de autoria da senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPMI. Para ela, a primeira fase de tomada de depoimentos e análise de provas pode possibilitar a conexão com novos fatos. Quanto a uma possível convocação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a relatora disse que o decorrer das investigações e o entendimento da maioria da CPMI serão soberanos.

Os integrantes da CPMI aprovaram ainda a convocação do coronel Jorge Eduardo Naime, então comandante de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) no dia das invasões. A convocação de Saulo Moura da Cunha, ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), foi rejeitada, assim como a do o ex-ministro-chefe do GSI, Gonçalves Dias, já na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A próxima reunião da CPMI está marcada para o dia 20 de junho.

Convocados para a CPMI do 8 de janeiro

Segundo entendimentos do Supremo Tribunal Federal (STF), testemunhas convocadas por Comissão Parlamentar de Inquérito são obrigadas a comparecer para prestar esclarecimentos. Apenas investigados têm o direito de não comparecer.

  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança pública do DF;
  • Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL);
  • Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil de Bolsonaro;
  • Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do GSI na gestão Bolsonaro;
  • Elcio Franco, ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde;
  • Fábio Augusto Vieira, ex-comandante da Polícia Militar do DF;
  • Jorge Naime, ex-comandante de Operações Polícia Militar do DF;
  • Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF);
  • Robson Cândido, delegado-geral da Polícia Civil do DF;
  • e George Washington de Oliveira Sousa, Alan Diego dos Santos e Wellington Macedo de Souza, suspeitos de tentar explodir um caminhão-tanque no Aeroporto de Brasília.

CPMI quer dados sigilosos de investigação do STF

O presidente da CPMI, deputado Arthur Maia (União Brasil-BA), vai se reunir nesta terça-feira, 13, com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes para requerer o acesso do colegiado aos inquéritos sigilosos sob relatoria do magistrado.

Para convencer Moraes, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Maia vai pleitear o compartilhamento de informações de casos já encerrados, sob o argumento de que o Congresso não tem interesse em vazar dados de investigações em curso. O encontro será na sede da Corte eleitoral.

Maia, porém, se prepara para enfrentar resistência na conversa com Moraes. Em março, o ministro negou o compartilhamento de informações do inquérito que apura o atentado de 8 de janeiro com a CPI dos Atos Golpistas que tramita na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). À época, Moraes argumentou aos deputados distritais que o acesso da comissão aos dados sigiloso poderia colocar em risco toda a investigação.

Contra a CPMI em tramitação no Congresso ainda pesa o fato de o deputado André Fernandes (PL-CE) - um de seus membros titulares - figurar como investigado no inquérito de 8 de janeiro sob relatoria de Moraes.

Na sessão realizada na terça-feira da semana passada, dia 6, Maia negou o pedido de parlamentares da base do governo Lula para impedir a participação de Fernandes no colegiado. Na ocasião, ele ainda defendeu a permanência do parlamentar sob o argumento de que "não existem deputados pela metade".

Com esse retrospecto, Maia dirá a Moraes que o sigilo da investigação em curso é fundamental para que o STF tenha sucesso na identificação dos golpistas, mas que os dados ligados a eventos passados podem servir à CPMI. "Obviamente, nesses inquéritos que estão em andamento, não há nenhum sentido para que se queira agora publicizar essas informações. Entretanto, para as informações que são sigilosas, mas dizem respeito a fatos pretéritos, que já aconteceram, não há motivo nenhum também para se manter em sigilo", disse o presidente da CPMI ao Estadão.

Maia ainda terá de lidar na conversa com o requerimento apresentado pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES) para que Moraes preste depoimento à CPMI. A convocação não deve prosperar mas tem o potencial de desgastar a relação que o parlamentar tenta estabelecer com o ministro para impulsionar as investigações da comissão. Moraes relata desde janeiro três inquéritos no STF relacionados à tentativa de golpe de 8 de janeiro.

yt thumbnail
Acompanhe tudo sobre:CPMI do 8 de janeiro

Mais de Brasil

Governo e Senado pedem ao STF prorrogação de prazo de acordo sobre desoneração da folha

Lula diz que proposta de segurança do governo será elaborada com 27 governadores

Aeroporto de Porto Alegre será reaberto em outubro com 50 voos diários, diz ministro

Governo Lula é ruim ou péssimo para 44,2% e bom ou ótimo para 37,7%, aponta pesquisa Futura

Mais na Exame