Em entrevista, Campos disse não ter percebido a cobrança de Humberto Costa, mas, no seu discurso, respondeu à provocação (Elza Fiúza/ABr)
Da Redação
Publicado em 2 de agosto de 2013 às 15h47.
Recife - O senador Humberto Costa (PT-PE) cobrou nesta sexta-feira o reconhecimento do governador Eduardo Campos às ações do governo da presidente Dilma Rousseff com relação ao semiárido.
Ele fez a cobrança em discurso, durante anúncio de R$ 700 milhões para financiamento de agricultores do semiárido pernambucano, pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas. Provável candidato à Presidência da República, Campos, que é presidente nacional do PSB, tem feito críticas ao governo federal, embora se mantenha na sua base aliada.
"O governo vive um momento de dificuldade, não podemos deixar de reconhecer", disse o ministro, na solenidade na sede provisória do governo estadual. "Mas é no momento de dificuldade que é importante reconhecer o que foi feito para o Brasil se desenvolver".
Costa destacou o "tratamento especial" do governo federal com Pernambuco e as "importantes obras estruturadoras" para o semiárido em andamento no estado, a exemplo das adutoras do Pajeú e do Agreste. "É fundamental a parceria que o governo federal teve e vai ter com Pernambuco, com o Nordeste e com o Brasil", afirmou.
"Tenho certeza que foi por isso que Pernambuco votou maciçamente na presidente Dilma, porque sabia que ela iria dar continuidade à atenção que o presidente Lula sempre teve com o estado", pontuou. O senador petista disse ter certeza, também, que "o governo estadual, na pessoa de Eduardo Campos, reconhece esse esforço assim como os movimentos sociais, prefeitos e prefeitas haverão de reconhecer".
Arraes
Em entrevista, Campos disse não ter percebido a cobrança de Humberto Costa, mas, no seu discurso, respondeu à provocação. O governador disse da alegria de ver políticas públicas criadas por Miguel Arraes, seu avô, cujo governo beneficiou os pequenos agricultores, terem sido implementadas pelo governo federal e lembrou da participação dos governadores e dos órgãos de extensão rural com ideias e sugestões depois incorporadas pelo governo federal.
Frisou ainda, a necessidade de o Nordeste ser prioridade de um plano estratégico do governo visando à redução das disparidades sociais e econômicas. "O Nordeste tem um terço dos agricultores familiares do Brasil, mas detém apenas 10% do crédito, numa reprodução do que acontece na economia brasileira: a região tem 28% da população brasileira e tem 13,5% do Produto Interno Bruto (PIB)".
Campos não deixou, no entanto, de reconhecer as boas novas anunciadas pelo ministro. Frisou que pela primeira vez, existe um Plano Safra voltado para o semiárido, região onde a situação do pequeno agricultor ainda é mais dura e difícil. O Plano Safra para agricultura familiar existe há dez anos. "Este é um avanço concreto", disse. "Se não é o ideal, está se fazendo diferente, na direção de se ter uma política que compreenda as circunstâncias de uma região desértica, tem sinais de visão estruturante".