Casos de dengue mais que dobram no início de 2024; vacinação contra doença começa em fevereiro
Em 2024, foram registrados mais de 120 mil casos de dengue no país, alta de 170% na comparação com 2023
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 29 de janeiro de 2024 às 18h41.
Última atualização em 29 de janeiro de 2024 às 18h56.
Nas três primeiras semanas epidemiológicas de 2024,o Brasil registrou 120.874 casos prováveis de dengue, alta de 170% em comparação com o mesmo período de 2023, quando foram registrados 44.752 casos.
No ano, 12 mortes pela doença foram confirmadas e outras 85 estão em investigação. No mesmo período de 2023, foram 26 óbitos. Os dados são doInforme Semanal das Arboviroses Urbanasdo Ministério da Saúde.
O Ministério da Saúde afirma que pela primeira vez em anos os quatro sorotipos do vírus causador da doença (1, 2, 3 e 4) circulam no Brasil. Além disso, o fenômeno El Niño que eleva as temperaturas, cria um clima ideal para o mosquito vetor, o Aedes Aegypti, se reproduzir. A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta sobre o aumento das arboviroses, doenças causadas pelos arbovírus, que incluem os vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela.
Para combater a alta de casos, o Ministério da Saúdecoordena desde o ano passado uma série de ações para o enfrentamento do mosquito que transmite a doença em conjunto com os estados e municípios. Para apoiar estados e municípios nas medidas de prevenção e controle, o ministério repassou R$ 256 milhões para todo o país.
Do valor total, R$ 111,5 mil foram transferidos ainda em 2023, em parcela única, para fortalecer a vigilância e a contenção do Aedes aegypti - sendo R$ 39,5 mil para estados e Distrito Federal e outros R$ 72 mil para municípios. Além disso, haverá repasse de R$ 144,4 mil para fomentar ações de vigilância em saúde.
Ainda em 2023, o Ministério da Saúde qualificou cerca de 12 mil profissionais de saúde, entre médicos e enfermeiros, para atuarem como multiplicadores para manejo clínico, vigilância e controle da doença. A medida permitirá a rápida identificação da doença pelos profissionais. Neste sentido, a pasta orienta que a população busque o serviço de saúde mais próximo ao apresentar os primeiros sintomas.
Vacinação contra dengue
Entre as iniciativas para combater a alta de casos está a vacinação contra a dengue, que será aplicadana população de regiões endêmicas, em 521 municípios, a partir de fevereiro, o que representa apenas 10% das cidades do país. Segundo o ministério, 16 estados e o Distrito Federal têm municípios que preenchem os requisitos para o início da vacinação.
O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público universal. A pasta incorporou a vacina contra a dengue em dezembro de 2023. A inclusão foi analisada de forma célere pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no SUS), que recomendou a incorporação.
Quem pode tomar a vacina contra dengue?
Segundo o ministério, serão vacinadas crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, faixa etária que concentra maior número de hospitalização por dengue – 16,4 mil de janeiro de 2019 a novembro de 2023, depois das pessoas idosas, grupo para o qual a vacina não foi autorizada pela Anvisa. Esse é um recorte que reúne o maior número de regiões de saúde. O esquema vacinal será composto por duas doses, com intervalo de três meses entre elas.
A definição de um público-alvo e regiões prioritárias para a imunização foi necessária em razão da capacidade limitada de fornecimento de doses pelo laboratório japonês Takeda. A primeira remessa com cerca de 757 mil doses chegou ao Brasil no dia 20 de janeiro. O lote faz parte de um total de 1,32 milhão de doses fornecidas pela farmacêutica. Outra remessa, com mais de 568 mil doses, está com entrega prevista para fevereiro.
Além dessas, a pasta adquiriu o quantitativo total disponível pelo fabricante para 2024: 5,2 milhões de doses. De acordo com a empresa, a previsão é que sejam entregues ao longo do ano, até dezembro. Para 2025, a pasta já contratou 9 milhões de doses.