Bolsonaro diz que não quer que o Brasil esteja como a Argentina em 2022
Depois do fracasso do governo de Maurício Macri na área econômica, o candidato de esquerda Alberto Fernández lidera as pesquisas para as eleições
Victor Sena
Publicado em 10 de outubro de 2019 às 14h33.
Última atualização em 10 de outubro de 2019 às 14h37.
São Paulo — Faltando ainda mais de três anos para as próximas eleições presidenciais, o presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira, 10, em São Paulo, que não quer deixar que o Brasil esteja na mesma situação em que está a Argentina quando chegar o momento da escolha de seu sucessor.
Depois do fracasso do governo de centro-direita de Maurício Macri na área econômica, o candidato de esquerda, Alberto Fernández, ligado à ex-presidente Cristina Kirchner, lidera as pesquisas para as eleições do dia 27 e pode ganhar no primeiro turno. Em agosto, após a eleição primária vencida por Fernández, Bolsonaro disse que "bandidos de esquerda" começam a voltar ao poder na Argentina .
"Nós não podemos ver em 2022 o que este grande país ao sul da América do Sul vive no momento", disse Bolsonaro nesta quinta sem citar explicitamente o nome do país vizinho. De acordo com o presidente, a possibilidade de volta da esquerda ao poder no Brasil vai depender da capacidade do governo e de seus apoiadores dialogarem com o eleitorado.
"Isso depende do trabalho sério de cada um de nós. Mostrar para aqueles que acreditam que aqueles que ocuparam o governo em anos anteriores não podem voltar. Se voltarem pelo voto, paciência. Mas que não voltem por omissão nossa, por falta de nós mostrarmos que lá atrás o nosso destino era a Venezuela", afirmou.
A possível derrota de Macri na Argentina é mais uma de uma série de possíveis revezes para o governo brasileiro na região. Na Bolívia, Evo Morales caminha tranquilo para ser eleito pela quarta vez consecutiva.
A Frente Ampla lidera as pesquisas no Uruguai. Um movimento popular apoiado pelo ex-presidente Rafael Correa ameaça a estabilidade do governo Lenín Moreno no Equador e Nicolás Maduro consegue se manter no poder na Venezuela apesar da profunda crise econômica e da pressão internacional, da qual o Brasil faz parte.
Bolsonaro fez o comentário enquanto tecia elogios ao ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que segundo o presidente chegou ao governo "muito criticado por ser diferente de seus antecessores", mas tem obtido êxitos. "(Araújo) Tem sido um herói na questão de busca e solução para a Venezuela como também temos trabalhado para que outro país mais ao sul não volte para as mãos daquelas pessoas que no passado botaram aquele país numa situação bastante complicada", disse Bolsonaro.
PSL
O presidente Jair Bolsonaro sugeriu que não pretende deixar o PSL. "Eu já sou casado e você quer arrumar outra mulher para mim?", brincou o presidente, após ter sido questionado sobre para qual partido ele iria se saísse do atual.
Antes disso, depois de ter sido perguntado por repórteres sobre se iria mesmo deixar a sigla, o presidente afirmou que o seu partido é o Brasil. Depois, brincou novamente dizendo que o seu partido é a Apex, uma das entidades que promove evento do qual o presidente participou.
Acompanhado de ministros, Bolsonaro participou do Fórum de Investimentos Brasil 2019, evento realizado em São Paulo e organizado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex).