Bolsonaro defende soberania do Brasil após declarações de Macron
Bolsonaro alega que o Acordo de Paris coloca em risco a soberania brasileira sobre uma região de 136 milhões de hectares conhecida como "Triplo A"
AFP
Publicado em 30 de novembro de 2018 às 09h25.
Última atualização em 30 de novembro de 2018 às 09h25.
O presidente eleito, Jair Bolsonaro , afirmou nesta quinta-feira que o Brasil não se sujeitará aos desejos de outros países, após o presidente francês, Emmanuel Macron, indicar que a posição do futuro governo sobre as mudanças climáticas poderá dificultar as negociações comerciais com a União Europeia.
"Sujeitar automaticamente nosso território, leis e soberania a colocações de outras nações está fora de cogitação. É legítimo que países no mundo defendam seus interesses e estaremos dispostos a dialogar sempre, mas defenderemos os interesses do Brasil e dos brasileiros", tuitou Bolsonaro.
"Não sou favorável à assinatura de acordos comerciais amplos com potências que anunciam que não respeitarão o Acordo de Paris", declarou Macron em Buenos Aires, onde está para a Cúpula do G20.
"Peço a meus trabalhadores, a meus atores econômicos, que façam esforços para se adaptar ao Acordo de Paris, o que as vezes é difícil e implica em sacrifícios".
Ao comentar as declarações de Macron, o presidente eleito disse que o Brasil permanecerá no Acordo de Paris, sempre que isto "não signifique abrir mão da soberania sobre a maior parte da Amazônia".
Bolsonaro alega que o acordo coloca em risco a soberania brasileira sobre uma região de 136 milhões de hectares conhecida como "Triplo A", que vai dos Andes ao Atlântico, atravessando a Amazônia.
O Brasil, até o momento um dos líderes da luta contra o aquecimento global, retirou sua oferta para abrigar a Cúpula Mundial do Clima COP25 em 2019, a pedido de Bolsonaro, que assume a presidência no dia 1º de janeiro.
UE e os países do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) iniciaram há quase 20 anos negociações para um acordo comercial que está a ponto de se concretizar, após anos de estancamento e adiamentos.
Nesta quinta-feira, em entrevista ao jornal argentino La Nación, Macron admitiu que a "França mantém uma importante aliança estratégica com o Brasil" e deseja que continue assim, "com base nos valores democráticos".
Mas advertiu que "esta nova realidade política (com a eleição de Bolsonaro) suscita fortes preocupações e é provável que tenha repercussões sobre as discussões comerciais entre Mercosul e UE".