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A virada das fintechs no Brasil

O número de fintechs no Brasil cresceu sete vezes nos últimos 5 anos, saindo dos cerca de 100 negócios em 2015 para mais de 750 em meados de 2020

 (Edi Kurniawan/Unplash/Reprodução)
(Edi Kurniawan/Unplash/Reprodução)
I
Impacto Social

Publicado em 25 de março de 2021 às, 10h00.

No Brasil, os serviços financeiros são conhecidos por serem inacessíveis a uns e caros a outros. Mesmo quando a taxa Selic esteve em sua baixa histórica de 2% ao ano, os brasileiros continuavam pagando muito caro pelo crédito. Esses custos elevados representam uma ineficiência de mercado e bloqueiam o crescimento econômico. Ainda hoje, os top 5 maiores bancos de varejo concentram mais de 80% do volume de empréstimo concedidos.

Tendo em vista essa realidade, o Banco Central estruturou o programa BC+ em 2018, que estabeleceu o marco regulatório das fintechs — baseado nos pilares cidadania financeira, SFN mais eficiente, legislação mais moderna e crédito mais barato. Somando a regulamentação às oportunidades de um sistema financeiro repleto de gaps de eficiência, tivemos um grande número de novos entrantes. Entre os exemplos, podemos citar o Nubank, Neon (banco digital), Guiabolso, CrediGO (finanças pessoais), Creditas (empréstimo pessoal garantido) e QuintoAndar (mercado imobiliário).

O número de fintechs no Brasil cresceu sete vezes nos últimos 5 anos, saindo dos cerca de 100 negócios em 2015 para mais de 750 em meados de 2020. Além da quantidade, as fintechs destacam-se pela diversidade de serviços prestados.

Há dois principais drivers que levam à maior diversidade de serviços de fintechs e adoção pelos usuários. O primeiro refere-se à tendência da digitalização. Os consumidores passaram a buscar nos serviços financeiros o mesmo padrão, de soluções online e rápidas, que encontram nos big techs. Esse comportamento online em diversas frentes ainda foi acelerado durante a pandemia.

O segundo diz respeito ao crescente acesso ao big data. Assim como a Netflix consegue oferecer a seus usuários uma experiência melhor ao analisar os históricos de visualizações, os provedores de serviços financeiros também podem oferecer maior customização com menor custo ao acessarem o histórico financeiro dos usuários.

Órgãos reguladores de diversos países reconhecem o enorme potencial do compartilhamento de dados para serviços financeiros mais eficientes e inclusivos e definiram regras para garantir confidencialidade. Por exemplo, empresas como a CrediGO, Belvo e Quanto estão inovando nesse mercado ao prover a infraestrutura que transfere dados financeiros de uma maneira segura e com o consentimento do usuário.

Essa confluência de acesso ao big data com algoritmos sofisticados e tecnologia é a tese da Arvra, que atuará no mercado de crédito pessoal, oferecendo serviços customizados e menos caros.

Apesar dos custos relacionados a serviços financeiros no Brasil ainda figurarem entre os mais caros do mundo, a virada das fintechs trará uma disrupção nos modelos de análise de risco ao crédito e proporcionará mais benefícios aos consumidores. E isso vai acontecer em um período muito menor do que se poderia imaginar.

*Angélica Rotondaro é consultora em investimento sustentável na Alimi Impact Ventures e membro do conselho do Inpser Metricis.

**Silvan Roth é CEO da Fintech Arvra.