Blockchain e DLTs

'Com blockchain, novo presidente já seria conhecido', diz especialista

Segundo especialistas, uso da tecnologia blockchain traria resultado instantâneo e acabaria com dúvidas quanto à legimitidade do pleito

 (Andrew Kelly/Reuters)

(Andrew Kelly/Reuters)

GR

Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 6 de novembro de 2020 às 17h02.

Última atualização em 11 de novembro de 2020 às 17h34.

A demora na apuração dos resultados das eleições presidenciais dos EUA levantou a questão sobre uso de blockchain para este fim. E, segundo especialistas, se o pleito fosse realizado com o uso da tecnologia blockchain, o novo líder máximo do país já seria conhecido há bastante tempo.

"Se houvesse um app de votação baseado em blockchain, com sistema de verificação apropriado, claro, não teríamos que ficar aguardando o resultado, menos ainda teríamos questionamentos sobre a validade dos votos. A privacidade poderia ser protegida com uma série de mecanismos de encriptação", disse Changpeng Zhao, CEO da Binance, a maior exchange cripto do mundo, em sua página no Twitter.

Cofundador do projeto Ethereum, Vitalik Buterin usou a mesma rede social para concordar, com a ressalva de que o desenvolvimento de um sistema do tipo "traria também uma série de desafios".

No entanto, já existem alguns projetos com essa finalidade em desenvolvimento. O próprio CZ — que será um dos participantes do próximo debate ao vivo promovido pelo Future of Money — citou o Vocdoni, um sistema de votação baseado em blockchain que é construído em sistema descentralizado e atende aos requisitidos do GDPR, a lei de proteção de dados europeia.

"Com um sistema de votação universalmente verificável, qualquer pessoa pode auditar o código e os processos de votação", disse Ferran Reyes, diretor do Vocdoni, ao site Crypto Briefing.

Diferente do que acontece com os votos enviados pelo correio nos EUA, em um sistema baseado em blockchain, qualquer pessoa, de qualquer lugar do mundo, poderia visualizar os dados e fazer sua própria contagem.

Tim Goggin, CEO de outro projeto que visa realizar eleições utilizando blockchain chamado Horizon State, diz que um sistema seguro baseado em blockchain eliminaria quaisquer dúvidas sobre a legitimidade da votação: "Quem votou pelo correio não sabe se o seu voto foi recebido, perdido, se foi considerado inválido ou se foi registrado e contado corretamente. Muita gente está levantando questões sobre os votos atrasados, se devem ser incluídos ou não — o prazo do dia da votação deve se aplicar ao momento em que eles votaram ou quando foi recebido por seu estado?".

Países como Suíça e Estônia já integraram a tecnologia blockchain em votações regionais e no sistema público de saúde. Em Serra Leoa, as eleições nacionais de 2018 também usaram blockchain. No entanto, segundo especialistas, ainda há obstáculos a serem superados, como a confiança da população, a acessibilidade, já que nem todo mundo possui um smartphone, e também a capacidade de verificação de identidade dos eleitores.

“A integração com sistemas de identidade ou sistemas de autenticação é crucial para evitar votação dupla, ataques e outros tipos de fraude”, complementou Reyes. Goggin, por sua vez, explicou que "o sistema permite que os eleitores verifiquem se seus votos foram registrados e contabilizados corretamente no blockchain e, em seguida, contabilizar ou auditar todos os votos".

Apesar de CZ afirmar que não acredita na implementação de votos em blockchain até a próxima eleição presidencial, os eventos do pleito de 2020 nos EUA podem ser um catalisador para impulsionar um desenvolvimento mais sério e acelerado do novo sistema.

Quer saber mais sobre blockchain e criptoativos? Acompanhe os paineis do Future of Money com os maiores especialistas no assunto, ao vivo e de graça!

Acompanhe tudo sobre:BlockchainEleições americanas

Mais de Blockchain e DLTs

Mais na Exame