Milionários do agro batem recorde de compra de jatinhos: modelos custam até US$ 12 mi
PIB da agropecuária deve alcançar R$ 1,38 trilhão este ano, 4,3% a mais do que em 2021; pandemia e crescimento do setor impulsionam vendas de aviões executivos
Carla Aranha
Publicado em 23 de agosto de 2022 às 15h57.
Última atualização em 24 de agosto de 2022 às 17h52.
Sistema de suprimento de ruído, trem de pouso especialmente projetado para pistas curtas e decoração inspirada na paleta de tons dos alpes suíços: o jatinho Pilatus PC-24, fabricado pelaPilatus Aircraft na Suíça , vendido a quase 12 milhões de dólares, e outros modelos parecidos caíram no gosto dos empresários do agro. Na Timbro, empresa de comércio exterior com faturamento anual de 7,3 bilhões de reais, o agronegócio já representa 60% das vendas de aeronaves.
"Na verdade, não é um luxo. É uma necessidade. Os produtores rurais precisam se deslocar por grandes distâncias e sobrevoar as propriedades, que não raro têm milhares de hectares", diz Phillipe Figueiredo, COO (Chief Commercial Officer) da Timbro. "E quanto mais rápidas essas viagens, melhor".
Na Timbro, as vendas de aeronaves executivas aumentaram 250% entre o primeiro semestre deste ano e o mesmo período de 2019. No ano passado, o agro representou metade da demanda. Este ano, o setor passou a responder por 60% das aquisições. É comum clientes e revendedores se encontrarem em grandes feiras do setor, como a Labace, realizada no mês de agosto em São Paulo.
Com tanta procura, a fila de espera é grande. Hoje, são pelo menos 18 meses até o cliente receber o avião. Em alguns casos, a espera pode chegar a dois anos. Os aviões em geral são encomendados aos fabricantes. A aquisição é feita por meio de leasing, em dólar ou por meio de barter, uma operação comum no agro, em que são aceitos produtos agrícolas como pagamento.
Ao lado do Pilatos PC-24, que atinge uma velocidade de até 750 quilômetros por hora, praticamente a mesma de um avião comercial, o King Air 360, que começou a ser fabricado pela americana Textron Aviation em 2020, ocupa o topo da lista dos desejos do público agro: ao custo de quase 9 milhões de dólares, acomoda até dez passageiros e alcança 550 quilômetros por hora. "É um investimento parecido com o que os empresários do agronegócio fazem em maquinário avançado, essencial para o aumento da produtividade", diz Figueiredo. "Com a pandemia, ficou mais evidente a necessidade de mobilidade e o crescimento do agro no Brasil representa outro fator positivo para a expansão da aviação executiva no setor".
O PIB da agropecuária deve alcançar 1,38 trilhão de reais este ano, 4,3% a mais em relação a 2021, segundo a Confedereção Nacional de Agricultura e Pecuária (CNA). O maior faturamento deve vir das lavouras, em grande parte em função da alta de preço das commodities.No primeiro semestre, houve uma alta de 3% no valor arrecadado pela atividade agrícola, segundo o Ministério da Agricultura. O trigo puxou a alta (aumento de 39,8% no faturamento), seguido algodão (39,2%) e café (35,8%).
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