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La Niña e cigarrinha forçam redução na área de milho na Argentina na safra 2024/25

Na temporada 2023/24, a produção de milho da Argentina sofreu com a doença da cigarrinha, que se espalhou nas lavouras devido ao forte calor

Flag of Argentina on corn. Harvest of corn grain in Argentina concept (Freepik)
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 22 de agosto de 2024 às 07h00.

Última atualização em 22 de agosto de 2024 às 07h08.

A área plantada com milho na Argentina deverá sofrer uma redução de 17,1% na safra 2024/2025 em relação ao ciclo anterior, para 6,3 milhões de hectares, de acordo com a estimativa da Bolsa de Cereais de Buenos Aires (BCBA) — este é o primeiro balanço divulgado pela BCBA para a próxima temporada, embora ainda não tenha sido fornecida uma projeção sobre o volume.

De acordo com BCBA, a principal preocupação para a próxima safra de milho é a crescente incerteza sobre o impacto de um complexo de vírus e bactérias associados ao Dalbulus maidis, v etor responsável pela praga da cigarrinha.

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Na temporada 2023/24, a produção de milho da Argentina sofreu com a doença da cigarrinha, que se espalhou nas lavouras argentinas devido ao forte calor e precipitações irregulares nas áreas produtoras – o calor e a umidade são ideais para a reprodução das cigarrinhas, o que possibilita que suas populações cresçam rapidamente.

Com o ocorrido, a BCBA revisou de 56,5 milhões de toneladas para 46,5 milhões de toneladas sua estimativa para a produção de milho da Argentina.

Além da doença, o cenário climático, com a chegada do La Niña , levanta dúvidas sobre a temporada.De acordo com o último levantamento do Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOOA, na sigla em inglês), reportado no início deste mês, há 66% de risco de o La Niña ocorrer a partir de setembro — a previsão é de que ele atue até fevereiro.

Durante um evento de La Niña , a temperatura do Oceano Pacífico na região tropical fica abaixo da média, e esse resfriamento provoca uma série de efeitos climáticos, que incluem chuvas mais intensas na Ásia e condições mais secas em algumas áreas da América do Sul.

Embora a previsão aponte para um La Niña mais fraco, o fenômeno climático pode limitar a disponibilidade de água para os cultivos e, em alguns casos, atrasar o início das chuvas de primavera—a situação pode obrigar os agricultores argentinos a antecipar o plantio para evitar o pico populacional da cigarrinha.

A Argentina sentiu na pele os impactos de um fenômeno climático, que não só afetou a produção de milho como também a de soja. Na safra 2022/23, o país vizinho foi castigado pelo tempo seco e quente e colheu 27,5 milhões de toneladas de soja, de acordo com a BCBA – um dos menores patamares da história da agricultura argentina.

Por último, o cenário econômico para a atual temporada é desafiador, não apenas para o milho, mas para todos os grãos, devido à rentabilidade reduzida observada atualmente e ao alto custo de produção, afirma a BCBA.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima que a Argentina produza 51 milhões de toneladas de milho na safra 2024/2025, de acordo com seu último relatório de oferta e demanda, divulgado no último dia 12.

La Niña no Brasil

No Brasil, o fenômeno La Niña pode impactar o país de diversas maneiras, especialmente em relação às suas principais culturas agrícolas, como soja, café e açúcar.

Segundo a Climatempo, caso ocorra o La Niña , as regiões Norte e Nordeste do Brasil devem receber mais chuvas do que o habitual, o que pode ser vantajoso para a agricultura local. Por outro lado, a região Sul poderá experimentar uma redução nas chuvas, com possibilidade de geadas tardias e estiagem durante o verão.

No caso da soja, o clima mais seco e quente deve atingir a maioria das regiões produtoras de soja no sul do Brasil, com destaque para o Rio Grande do Sul, um dos principais estados produtores da oleaginosa no país.

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