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Chegada do La Niña em novembro pode impactar colheita do trigo no Rio Grande do Sul; saiba como

Previsões indicam chuvas regulares, mas fenômeno pode causar variações climáticas que afetam a safra do estado

(Bloomberg / Colaborador/Getty Images)
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 16 de outubro de 2024 às 14h45.

A chegada do La Niña a partir de novembro no Brasil pode impactar a colheita de trigo no Rio Grande do Sul, o principal estado produtor do cereal no país.

De acordo com a previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a projeção para o trimestre de outubro a dezembro no Rio Grande do Sul aponta uma neutralidade no início da La Niña, o que indica condições favoráveis para chuvas acima ou próximas da média. Isso garante altos níveis de umidade no solo, com precipitações regulares.

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No entanto, a aproximação do fenômeno pode provocar intervalos entre períodos úmidos e secos, o que ajuda a reduzir os riscos de perdas causadas por doenças fúngicas e germinação precoce na espiga.

Em 2024, a área de cultivo de trigo no Brasil foi reduzida em 10,6%, contabilizando 1,3 milhão de hectares, mostram dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No entanto, a previsão é de que a produtividade seja 60% superior em relação ao ano passado.

“A redução de área foi pequena, considerando a frustração com a safra de 2023, quando a média das lavouras foi de 32 sacas por hectare. Neste ano, a estimativa é superar 50 sc/ha, com muitos produtores ultrapassando 100 sc/ha ”, avalia o engenheiro agrônomo da Embrapa Trigo, Marcelo Klein.

O Rio Grande do Sul deve produzir 4,068 milhões de toneladas de trigo na safra de inverno de 2024. Se confirmado, isso representará um aumento de 55,27% em relação à mesma temporada de 2023, segundo estimativa da Emater/RS.

Principais commodities que o Brasil exporta

O que é o La Niña?

Durante um evento de La Niña , a temperatura do Oceano Pacífico na região tropical fica abaixo da média, e esse resfriamento provoca uma série de efeitos climáticos, que incluem chuvas mais intensas na Ásia e condições mais secas em algumas áreas da América do Sul.

A probabilidade de ocorrência do La Niña até novembro deste ano foi revisada de 71% para 60%, informou na semana passada a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA). A NOAA é a principal autoridade no monitoramento deste fenômeno.

A previsão inicial era de que o La Niña ocorresse em agosto, ou seja, ainda no inverno brasileiro. Entretanto, o fenômeno deve chegar durante a primavera e com fraca intensidade, segundo o órgão norte-americano.

Com a nova projeção, a expectativa é de que o impacto do La Niña sobre a safra 2024/25 seja limitado. "Para a produção de grãos (soja e milho) no Centro-Oeste, não há expectativa de grandes prejuízos. Pelo contrário, espera-se que, a partir de dezembro, as chuvas se tornem mais regulares, beneficiando a umidade do solo", afirmou à EXAME, Willians Bini, meteorologista e Consultor Sênior em Clima e Mudanças Climáticas.

"Uma região que pode se beneficiar é o Sul do Brasil, onde o La Niña costuma reduzir as chuvas [...] Com um La Niña mais curto e menos intenso, espera-se que os impactos negativos no regime de chuvas sejam menores", disse o meteorologista.

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