Grupo Soma, dono da Farm: a companhia fez o primeiro investimento na marca de roupas esportivas LAUF (Divulgação/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 19 de março de 2021 às 12h14.
Última atualização em 19 de março de 2021 às 12h57.
O Grupo Soma, dono de marcas como Farm e Animale, divulgou nesta semana que está criando um braço de corporate venture capital para investir em startups e marcas com potencial no varejo brasileiro. Chamada de Soma Ventures, a nova divisão vai funcionar como uma aceleradora de negócios, mapeando e captando oportunidades no mercado.
Segundo fato relevante divulgado pela companhia, o foco da Soma Ventures será em marcas de moda em estágio inicial e com grande potencial de crescimento, assim como startups que possam contribuir com as etapas da cadeia de valores do grupo. A empresa vai aportar capital nas investidas e, depois que elas atingirem as metas de crescimento pré-estabelecidas, vai converter os recursos em participação societária.
"O objetivo é apoiar essas marcas nos seus principais desafios operacionais e impulsionar seus crescimentos, aportando o know-how do grupo na área digital, implantando nossa plataforma omnichannel e também promovendo a expansão física em lojas próprias e a ampliação do canal de atacado."
Aproveitando o anúncio, a companhia divulgou que já fez o primeiro investimento. A escolhida foi a marca esportiva LAUF, fundada em 2010 pelas empresárias Anna Guinle e Marina Rovery.
"O Grupo Soma vê na LAUF uma marca diferenciada, de alta escalabilidade, com grande potencial de crescimento. Anna e Marina continuam à frente da marca e o objetivo é utilizar a capacidade de gestão do Grupo Soma para apoiá-las tanto na expansão dos canais digitais como nos físicos", escreveu o diretor financeiro Gabriel Silva Lobo Leite em comunicado ao mercado.
Em resultados divulgados na última quinta-feira, 18, o Grupo Soma reportou ter tido um recorde de vendas no quarto trimestre do ano passado, com 555,4 milhões de reais de faturamento, 23,4% a mais que no mesmo período do ano anterior. A marca Farm, que responde por 47% da receita do grupo, teve crescimento de 38%, enquanto a Animale se manteve no mesmo patamar e a Fabula subiu 39%. Só no e-commerce, o faturamento foi de 209,3 milhões de reais no trimestre, 152,8% a mais que nos três últimos meses de 2019.
Analistas do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME), acreditam que o grupo mostrou uma boa performance em um momento em que as vendas do varejo de moda diminuíram por causa da covid-19. Apesar da lucratividade ter sido pressionada pelos maiores investimentos em novos canais de venda e digitalização do negócio, os analistas acreditam que o grupo esteja "bem posicionado para alavancar uma maior consolidação e uma mudança digital no Brasil no setor de varejo de moda."
O Grupo Soma está acostumado a trabalhar com diferentes marcas. A companhia nasceu da fusão da Animale, fundada em 1991, com a Farm, comprada em 2010. Hoje, já são mais de nove marcas no grupo, entre elas Foxton, Cris Barros, Maria Filó e NV — adquirida em outubro do ano passado por cerca de 210 milhões de reais.
Em um momento em que o varejo de moda enfrenta dificuldades para se manter aberto com as medidas de isolamento social, grupos capitalizados como o Soma e a Arezzo tem aproveitado para ir às compras. A companhia de calçados, por exemplo, comprou o grupo de moda Reserva em 2020 e também anunciou a criação de um braço próprio de corporate venture capital (CVC).
Mais do que comprar negócios com potencial, as grandes companhias têm percebido que é importante estar em contato com novas ideias de negócio. Não é a toa que, em cinco anos, a soma dos cheques assinados por grandes corporações para empresas de inovação mais que dobrou — no dado mais recente, de 2020, mais de 73,1 bilhões de dólares foram gastos dessa maneira, segundo a consultoria CB Insights. No CVC, a estratégia é encontrar startups com potencial de transformação de um negócio estabelecido.