ESG

Vibra capacita motoristas e frentistas em ação contra a exploração sexual de crianças e adolescentes

Em entrevista à EXAME, Ernesto Pousada, CEO da Vibra explica como ação visa eliminar os pontos de vulnerabilidade de crianças e adolescentes em postos de combustível e estradas; campanha tem parceria com a Childhood Brasil e Instituto Liberta

Ernesto Pousada, CEO da Vibra: Trouxemos motoristas e frentistas para a linha de frente contra a exploração e abuso sexual infantil (Vibra/Divulgação)

Ernesto Pousada, CEO da Vibra: Trouxemos motoristas e frentistas para a linha de frente contra a exploração e abuso sexual infantil (Vibra/Divulgação)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 17 de maio de 2024 às 11h39.

Última atualização em 17 de maio de 2024 às 13h40.

Tudo sobreVibra Energia
Saiba mais

A Vibra, distribuidora de combustíveis e óleos lubrificantes, lança a campanha Exploração Sexual Zero, que busca conscientizar clientes e fornecedores contra o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes. A ação é realizada em parceria com a Childhood Brasil, organização de direitos para crianças em vulnerabilidade e o Instituto Liberta, que luta contra a exploração sexual de jovens.

A ação se baseia nos dados da Polícia Rodoviária Federal de que as rodovias apresentam 9.745 pontos vulneráveis de exploração sexual, quando a relação sexual gera uma troca financeira ou material, e de abusos, quando há a imposição física ou ameaças. Nesse total, 3.400 são postos de combustíveis, o que impacta diretamente no negócio da Vibra.

Em entrevista à EXAME, Ernesto Pousada, CEO da Vibra, conta que treinamentos com os motoristas já eram aplicados pela Childhood Brasil desde 2019 para que entendessem os prejuízos do crime de exploração sexual, mas a companhia intensificou as ações para conscientizar mais pessoas.

“Começamos a discutir como gerar mais valor, não só para os acionistas, mas para o Brasil. Quando nos deparamos com esses dados sobre a violência sexual contra crianças, especialmente nos postos de combustíveis, alinhamos com a Childhood Brasil e a Liberta como implementar esse treinamento para todos os nossos públicos e nos mais variados eventos que a Vibra participa”, diz.

A campanha busca mobilizar e conscientizar os funcionários, fornecedores e consumidores da Vibra sobre as consequências pessoais e sociais da exploração sexual de crianças. Nas 77 transportadoras parceiras, 10 mil motoristas foram capacitados a partir do Programa Motorista DEZtaque. A formação para condutores inclui, além de treinamentos sobre segurança na direção, conscientizações sobre os efeitos da exploração infantil.

Ao todo, 5 mil revendedores e frentistas também passaram pela capacitação, assim como mais de 3 mil funcionários dos Postos Petrobras. O tema ainda foi abordado durante encontros com a rede de revenda e eventos do setor automobilístico, como o Stock Car Pro Series.

“A gente entende que o setor privado tem um papel de abraçar causas e lutas, como ir contra a exploração e de abuso infantil, que é tão pouco discutida, mas tem dados alarmantes no País. Por isso trouxemos quem está na linha de frente do negócio, como motoristas e frentistas, para o combate. Explicamos como ajudar as crianças e como denunciar casos suspeitos”.

Pousada explica que casos de abuso sexual de infantil e outras violações de direitos humanos podem ser denunciadas pelo Disque 100, canal disponível 24h por dia, de forma gratuita.

Internamente, o calendário inclui ações para lideranças, funcionários e multiplicadores sobre o tema. Ao todo, foram 300 profissionais da Vibra formados. A campanha da distribuidora de combustível e energia ainda acontece nos Postos Petrobras, com comunicações alertando que a exploração sexual infantil é crime para quem comete e para o estabelecimento.

Campanha de conscientização incentiva denúncias de abuso sexual infantil em posto de combustível da Petrobras (Vibra/Divulgação)

Combate ao abuso sexual

A ação acompanha o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças, instituído em 18 de maio. A data busca mobilizar governos, tomadores de decisão e organizações para mudar o cenário das violências sexuais contra menores de idade no Brasil.

A cada hora, quatro casos de estupros de menores de 13 anos são denunciados no País, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública de 2022. A pesquisa ainda revela que 31,7% dos casos acontecem entre 10 e 13 anos, faixa etária com a maior incidência de estupros. Crianças e adolescentes correspondem a 77,3% das vítimas.

Apoio às famílias

Para a Vibra, garantir que seus locais de venda em todo o país sejam ambiente seguros para jovens parte também de garantir uma base social e financeira para as comunidades e famílias dessas crianças. “Percebemos que muitos jovens acabavam sendo coagidos às explorações a partir de uma falta de estrutura, da fragilidade socioeconômica, problemas na família... Começamos a pensar não só como tirar as crianças dessa situação de exploração, mas como tratar a raiz do problema e evitar que elas cheguem nessa vulnerabilidade”, explica Pousada.

A empresa tem apoiado projetos sociais que incentivam a geração de renda para famílias em vulnerabilidade socioeconômica. Ao todo, R$ 1,5 milhão foi destinado para atuar nessas iniciativas via Fundo para a Infância e Adolescência. Os projetos apoiados buscam apoiar famílias em vulnerabilidade com ações de acolhimento e capacitação para os jovens. Para os adolescentes, ainda há o incentivo ao mercado de trabalho por meio do programa Jovem Aprendiz.

Nos municípios de Itaituba, Breves e Barcarena, no Pará, a companhia atua com a Childhood Brasil e outras empresas no projeto Territorial Coalizão Pará. A ação busca prevenir a exploração sexual próximo às operações portuárias, nas rodovias e hidrovias da região, que são pontos vulneráveis para a violência contra crianças e adolescentes.

Em Fortaleza (CE), a empresa apoia o projeto O Pequeno Nazareno, que atende crianças e adolescentes em vulnerabilidade social e suas famílias. Mais de 300 jovens que foram vítimas de violências sexuais são atendidos na região.

Para Pousada, apesar da campanha da Vibra já ter atingido engajamento interno, dos fornecedores e parceiros, a discussão sobre a prevenção ao abuso e exploração sexual ainda pode engajar outras empresas e organizações. “A Vibra, enquanto uma empresa de grande porte, pode dar aceleração para a pauta. Queremos movimentar outras instituições para que no futuro vejamos uma realidade em que a criança e o adolescente foram incluídos na sociedade brasileira, com um futuro melhor e com seus direitos preservados”, conta.

O tema será discutido pela empresa ao longo de todo o ano durante eventos do setor de combustíveis, além das redes sociais e na televisão.

Acompanhe tudo sobre:Vibra Energiaabuso-sexualCombustíveisPetrobras

Mais de ESG

Empresas apostam na bioeconomia como modelo de desenvolvimento

Um pequeno chute para o homem, mas um golaço para a humanidade: o Exoesqueleto de Miguel Nicolelis

Unilever Brasil aumenta uso de plástico reciclado pós-consumo em embalagens e vira referência global

Blended finance, cidades verdes e protagonismo indígena: os principais debates da SW24

Mais na Exame