Belo Horizonte: capital, onde Bolsonaro venceu, também teve uma das maiores taxas de abstenção de Minas (Divulgação/Divulgação)
Carolina Riveira
Publicado em 29 de outubro de 2022 às 12h52.
No primeiro turno, 3,6 milhões de eleitores deixaram de votar no estado de Minas Gerais, uma taxa de abstenção de 22,28%. O estado ficou acima da média brasileira, que teve abstenção de 20,8% (sem contar os ausentes no exterior).
Mas, por ser o terceiro maior colégio eleitoral do Brasil, os ausentes em MG responderam por mais de 10% de todos que não votaram no primeiro turno em todo o país.
Do ex-presidente Lula ao presidente Jair Bolsonaro, as campanhas dos candidatos à Presidência têm se esforçado para garantir que o maior número possível de eleitores — e, sobretudo, os grupos que pendem para sua base eleitoral — compareçam às urnas no domingo, 30.
Para o segundo turno, historicamente, a abstenção ainda aumenta, o que pode ser um movimento crucial no resultado da eleição. Em Minas, no primeiro turno, Lula ganhou no estado, enquanto Bolsonaro venceu na capital, Belo Horizonte.
Como a EXAME mostrou, nas últimas semanas, uma das apostas da campanha de Bolsonaro foi o apoio do governador Romeu Zema (Novo), reeleito em primeiro turno no estado.
Para entender como a abstenção ocorreu no primeiro turno, a EXAME compilou detalhes sobre as ausências nos cinco maiores colégios eleitorais; além de MG, clique nos links para ver a abstenção em detalhes nos outros estados e destaques nacionais:
Percentualmente, as maiores taxas de abstenção ocorreram em cidades pequenas no interior, muitas com mais de 40% dos eleitores sem votar, acima da média do estado. Isso ocorre, em muitos desses lugares, porque alguns dos eleitores já não residem mais no município e terminam não voltando no dia da eleição (embora os motivos variem de cidade a cidade).
No geral, Minas Gerais é um destaque nessa abstenção no âmbito municipal: das 50 cidades com maior taxa de abstenção, 34 estão em Minas.
É o caso da campeã de abstenção, a mineira Rio Vermelho, que tem menos de 8 mil eleitores registrados, dos quais mais de 40% não votaram no primeiro turno, segundo o TSE.
As cidades com maior taxa de abstenção em MG foram:
Dentre as cidades mineiras, porém, há polos em que a abstenção se concentrou, mostra levantamento feito pela EXAME com os dados de primeiro turno da votação.
Se contabilizadas só as cidades médias e grandes, com ao menos 100 mil eleitores registrados, a com maior ausência foi em Governador Valadares: a cidade tinha mais de 215 mil eleitores registrados para votar, mas quase 63 mil não compareceram (taxa de abstenção de 29%).
Em seguida vieram Ipatinga e a capital, Belo Horizonte. Veja abaixo.
A taxa de abstenção em percentual, porém, não é o único fator a ser observado. Como na eleição brasileira cada voto conta, a maior efeito da abstenção vem mesmo das cidades extremamente populosas, porque têm alto número absoluto de ausentes.
Embora não tenha a maior taxa de abstenção em percentual, a capital Belo Horizonte tem, em números absolutos, a maior quantidade de eleitores que não votaram: 437 mil não foram às urnas em BH, dentre os mais de 2 milhões de eleitores que estavam aptos.
Outros exemplos são Contagem ou Betim, que embora tenham tido algumas das menores abstenções do estado (16% e 15%, respectivamente), ainda assim estão na lista das com maior número de ausentes, uma vez que são muito populosas.
No estado de Minas, Lula venceu com 48,29% dos votos no primeiro turno, contra 43,60% de Bolsonaro (replicando o placar nacional). Na capital, a situação se inverteu: Bolsonaro teve 46,60% dos votos contra 42,53% de Lula.
Ao contrário de São Paulo, onde Lula venceu na capital mas perdeu em quase todas as grandes cidades do interior, em Minas, a situação foi mais equilibrada nas cidades maiores. Bolsonaro levou a capital e a maior parte das grandes cidades, mas Lula também conseguiu algumas vitórias, como em Ribeirão das Neves e Juiz de Fora.
No cenário nacional, a leitura geral é de que as abstenções prejudicaram mais Lula do que Bolsonaro no primeiro turno, com ausências numerosas de eleitores em bairros de menor renda e entre eleitores menos escolarizados, grupos que votam mais no petista.
Por outro lado, homens também votaram menos do que mulheres (com abstenção de 22% deles e 20% delas). A abstenção masculina maior é um comportamento que já ocorreu em outras eleições e pode também tirar milhares de votos de Bolsonaro, que é preferido por esse eleitorado, sobretudo em cidades grandes e médias na região Sudeste, onde o presidente tem alto número de votos, mas onde a abstenção também foi alta.
Para o segundo turno, mais de 300 cidades brasileiras, incluindo todas as capitais, implementaram passe livre para o dia da votação. A aposta é que a gratuidade na passagem possa incentivar mais eleitores a não desistir de votar. No primeiro turno, em análises por zona eleitoral nas grandes cidades, a abstenção foi maior nas periferias, que concentram estratos de menor renda.
Pela lei eleitoral, mesmo eleitores que não votaram no primeiro turno podem votar no segundo. Segundo o TSE, cada turno é tratado como uma eleição independente pela Justiça Eleitoral. Porém, em 2018, enquanto 117,4 milhões votaram no primeiro turno, só 115,9 milhões votaram no segundo. Uma diferença como essa, se repetida em 2022, pode fazer a diferença.
Para entender como a abstenção ocorreu no primeiro turno, a EXAME compilou detalhes sobre as ausências nos cinco maiores colégios eleitorais; além de MG, clique nos links para ver a abstenção em detalhes nos outros estados e destaques nacionais: