Inteligência Artificial

Nostalgia vs. o brilho sedutor da inteligência artificial

Talvez no futuro nos peguemos suspirando ao lembrar da simplicidade de postar uma foto no Instagram ou enviar uma mensagem de voz no WhatsApp

Imagem gerada por @invetormiguel pelo MidJourney (MidJourney/Reprodução)

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Miguel Fernandes
Miguel Fernandes

Chief Artificial Intelligence Officer da Exame

Publicado em 3 de maio de 2024 às 12h58.

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Na era digital em que vivemos, onde a inteligência artificial (IA) está cada vez mais presente em nossas vidas, é fácil se deixar levar pelo fascínio das novas tecnologias. Nesse turbilhão de inovações, um sentimento tem se tornado forte: a nostalgia. Semana passada estava conversando com o Andre Lopes, editor de IA aqui da EXAME e surgiu a ideia desse texto.

Quando penso na minha infância e adolescência, recordo com carinho dos computadores pré-internet. Aqueles jogos offline desafiando nossa habilidade e criatividade. Lembro da primeira inteligência artificial com a qual interagi, um caveira que tentava capturar meu personagem na tela, respondendo de forma inteligente às minhas tentativas de fuga. E como esquecer dos Tamagotchis, aqueles pequenos brinquedos eletrônicos que exigiam nosso cuidado e atenção?

A nostalgia também me invade quando penso nos chats pré-redes sociais, como o mIRC, ICQ e MSN. O som inconfundível do ICQ, "ooou", anunciando uma nova mensagem, ainda ecoa em minha mente. O ICQ permitia o envio de mensagens em tempo real, algo básico hoje em dia. Já o MSN possuía recursos como o "nudge", uma forma divertida de chamar a atenção. E o mIRC, com seus canais temáticos e a possibilidade de criar salas privadas, foi precursor das comunidades online.

Naquela época, essas ferramentas eram apenas meios de comunicação, mas para nós, jovens ávidos por conexão, elas representavam um mundo de possibilidades. Lembro da sensação incrível quando mandei uma mensagem do primeiro andar e meu amigo a recebeu no terceiro. Parecia inacreditável!

Com o passar do tempo essas maravilhas se vulgarizaram. Hoje, mesmo quando o ChatGPT escreve um poema, já não me impressiono tanto. É por isso que, da mesma forma que observamos a volta dos anos 2000 na cultura popular, acredito que a nostalgia será uma tendência cada vez mais forte nessa era da IA.

À medida que a tecnologia avança e nos tornamos cada vez mais dependentes dela, corremos o risco de nos distanciarmos de nossa essência humana. Seremos cada vez menos humanos e, paradoxalmente, sentiremos cada vez mais saudade de sê-lo. Ao mesmo tempo, nunca teremos tanta consciência da importância de preservar nossa humanidade.

Hoje, vivemos as redes sociais, WhatsApp, Instagram, TikTok, Youtube. Essas plataformas se tornaram essenciais em nossas vidas, moldando a forma como nos comunicamos, compartilhamos experiências e nos relacionamos com o mundo. Mas, assim como aconteceu com as tecnologias do passado, é inevitável que um dia olhemos para trás com nostalgia, relembrando os tempos em que essas ferramentas eram novidade.

Imagine daqui a algumas décadas, quando a realidade virtual e a IA tiverem avançado a ponto de se tornarem onipresentes em nosso cotidiano. Talvez nos peguemos suspirando ao lembrar da simplicidade de postar uma foto no Instagram ou enviar uma mensagem de voz no WhatsApp. Talvez sintamos falta dos debates acalorados no Twitter ou dos memes que dominavam o Facebook.

Assim como hoje valorizamos as experiências autênticas e as conexões humanas genuínas da era pré-internet, no futuro, poderemos analisar nossas interações nas redes sociais atuais sob uma nova perspectiva. Será que a busca por likes e seguidores nos tornou menos autênticos? Será que a facilidade de comunicação instantânea nos fez perder o valor de conversas mais profundas e significativas?

Essas são questões que só o tempo poderá responder. Mas uma coisa é certa: a nostalgia sempre estará presente, nos lembrando de valorizar o passado, viver o presente e abraçar o futuro com consciência e equilíbrio.

Nessa jornada rumo ao desconhecido, onde a IA e as novas tecnologias se tornam cada vez mais presentes, é fundamental mantermos nossa essência humana. Precisamos encontrar um ponto de equilíbrio entre a inovação e a preservação de nossa humanidade. Afinal, são nossas emoções, nossas memórias e nossa capacidade de criar e sonhar que nos tornam verdadeiramente especiais.

Portanto, aproveite cada momento, cada conexão, cada experiência proporcionada pelas redes sociais e pela tecnologia atual. Mas nunca se esqueça de cultivar relacionamentos autênticos, de valorizar o contato humano e de manter viva a chama da nostalgia. Pois um dia, olharemos para trás e suspiremos, relembrando com carinho esses tempos em que as redes sociais “de antigamente” faziam parte de nossas vidas.

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