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Rumo ao super app? Rappi adiciona lives, streaming e venda de passagens

Com novidades no setor de entretenimento, Rappi quer aumentar utilização do aplicativo para torná-lo parte da vida do usuário.

A equipe da Rappi: focando em diversas funções ao mesmo tempo, aplicativo quer conquistar o consumidor e trazer soluções (Germano Lüders/Exame)

A equipe da Rappi: focando em diversas funções ao mesmo tempo, aplicativo quer conquistar o consumidor e trazer soluções (Germano Lüders/Exame)

TL

Thiago Lavado

Publicado em 25 de setembro de 2020 às 07h00.

Última atualização em 25 de setembro de 2020 às 15h41.

 A Rappi está realmente em busca de ser o primeiro super aplicativo da América Latina. A empresa anunciou nesta sexta-feira, 25, novas funcionalidades na plataforma, que passa a incluir agora uma categoria de entretenimento, com a oferta de lives, streaming de música, além dos games, que já estavam na plataforma.

Essa categoria traz ainda alguns desdobramentos para garantir interatividade dos usuários: nas lives, por exemplo, será possível realizar o chamado live shopping, que permite comprar algo que está sendo apresentado durante um evento ao vivo. A Rappi também quer oferecer produtos como o backstage digital, que vai simular a experiência de conhecer artistas no camarim -- só que online.

De acordo com Sérgio Saraiva, presidente da Rappi no Brasil, o live shopping é um mercado de 150 bilhões de dólares na China e que a empresa quer apostar no Brasil. Por aqui, as compras em lives devem ser auxiliadas por outra novidade, o Rappi Chefs, que leva aos consumidores experiência de alta gastronomia de restaurantes como iquitaia, Arturito e Tan Tan. Além de restaurantes de São Paulo, haverá ainda estabelecimentos de Belo Horizonte, Campinas, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife e Rio de Janeiro.

"Podemos fazer uma live com um chef Michelin, que vai cozinhar uma receita. E antes da live você pode receber o kit com os ingredientes em casa, comprando com um click, tendo a experiência de cozinhar ao vivo, com os mesmos ingredientes", explica Saraiva.

Outra parte das novidades está no setor de viagens. A Rappi está introduzindo um marketplace de compra de passagens, inclusive rodoviárias, para destinos locais. Segundo a empresa, é uma maneira de, inclusive, estimular o turismo local e a economia de microrregiões. Uma função corporativa, para pedidos e compras durante viagens profissionais, também está no menu.

As novas "verticais" se únem à parte de entregas de supermercados, farmácias e restaurantes, além da oferta de pagamentos pelo Rappi Pay, compras de diferentes tipos de produto em lojas parceiras e uma gama de serviços, desde a venda de ingressos até o aluguel de guarda-chuvas. A Rappi têm experimentado certo sucesso nesse setor: a empresa acumula 7 milhões de usuários em toda a América Latina e as vendas de produtos na plataforma, sem contar as entregas de restaurantes, cresceram quatro vezes em junho. A operação de atendimento aos clientes cresceu 50% nas primeiras três semanas da pandemia. E o número de usuários com mais de 65 anos quase triplicou.

O objetivo, segundo a Saraiva, é ter um aplicativo mais completo, que tenha não só a facilidade das compras, mas também a interatividade através de opções de entretenimento. "Queremos resolver 100% da vida do usuário dentro do aplicativo", disse o executivo.

A Rappi está atualmente em 205 cidades de nove países da América Latina: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, México, Peru e Uruguai. São mais de 7 milhões de usuários e 4.000 funcionários em toda a região. O Brasil, onde está uma das três sedes da empresa, é o maior mercado, mas a Rappi é forte também na Colômbia (com 27 cidades) e no México (com 31), onde estão localizadas as outras duas sedes.

(Arte/Exame)

A busca pelo super aplicativo

O lançamento de novidades na plataforma é parte de uma estratégia que está no DNA da Rappi: se tornar o primeiro super aplicativo da América Latina. O modelo é bastante conhecido na China, onde apps como WeChat e AliPay facilitam a vida de consumidores e fornecem desde serviços de mensagens até carteira digital, meio de pagamento, investimentos e uma série de outros serviços.

Atualmente, a startup tem se estruturado para funcionar como se fossem várias empresas menores dentro de uma grande companhia: cada uma das ofertas de produtos e serviço tem uma equipe dedicada e pensada para a construção de um grande aplicativo.

O problema: ninguém sabe quanto custa ser relevante em dezenas de frentes no Brasil e na América Latina. A conta tende a ficar mais cara. A Rappi se posiciona de uma maneira que não aconteceu nem na China. Os grandes nomes do mercado por lá tiveram sucesso, primeiro, com um negócio específico. O WeChat, por exemplo, era um app de mensagens amplamente utilizado, como o WhatsApp. Já o Alipay cresceu na onda do comércio eletrônico do Alibaba.

Além da estratégia única, a Rappi compete contra gigantes: as varejistas que dominam o e-commerce há anos. Magazine Luiza e B2W (que detém Americanas, Submarino e Shoptime), fizeram aquisições de aplicativos de entregas em 2020. O Magazine Luiza comprou o app Aiqfome, especializado em fazer entregas de restaurantes em cidades no interior do Brasil, enquanto a B2W fechou negócio pelo Supermercado Now, de entregas de compras. Até mesmo a adquirente Stone entrou na jogada com um investimento na gaúcha Delivery Much.

Ao mesmo tempo, outros aplicativos de delivery, como iFood e Uber Eats, ampliaram o leque de serviços. O iFood, que fez 1 milhão de entregas ao dia no pico do isolamento social, comprou o SiteMercado, que oferece uma plataforma para supermercados venderem por aplicativo. O Mercado Livre, mesmo sem aquisições, também vem lançando uma enorme variedade de serviços, puxado pela sua frente de pagamentos, o MercadoPago.

Para um executivo desse setor, a Rappi pode dificuldade nessa briga. “A Rappi é a mais agressiva, mas não é líder em nenhuma das verticais. Eles são muito bons, pegaram todo mundo desprevenido, andaram super-rápido, mas não têm uma vantagem competitiva óbvia”, disse o executivo.

Há ainda outro fantasma rondando esse mercado no país: o WhatsApp, que pertence ao Facebook de Mark Zuckerberg, o serviço mais presente na vida dos brasileiros com smartphone. São mais de 120 milhões de usuários por aqui. O mensageiro já ensaiou uma entrada na briga dos super apps: anunciou que teria meios de pagamento, em parceria com a adquirente Cielo e com a bandeira de cartão de crédito Mastercard.

Segundo fontes ouvidas pela EXAME, uma eventual entrada do WhatsApp nos meios de pagamento pode não só consolidar a posição do mensageiro como um super app mas também mudar o mercado de apps de entregas, eliminando intermediários.

“Nossa obsessão pelo super app é diária. Estamos no Brasil para o longo prazo, estamos e vamos continuar investindo em processo, em parcerias”, disse Saraiva da Rappi, que acrescenta que vê a concorrência de forma natural e que acredita que o PIX, sistema de pagamentos do Banco Central, pode ter um potencial revolucionário maior do que o WhatsApp. “Muitas empresas entraram, mas em algum momento esses novos entrantes ou vão se consolidar ou vão sair. Tem de ser competente nas verticais. Ter foco no cliente e ter um time que consiga conciliar várias experiências ao mesmo tempo”.

 

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