Tecnologia

Facebook investiga vazamento de dados de 50 milhões de usuários

A divulgação dos dados foi provocada por uma empresa britânica que trabalhou para a campanha de 2016 do presidente americano, Donald Trump

Facebook: a empresa de consultoria Cambridge Analytica obteve em 2014 a informação de mais de 50 milhões de usuários do Facebook nos Estados Unidos (Michael Short/Bloomberg)

Facebook: a empresa de consultoria Cambridge Analytica obteve em 2014 a informação de mais de 50 milhões de usuários do Facebook nos Estados Unidos (Michael Short/Bloomberg)

E

EFE

Publicado em 19 de março de 2018 às 08h07.

Última atualização em 22 de março de 2018 às 11h38.

Washington — O Facebook afirmou neste domingo que está investigando o vazamento de dados provocado por uma empresa britânica que trabalhou para a campanha de 2016 do presidente americano, Donald Trump, e que manipulou informação de mais de 50 milhões de usuários da rede social nos Estados Unidos.

A empresa de consultoria Cambridge Analytica obteve em 2014 as informações de mais de 50 milhões de usuários do Facebook nos Estados Unidos, e usou-as para construir um programa informático destinado a prever as decisões dos eleitores e influenciá-las, segundo revelaram neste sábado os jornais "The London Observer" e "The New York Times".

"Estamos realizando uma revisão integral, interna e externa, para determinar se são certas as informações de que os dados em questão (roubados) do Facebook ainda existem", disse em comunicado Paul Grewal, vice-presidente e membro da equipe legal do Facebook.

Este é um dos maiores vazamentos de dados na história do Facebook, e levou legisladores britânicos e americanos a pedir neste final de semana explicações à empresa, além da abertura de uma investigação por parte da procuradora-geral do estado de Massachusetts, Maura Healey.

O Facebook suspendeu nesta sexta-feira da rede social a Cambridge Analytica e sua matriz, Strategic Communication Laboratories (SCL), e informou do vazamento de dados, que descobriu pela primeira vez em 2015.

Segundo a rede social, Aleksandr Kogan, um professor de psicologia russo-americano da Universidade de Cambridge, acessou os perfis de milhões de usuários que baixaram um aplicativo para o Facebook chamado "thisisyourdigitallife" e que oferecia um serviço de prognóstico da personalidade.

Depois proporcionou mais de 50 milhões de perfis a Cambridge Analytica, sendo que 30 milhões deles tinham informações suficientes para serem exploradas com fins políticos, apesar de apenas 270.000 usuários terem dado seu consentimento para que o aplicativo acessasse sua informação pessoal, segundo o "NYT".

Ao compartilhar esses dados com a empresa e com um dos seus fundadores, Christopher Wylie, Kogan violou as regras do Facebook, razão pela qual essa rede social eliminou em 2015 o aplicativo e exigiu a todos os envolvidos que destruíssem os dados coletados.

"Há vários dias, recebemos informes que nem todos os dados foram apagados", indicou o Facebook na sexta-feira, advertindo que estava disposto a ir aos tribunais para resolver o tema.

Entre os investidores na Cambridge Analytica estão o ex-estrategista-chefe de Trump e ex-chefe da sua campanha eleitoral em 2016, Steve Bannon, e um destacado doador republicano, Robert Mercer.

A campanha eleitoral de Trump contratou a Cambridge Analytica em junho de 2016 e lhe pagou mais de US$ 6 milhões, segundo registros oficiais.

Além da apuração no Congresso americano e no parlamento britânico, o caso poderia gerar uma multa multimilionária para o Facebook, pela sua possível violação de uma regulação da Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC) para proteger a privacidade dos usuários de redes sociais.

"Acredito que a FTC vai querer investigar isto", disse um ex-funcionário dessa agência federal, David Vladeck, ao jornal "The Washington Post".

Acompanhe tudo sobre:Cambridge AnalyticaDonald TrumpEleiçõesEstados Unidos (EUA)Facebook

Mais de Tecnologia

Oura lança nova versão do anel inteligente com design atualizado e novos sensores

China tem 966 milhões de usuários de telefonia móvel 5G

Como diminuir as barreiras para aplicações de computação quântica no setor de energia?

Disputa entre Gradiente e Apple tem definição no TRF