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Comissão Europeia vai investigar a Amazon por práticas anticompetitivas

Órgão antitruste acusa a companhia de prejudicar a competição online ao favorecer seus próprios produtos contra comerciantes rivais que usam a plataforma

Amazon: companhia estaria prejudicando a concorrência, de acordo com a Comissão Europeia (Bloomberg / Colaborador/Getty Images)

Amazon: companhia estaria prejudicando a concorrência, de acordo com a Comissão Europeia (Bloomberg / Colaborador/Getty Images)

RL

Rodrigo Loureiro

Publicado em 10 de novembro de 2020 às 11h30.

Última atualização em 10 de novembro de 2020 às 11h54.

Após um mês conturbado em outubro quando as big techs foram atingidas por um relatório antitruste produzido nos Estados Unidos, agora são os órgãos europeus de regulação do mercado que estão de olho em gigantes da tecnologia. E o alvo da vez é a Amazon, que teria infringido leis antitruste na Europa.

De acordo com a Comissão Europeia, a empresa de Jeff Bezos utilizou indevidamente dados de seus vendedores independentes da plataforma para benefício próprio. Isso fez com que a varejista americana se tornasse alvo de uma segunda investigação formal em que o órgão europeu vai avaliar as práticas de e-commerce da empresa.

Em nota, a comissão informou que a Amazon estava usando dados de vendedores terceirizados – como números de pedidos, receita e até o quantidade de visitantes de cada loja virtual – para formular estratégias para seu próprio negócio, podendo reduzir preços para minar a competição com os próprios vendedores da plataforma.

A Amazon atua como um marketplace vendendo produtos de terceiros (que podem ser rivais da companhia), mas também comercializa produtos por conta própria como uma varejista tradicional. Quando é responsável pela venda de um produto de um terceiro, ela retém apenas com uma fração da venda. Quando vende o mesmo item por conta própria, ganha mais.

“Dados sobre a atividade dos vendedores que atuam na plataforma não deve ser utilizada pela empresa quando ela própria é uma competidora para esses comerciantes”, informou Margrethe Vestager, chefe de divisão de competição da Comissão Europeia, em nota.

Esta segunda e mais recente investigação contra a varejista tem o objetivo de determinar se a companhia favorece seus próprios produtos em detrimento de vendedores terceiros do site. A companhia também será avaliada pelo seu processo de escolha de produtos que entram na categoria Prime, que oferta descontos e frete gratuito para assinantes.

Outro ponto analisado será a disponibilidade do botão de comprar, que é visível apenas para alguns anúncios do site. Em outros, o consumidor interessado na aquisição precisa passar por um processo maior para adquirir um produto, em vez de apenas clicar em um botão simples que já iniciaria o processo de aquisição daquele bem.

Vale destacar que a Amazon já havia sido alvo de uma ação da Comissão Europeia ainda em 2019, quando o órgão mostrou preocupação com a prática anticompetitiva da gigante comandada por Bezos e que vale mais de 1,5 trilhão de dólares.

Em um comunicado, a companhia informou que discorda das acusações e que “vai continuar a fazer um esforço para garantir o entendimento correto dos fatos”. “Nenhuma empresa se preocupa mais ou fez mais pelos pequenos negócios durante as duas últimas décadas do que a Amazon”, informou, conforme reportado pela CNBC.

A companhia ainda disse que representa menos de 1% do varejo global. Neste caso, a empresa deve contabilizar todo o varejo, online e offline. No ambiente digital, a Amazon é a líder absoluta nos Estados Unidos, retendo mais de 47% do varejo online no país, segundo dados da consultoria alemã Statista.

Reflexo da investigação da Comissão Europeia ou não, as ações da Amazon sofreram um baque nesta terça. A companhia já opera em queda de mais de 1% antes da abertura do mercado. Ontem, a companhia já havia registrado queda de 5% no valor de seus papéis. Desde o começo do ano as ações já subiram mais de 70%.

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