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"Precisamos de medidas impopulares", diz Fabio Giambagi

Para um dos maiores especialistas em finanças públicas do país, o próximo presidente deverá ter coragem para recolocar o Brasil no rumo do crescimento

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Fabio Giambiagi: “O próximo presidente vai lidar com um cenário político e econômico mais complexo” (Divulgação)

Fabio Giambiagi: “O próximo presidente vai lidar com um cenário político e econômico mais complexo” (Divulgação)

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Humberto Maia Júnior

Publicado em 25 de outubro de 2013 às, 13h01.

São Paulo - Um dos maiores especialistas brasileiros nas áreas de finanças públicas e previdência social, Fabio Giambiagi vai lançar em outubro o livro Propostas para o Governo 2015-2018 — Agenda para um País Próspero e Competitivo.

Editado em parceria com o economista Cláudio Porto, o livro é uma coletânea de artigos de vários especialistas sobre os desafios do Brasil nos próximos anos. “O que vem pela frente não é nada fácil e, por isso, quem for eleito em 2014 precisará ter coragem para tomar medidas duras”, diz Giambiagi.

1) EXAME - Que qualidades o próximo presidente do Brasil deverá ter? Ou que qualidades a atual presidente deverá desenvolver se for reeleita?

Fabio Giambiagi - Os políticos hoje preferem dizer o que as pessoas querem ouvir. Mas a agenda do próximo mandato será mais complexa do que a dos últimos dez anos. Haverá situações em que a lógica política entrará em conflito com a econômica. Será preciso adotar medidas impopulares. Por isso, quem vier a ser escolhido em 2014 vai precisar de habilidade, coragem e força política para ser líder.

2) EXAME - Que medidas impopulares o senhor sugere que deverão ser adotadas?

Fabio Giambiagi - A política de aumento do salário mínimo precisa ser revista. No passado, ela foi ótima sob o ponto de vista econômico e social. No futuro, não será tão boa. O efeito sobre as contas públicas e as empresas é alto demais.

3) EXAME - Quais são os cenários para a economia brasileira? 

Fabio Giambiagi - Se em 2014 tivermos bom crescimento econômico, 2015 será muito difícil. Se 2013 e 2014 forem fracos, em 2015 haverá mais espaço para a economia crescer.

4) EXAME - Por quê?

Fabio Giambiagi - O Brasil cresceu muito na última década, mas a demanda cresceu mais que a oferta. Os investimentos não acompanharam. Fora isso, há uma redução do crescimento da força de trabalho. O resultado é que o Brasil tem hoje menos capacidade de crescer. Por isso, se o país tiver crescimento forte em 2014, vai esgotar os recursos para crescer, de forma sustentável, nos anos seguintes.

5) EXAME -  Quais são os principais riscos?

Fabio Giambiagi - Os riscos são os que normalmente surgem numa economia com restrições de oferta. Ou seja, o aumento da inflação e do déficit em conta-corrente devido ao aumento das importações. Também há o risco fiscal. O baixo crescimento e a falta de disposição do governo em cortar gastos podem reduzir o superávit primário, aumentando a dívida pública.

6) EXAME - Como aumentar o potencial de crescimento da economia brasileira?

Fabio Giambiagi - As soluções são conhecidas. O difícil é executá-las. É preciso investir em infraestrutura, criar incentivos para aumentar a poupança doméstica e melhorar a educação. Em resumo, temos um desafio urgente que é aumentar a produtividade e os investimentos.

7) EXAME - O mundo vai nos ajudar como na década passada? 

Fabio Giambiagi - Se o mundo nos ajudar muito, teremos um problema. Na década passada, o aumento das exportações e da demanda interna foi atendido porque havia ociosidade de mão de obra. O desemprego em 2003 era de 12%. Hoje está em 5,5%. Por isso, se não aumentarmos a produtividade, o efeito de um novo boom de exportações será inflação. Para o mundo nos ajudar, o Brasil precisa se ajudar antes.

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