Revista Exame

Dados & Ideias — Vale a pena ter as contas públicas em dia

Uma pesquisa mostra que os países que melhor se recuperaram da crise de 2008 foram aqueles que tinham a dívida pública sob controle

Reykjavík, na Islândia:o PIB do país está prestes a voltar ao patamar pré-crise de 2008 | Kevin C Moore/Getty Images /

Reykjavík, na Islândia:o PIB do país está prestes a voltar ao patamar pré-crise de 2008 | Kevin C Moore/Getty Images /

LB

Leo Branco

Publicado em 1 de fevereiro de 2018 às 05h43.

Última atualização em 3 de agosto de 2018 às 09h06.

MACROECONOMIA

VALE A PENA MANTER AS CONTAS PÚBLICAS EM DIA

A grande recessão econômica de 2008 levou boa parte dos países ocidentais à bancarrota praticamente ao mesmo tempo. Agora, para sair dela, cada um teve um ritmo diferente. Um exemplo positivo é a Islândia: depois de contrair incríveis 39% em 2008, o PIB do país voltou a crescer já no ano seguinte e hoje está prestes a recuperar o patamar pré-crise. Por outro lado, a Grécia acumulou perdas consecutivas e hoje tem uma economia 45% inferior à de dez anos atrás. O que está por trás do descompasso na recuperação de economias afetadas por choques idênticos? Para os economistas Christina Romer e David Romer (sim, eles são casados), do campus de Berkeley da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, o segredo está na capacidade do governo de implantar políticas anticrise. Segundo os pesquisadores, isso acontece quando a dívida pública é menor do que o PIB e a taxa de juro real supera 1,25% — o que dá margem de manobra para baixá-la e aquecer a economia.

Com base em dados de ciclos de recuperação econômica de 24 países desenvolvidos, coletados desde 1967, os pesquisadores concluíram que os países com boa capacidade para implantar políticas anticrise chegaram ao terceiro ano após a crise com PIB 1% inferior ao patamar pré-crise. Já os países sem essa margem de manobra perderam 9% no mesmo período. Para o Brasil, que ficou de fora da pesquisa, resta o alerta: o descontrole da dívida pública — que pode chegar a 100% do PIB nos próximos anos se a reforma da Previdência empacar — vai atrapalhar a economia do país no futuro.

Toque para ampliar

TECNOLOGIA

O PESO DA CRIMINALIDADE

Vigilância eletrônica: no Brasil, ela é mais aceita pela população | Rodrigo Capote/Folhapress

Os brasileiros são o povo que mais valoriza o uso da tecnologia na prevenção de crimes, segundo uma pesquisa da Unisys, consultoria americana em TI, com 4.000 pessoas em dez metrópoles nos seis continentes — entre as quais São Paulo. Para 74% dos entrevistados, no Brasil deveria haver mais integração entre as polícias e os desenvolvedores de tecnologias no combate à bandidagem. A média global é de 62%. A tolerância dos brasileiros com a vigilância eletrônica de espaços com grande circulação de pessoas é superior à média mundial: aqui, 78% concordam com o monitoramento de ruas, 44% com o de ônibus e trens e 26% com o de parques. No geral das dez cidades, os três índices são inferiores.

Toque para ampliar

CONSUMO

AS GRANDES MARCAS ESTÃO MENORES

Novos sabores: as líderes em alimentos e bebidas perderam espaço | Germano Lüders

A vida não está fácil para as grandes fabricantes de alimentos, bebidas e produtos de consumo no mundo inteiro. É o que mostra um estudo inédito da consultoria Bain&Company com as marcas líderes nesses mercados em oito países. As receitas estão subindo menos do que antigamente. De 2006 a 2011, a expansão foi de 7,7%. Nos quatro anos seguintes, de 0,7%. A expansão nos lucros também arrefeceu: de 6% para 1,3%. O motivo: as líderes estão perdendo espaço para concorrentes menores. No Brasil, houve queda de 3 pontos percentuais em alimentos e de 7 pontos em bebidas. Na origem da má fase estão o interesse crescente por produtos orgânicos e a expansão do varejo eletrônico, mais fragmentado do que o convencional.

Toque para ampliar

CARROS ELÉTRICOS

É HORA DE O BRASIL ACELERAR COMO A CHINA?

A venda de carros elétricos no Brasil superou 3.200 unidades em 2017, segundo dados da consultoria BMI Research. É o triplo do que foi emplacado em 2016, mas ainda uma pequena fração do comércio total de veículos: 0,15%. É também pouco em relação à China, hoje o maior mercado de carros elétricos do mundo. No ano passado, 1,5% dos carros vendidos no -país asiático tinham esse tipo de tecnologia — o equivalente a 450.000 unidades. Há motivos para acreditar que esse mercado poderá aumentar no Brasil com a aprovação do Rota 2030, programa do governo federal de estímulo à indústria automobilística, que prevê abatimento de impostos desses veículos. Por ora, o custo para importar carros elétricos, que não são produzidos em larga escala no Brasil, é alto: em média, 2.250 dólares por veículo, 50% mais do que na Argentina e 350% do que no Chile.

Toque para ampliar

IMPOSTOS

BONS EM ENCHER OS COFRES

Amazonas: poucos servidores e regras tributárias estáveis | Nando Machado/Getty Images

Já é sabido que o Brasil cobra muito imposto sobre o consumo de bens e serviços. Por aqui, as alíquotas do imposto sobre a circulação de mercadorias e serviços (ICMS) chegam a ser quatro vezes superiores à média de tributos semelhantes cobrados pelos países da OCDE, o clube das nações desenvolvidas. Mas quão eficiente é a arrecadação desse tipo de tributo, feita nos estados? Um estudo da Universidade Estadual de Campinas, em parceria com a Universidade de São Paulo e com a consultoria tributária Systax, mostrou exatamente quais são as unidades da federação que empregam menos recursos na hora de coletar impostos — e o fazem do melhor jeito possível.

O estudo considerou itens como a frequência de mudanças nas regras tributárias, a quantidade de servidores das fazendas estaduais e o volume de tributos arrecadados. O Amazonas ocupou a liderança, enquanto o Piauí ficou em último lugar. “O Amazonas não tem muitos servidores, muda pouco a legislação e tem grandes empresas, o que garante alta arrecadação”, diz Otávio Cabello, professor na Unicamp e autor do estudo. “No geral, os estados não são eficientes.” Ao que tudo indica, no Brasil, além de o Estado morder uma fatia considerável da riqueza, a maneira como isso ocorre tem muito a melhorar.

Toque para ampliar

COMPUTADORES

O AVANÇO DOS NERDS

Computador gamer: esse eletrônico vem ganhando espaço no Brasil | Monica Almeida/The New York Times/Fotoarena

Os chamados computadores gamers, dotados de muita memória e velocidade para agradar aos fãs de jogos online, eram raridade no varejo brasileiro até poucos anos atrás. O alto preço desses eletrônicos — que não raro superava os 10.000 reais — inviabilizava a venda, o que fazia com que os nerds dependessem de muambas importadas ou de máquinas montadas em fundo de quintal.

O rápido avanço tecnológico, que barateou os aparelhos, aliado à recuperação da economia brasileira, vem mudando esse quadro. Hoje, os gamers são o produto mais promissor do mercado de computadores. Em outubro de 2017, eles representaram 11% dos computadores expostos em lojas brasileiras, físicas e virtuais. Um ano antes eram apenas 4%, segundo dados da Marco Marketing, consultoria que avaliou 1.000 pontos de venda em 20 estados do país.

Toque para ampliar

Mais de Revista Exame

Melhores do ESG: os destaques do ano em energia

ESG na essência

Melhores do ESG: os destaques do ano em telecomunicações, tecnologia e mídia

O "zap" mundo afora: empresa que automatiza mensagens em apps avança com aquisições fora do Brasil

Mais na Exame