Revista Exame

No Brasil, “estamos preparando a decolagem”, diz CEO da Samsonite

Para o indiano Ramesh Tainwala, presidente da fabricante de bagagens Samsonite, este é o momento ideal para aumentar os investimentos no Brasil

 (Jerome Favre/Getty Images)

(Jerome Favre/Getty Images)

FS

Filipe Serrano

Publicado em 17 de novembro de 2016 às 05h55.

Última atualização em 17 de novembro de 2016 às 05h55.

São Paulo – Há dez anos, o indiano Ramesh Tainwala foi o executivo responsável pela expansão na Ásia da empresa americana Samsonite, que produz malas e mochilas. Em uma década, fez o faturamento na região pular de 70 milhões de dólares para 1 bilhão de dólares e chegou à presidência global da Samsonite. Hoje, um de seus principais objetivos é repetir a história na América Latina. Mesmo com a economia patinando, ele aposta que é a hora certa de acelerar os negócios no Brasil.

EXAME – Em 2015, as vendas da Samsonite no Brasil caíram 28%. Neste ano, mesmo com a economia demorando a se recuperar, o senhor está investindo aqui. Por quê?

Ramesh Tainwala – É verdade que a economia está ruim, mas não tomamos decisões baseadas só na conjuntura. O mercado de malas e mochilas no Brasil é estimado em 1 bilhão de dólares. Temos somente 5% disso. Fora do Brasil, somos líderes. Não vejo razão para não conseguirmos liderar aqui também.

EXAME – Com a crise, os brasileiros têm viajado menos. Como ganhar mercado num ambiente assim?

Ramesh Tainwala – Vou separar a resposta em duas. O mercado de viagem aqui tem perspectiva de crescimento no longo prazo. No Brasil e em várias partes do mundo, as pessoas jovens preferem  cada vez mais gastar dinheiro em experiências. A vontade de viajar é muito forte. Por que investir agora? Porque é a hora certa. Nos próximos três anos, queremos chegar a pelo menos 200 lojas. No momento são 18. O salto será grande.

EXAME – Por que a empresa não investiu antes no Brasil?

Ramesh Tainwala – Quando começamos a traçar uma estratégia para a América Latina em 2014, a economia brasileira estava forte, o real estava valorizado e os preços dos imóveis e aluguéis em shopping centers eram altos. Fazendo as contas, era impossível justificar o investimento. De certa forma, a crise caiu do céu, porque os custos baixaram. Há muitos comerciantes saindo de lojas em shoppings. Essa é uma chance única de entrar nos centros mais concorridos. Não podíamos ficar esperando. A economia pode virar de repente — mais cedo do que se espera — e os preços voltarão a subir.

EXAME – O senhor também pretende abrir fábricas?

Ramesh Tainwala – A maior parte da produção está na China, porque lá a mão de obra sempre foi mais barata. Mas não vai continuar sendo assim, porque os chineses estão enriquecendo. Já estamos construindo uma fábrica na Hungria para ficarmos mais próximos dos grandes centros da Europa. No futuro, podemos pensar em algo semelhante na América Latina. Juntos, os países da região podem representar para a empresa mais de 1 bilhão de dólares em vendas anuais até 2023. Mas hoje ainda faturamos somente 140 milhões de dólares.

EXAME – O que faz o senhor acreditar no salto nas vendas?

Ramesh Tainwala – Quando comecei a trabalhar com o mercado asiático, nosso faturamento lá era de 70 milhões de dólares. Hoje passa de 1 bilhão. A América Latina é a próxima fronteira.

EXAME – O Chile é o maior mercado da Samsonite na América Latina, com metade das vendas. Por que o Brasil não se destaca?

Ramesh Tainwala – Porque até 2014 não tínhamos uma equipe dedicada ao país. Isso mudou. A partir de agora o Brasil terá mais destaque.

EXAME – Qual é a expectativa de crescimento no Brasil?

Ramesh Tainwala – Podemos crescer 15% no ano que vem. Que ninguém duvide: estamos preparando a decolagem.

Acompanhe tudo sobre:Crescimento econômicoeconomia-brasileiraFaturamentoSamsonite

Mais de Revista Exame

Borgonha 2024: a safra mais desafiadora e inesquecível da década

Maior mercado do Brasil, São Paulo mostra resiliência com alta renda e vislumbra retomada do centro

Entre luxo e baixa renda, classe média perde espaço no mercado imobiliário

A super onda do imóvel popular: como o MCMV vem impulsionando as construtoras de baixa renda