Vocês aqui de novo?
O empreendedor Carlos de Carvalho Filho tinha uma rede de livrarias, que vendeu a um grupo estrangeiro. Agora ele e seu sócio, Eduardo Cunha, donos da BookPartners, compraram parte das lojas de volta para impulsionar o negócio
Da Redação
Publicado em 26 de novembro de 2014 às 17h17.
São Paulo - Para o paulista Eduardo Cunha, de 35 anos, fevereiro foi época de encontrar velhos amigos. Em menos de 30 dias, ele percorreu cinco estados visitando as 12 livrarias que a empresa da qual é sócio, a paulista BookPartners, comprou do grupo de mídia anglo-canadense Thomson Reuters.
Detalhe: foi o sócio de Cunha, o empreendedor Carlos de Carvalho Filho, de 43 anos, quem vendeu as lojas para a Thomson Reuters, há quatro anos. “Já conhecia a maior parte dos funcionários das lojas porque, na época da venda, eu cuidava da divisão de varejo da empresa”, afirma Cunha. “Muitos deles me receberam com ar de: ‘Ué, você de novo por aqui?’ ”
A BookPartners é uma holding que há pouco tempo só vendia livros no atacado e no varejo eletrônico. Em 2014, a empresa deverá faturar 100 milhões de reais — um quarto mais do que em 2013. Antes de a BookPartners existir, Carvalho Filho era dono de uma editora de livros jurídicos chamada Revista dos Tribunais, que foi fundada em 1912 e passou pelas mãos de vários administradores até ser comprada por sua família, no começo dos anos 90.
Pouco tempo depois de assumir a editora, o pai de Carvalho Filho morreu. Já à frente dos negócios, ele criou uma rede de livrarias especializadas em livros acadêmicos com o mesmo nome da editora. Em 2010, a Thomson Reuters — que mantém uma unidade de negócios especializada em informação para o mercado legal — fez uma proposta pela editora Revista dos Tribunais e pela rede de livrarias, que na época tinha 42 unidades.
Tanto os donos da BookPartners quanto a Thomson Reuters não revelam os valores das transações. Calcula-se que Carvalho Filho e Cunha tenham pagado pelas 12 lojas algo em torno de 5% do valor pelo qual a rede e a editora foram vendidas em 2010. O que eles queriam com isso? A resposta está nos planos de Cunha e Carvalho Filho para o futuro da BookPartners.
Em 2012, eles compraram a livraria online Cia. dos Livros — e estavam planejando criar uma rede de franquias de livrarias com essa marca. No começo de 2014, chegaram a contratar uma butique de fusões e aquisições para buscar no mercado uma rede de lojas para uma possível aquisição. (Sim, esse pessoal é mesmo chegado em comprar e vender empresas.)
Na mesma época, representantes da Thomson Reuters sondaram a BookPartners para saber do interesse de Cunha e Carvalho Filho em recomprar algumas lojas. “Sentimos que havia chance de reassumir o controle daquelas unidades a um bom preço”, diz Carvalho Filho.
Sob a administração da Thomson Reuters, a rede de livrarias Revista dos Tribunais enxugou. Quinze das 42 unidades foram fechadas — e as 12 lojas recompradas pela BookPartners vendem hoje apenas 40% do que faturavam em 2010. “A explicação para isso é que a Thomson Reuters se interessava mesmo é pela editora”, diz um executivo que acompanhou de perto as transações. “Seu negócio nunca foi vender livros no varejo.”
A história lembra um pouco outro episódio recente envolvendo um empreendedor que recomprou aquilo que ele mesmo tinha vendido. Trata-se do mineiro Helder Mendonça, que voltou a assumir o controle da fabricante de alimentos Forno de Minas em 2009, dez anos após vendê-la para a multinacional americana Pillsbury.
Pouco depois de comprar a Forno de Minas, a Pillsbury foi adquirida pela também americana General Mills, dona da marca de sorvetes Häagen-Dazs. Sob o controle da General Mills, a Forno de Minas foi para a geladeira. Em 2001, a fábrica de Contagem, em Minas Gerais, chegou a ser fechada.
“Mais da metade dos 3 500 clientes do pequeno varejo deixou de receber os produtos”, diz Mendonça. Cinco anos depois de voltar às mãos dos fundadores, a Forno de Minas ampliou seu portfólio e hoje também vende massas folhadas e waffles. O faturamento em 2014 deverá chegar a 240 milhões de reais — quatro vezes mais do que quando a empresa foi vendida.
No caso da BookPartners, as 12 livrarias que voltaram a ser controladas por Carvalho Filho e Cunha terão papel importante na estratégia de vender cada vez mais para o consumidor final. Até o fim do ano, a rede deverá contar com 18 lojas próprias. Em 2014, o varejo deverá representar em torno de um quarto do faturamento da empresa — ante 15% em 2013.
No ano que vem, começa a expansão pelo sistema de franquias com a marca Cia. dos Livros — que continua com seu braço de vendas na internet. “Estamos com planos de negociar a conversão de bandeira de pequenos livreiros que podem se beneficiar ao entrar em nossa rede”, diz Carvalho Filho. “Como temos negócios também na área de distribuição, eles poderão ampliar seu estoque consideravelmente de uma hora para outra.”
São Paulo - Para o paulista Eduardo Cunha, de 35 anos, fevereiro foi época de encontrar velhos amigos. Em menos de 30 dias, ele percorreu cinco estados visitando as 12 livrarias que a empresa da qual é sócio, a paulista BookPartners, comprou do grupo de mídia anglo-canadense Thomson Reuters.
Detalhe: foi o sócio de Cunha, o empreendedor Carlos de Carvalho Filho, de 43 anos, quem vendeu as lojas para a Thomson Reuters, há quatro anos. “Já conhecia a maior parte dos funcionários das lojas porque, na época da venda, eu cuidava da divisão de varejo da empresa”, afirma Cunha. “Muitos deles me receberam com ar de: ‘Ué, você de novo por aqui?’ ”
A BookPartners é uma holding que há pouco tempo só vendia livros no atacado e no varejo eletrônico. Em 2014, a empresa deverá faturar 100 milhões de reais — um quarto mais do que em 2013. Antes de a BookPartners existir, Carvalho Filho era dono de uma editora de livros jurídicos chamada Revista dos Tribunais, que foi fundada em 1912 e passou pelas mãos de vários administradores até ser comprada por sua família, no começo dos anos 90.
Pouco tempo depois de assumir a editora, o pai de Carvalho Filho morreu. Já à frente dos negócios, ele criou uma rede de livrarias especializadas em livros acadêmicos com o mesmo nome da editora. Em 2010, a Thomson Reuters — que mantém uma unidade de negócios especializada em informação para o mercado legal — fez uma proposta pela editora Revista dos Tribunais e pela rede de livrarias, que na época tinha 42 unidades.
Tanto os donos da BookPartners quanto a Thomson Reuters não revelam os valores das transações. Calcula-se que Carvalho Filho e Cunha tenham pagado pelas 12 lojas algo em torno de 5% do valor pelo qual a rede e a editora foram vendidas em 2010. O que eles queriam com isso? A resposta está nos planos de Cunha e Carvalho Filho para o futuro da BookPartners.
Em 2012, eles compraram a livraria online Cia. dos Livros — e estavam planejando criar uma rede de franquias de livrarias com essa marca. No começo de 2014, chegaram a contratar uma butique de fusões e aquisições para buscar no mercado uma rede de lojas para uma possível aquisição. (Sim, esse pessoal é mesmo chegado em comprar e vender empresas.)
Na mesma época, representantes da Thomson Reuters sondaram a BookPartners para saber do interesse de Cunha e Carvalho Filho em recomprar algumas lojas. “Sentimos que havia chance de reassumir o controle daquelas unidades a um bom preço”, diz Carvalho Filho.
Sob a administração da Thomson Reuters, a rede de livrarias Revista dos Tribunais enxugou. Quinze das 42 unidades foram fechadas — e as 12 lojas recompradas pela BookPartners vendem hoje apenas 40% do que faturavam em 2010. “A explicação para isso é que a Thomson Reuters se interessava mesmo é pela editora”, diz um executivo que acompanhou de perto as transações. “Seu negócio nunca foi vender livros no varejo.”
A história lembra um pouco outro episódio recente envolvendo um empreendedor que recomprou aquilo que ele mesmo tinha vendido. Trata-se do mineiro Helder Mendonça, que voltou a assumir o controle da fabricante de alimentos Forno de Minas em 2009, dez anos após vendê-la para a multinacional americana Pillsbury.
Pouco depois de comprar a Forno de Minas, a Pillsbury foi adquirida pela também americana General Mills, dona da marca de sorvetes Häagen-Dazs. Sob o controle da General Mills, a Forno de Minas foi para a geladeira. Em 2001, a fábrica de Contagem, em Minas Gerais, chegou a ser fechada.
“Mais da metade dos 3 500 clientes do pequeno varejo deixou de receber os produtos”, diz Mendonça. Cinco anos depois de voltar às mãos dos fundadores, a Forno de Minas ampliou seu portfólio e hoje também vende massas folhadas e waffles. O faturamento em 2014 deverá chegar a 240 milhões de reais — quatro vezes mais do que quando a empresa foi vendida.
No caso da BookPartners, as 12 livrarias que voltaram a ser controladas por Carvalho Filho e Cunha terão papel importante na estratégia de vender cada vez mais para o consumidor final. Até o fim do ano, a rede deverá contar com 18 lojas próprias. Em 2014, o varejo deverá representar em torno de um quarto do faturamento da empresa — ante 15% em 2013.
No ano que vem, começa a expansão pelo sistema de franquias com a marca Cia. dos Livros — que continua com seu braço de vendas na internet. “Estamos com planos de negociar a conversão de bandeira de pequenos livreiros que podem se beneficiar ao entrar em nossa rede”, diz Carvalho Filho. “Como temos negócios também na área de distribuição, eles poderão ampliar seu estoque consideravelmente de uma hora para outra.”