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"Tinder dos M&As", Stark Capital recebe aporte da Bossa Nova Investimentos

A startup usa tecnologia para conectar possíveis compradores a pequenas e médias empresas brasileiras

João Vitor Carminatti, cofundador e presidente da Stark Capital: a empresa foi fundada em 2016 como uma boutique de fusões e aquisições. Em 2020, os sócios viraram a chave do negócio para o mundo digital (Stark Capital/Divulgação)

João Vitor Carminatti, cofundador e presidente da Stark Capital: a empresa foi fundada em 2016 como uma boutique de fusões e aquisições. Em 2020, os sócios viraram a chave do negócio para o mundo digital (Stark Capital/Divulgação)

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Carolina Ingizza

Publicado em 26 de janeiro de 2021 às 06h00.

Impulsionadas pela pandemia, as fusões e aquisições (M&As, na sigla em inglês) estão em alta no Brasil. A consultoria PwC registrou 909 operações de janeiro a novembro do ano passado, batendo quase a marca de 912 operações de 2019 — o ano com maior número de transações até então. De olho no aquecimento do setor, a startup brasileira Stark Capital chega com a proposta de ser um “Tinder dos M&As”.

Inspirada nos modelos da americana Axial.net e na alemã Carl Finance, a empresa brasileira usa tecnologia para conectar pequenas e médias empresas (com faturamento acima de 12 milhões de reais) com possíveis investidores. Em 2020, ela intermediou 5 transações, que movimentaram 130 milhões de reais, e faturou quatro vezes mais que em 2019.

Para acelerar seu crescimento em 2021, a fintech acaba de captar um investimento seed com a gestora Bossa Nova Investimentos. A startup foi avaliada em 15 milhões de reais na rodada, mas o valor da transação não foi divulgado. Em geral, a Bossa Nova investe entre 200.000 e 1 milhão de reais em cada empresa.

O aporte foi coordenado por João Bezerra, que comanda o comitê de investimentos em fintechs da Bossa Nova. “A Stark é fora da caixa, tem um presidente brilhante e uma equipe jovem super determinada. Eles se estruturaram muito bem em um ano e agora precisam investir na automatização do back office”, disse o investidor em entrevista à EXAME. 

A proposta da Stark

A Stark foi fundada pelo economista João Vitor Carminatti e pelo advogado Rodrigo Ruiz Pinha em 2016 como uma boutique de M&As. Depois de alguns anos seguindo a cartilha do mercado, os sócios perceberam que havia uma forma de usar tecnologia para facilitar os acordos de fusão e aquisição de médias empresas. “No final de 2019, deixamos de lado o caráter consultivo e passamos a desenhar uma plataforma que fosse uma M&A Tech”, diz Carminatti. 

O primeiro passo da Stark foi descobrir uma forma de saber quais empresas brasileiras estavam dispostas a passar por uma fusão ou serem adquiridas. Estudando o modelo de assessores da XP, a startup decidiu criar uma rede de consultores que atuam junto a pequenos empresários do Brasil todo. Hoje, são cerca de 120 contadores, advogados e profissionais de confiança dos donos dos negócios cadastrados. Eles são responsáveis por apresentar a plataforma da Stark para as empresas que buscam um M&A e, em troca, recebem uma comissão de 3% a 5% sobre o valor da transação. 

Na outra ponta, a startup foi falar com fundos de private equity, venture capital e empresas que publicamente estão em busca de aquisições. A partir dessas conversas, os sócios conseguiram cadastrar cerca de 200 teses de investimento desses potenciais compradores.

Com essas informações, a startup consegue conectar as empresas com potenciais investidores. O empresário só precisa acessar a plataforma para ver quais fundos e empresas estão buscando negócios como o seu. Até essa etapa, o serviço é gratuito. 

As taxas da Stark, que giram em torno de 5.000 a 7.000 reais mensais, só são cobradas no momento em que a empresa “dá like” em um investidor e acontece “um match”. No pacote, a startup oferece além da conexão, a preparação da empresa para o processo de fusão ou aquisição.

Planos para 2021

O aporte da Bossa Nova vem justamente para que a startup consiga digitalizar os processos depois do “match”, que ainda dependem de muito trabalho humano para acontecer. “Estamos desenvolvendo softwares para organizar balancete e calcular o valor das empresas em tempo real, a partir do CNJP”, diz Carminatti.

Outra vertical que receberá mais atenção depois do aporte é a de ensino, chamada de Stark Academy. Os sócios apostam em um parceria com a FGV para fazer cursos online e presenciais sobre o mercado de M&As para pequenos e médios empresários.

Em 2021, a meta da fintech é triplicar seu faturamento na comparação com o ano passado e fechar pelo menos oito transações de M&A pela plataforma. Para isso, o trabalho de cadastramento de investidores continua. A Stark pretende ter pelo menos 1.000 teses cadastradas no seu sistema até dezembro. 

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