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Startup cresce te ajudando a lidar com a burocracia de comprar um imóvel

A EmCasa aumentou seu tamanho em mais de dez vezes em 2019. Agora, olha para expansão territorial e de produtos financeiros

Escritório da EmCasa, na cidade de São Paulo: 150 imóveis foram comprados com mediação da startup (EmCasa/Divulgação)

Escritório da EmCasa, na cidade de São Paulo: 150 imóveis foram comprados com mediação da startup (EmCasa/Divulgação)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 12 de outubro de 2019 às 06h00.

Última atualização em 12 de outubro de 2019 às 06h00.

Aos poucos, as startups transformam mercados de capital intensivo como o de imóveis -- da gigante envolvida em polêmicas recentes WeWork até startups como a brasileira Loft, que vale seis vezes o valor de empresas tradicionais do ramo

Um dos negócios escaláveis e tecnológicos que está surfando a onda de revolucionar o mercado de propriedades é a EmCasa, que promete reduzir incômodos e riscos financeiros e legais ao comprar seu imóvel. A startup já mediou a compra de 150 propriedades e, para o futuro, vê oportunidades em novas verticais financeiras associadas aos imóveis e na ida para estados além de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Os incômodos e riscos da casa própria

A EmCasa foi fundada pelos engenheiros cariocas Gustavo Vaz e Lucas Cardozo. Filho de uma consultora imobiliária, Vaz estagiou no ramo e depois trabalhou em startups como a Easy Taxi. Já Cardozo fez carreira em consultorias como Bain & Company e Brasil Brokers. O primeiro acumulou lições de empreendedorismo em um MBA na Universidade de Harvard, enquanto o segundo percebia oportunidades de digitalizar o setor imobiliário.

Gustavo Vaz e Lucas Cardozo

Gustavo Vaz e Lucas Cardozo, da EmCasa (EmCasa/Divulgação)

Em novembro de 2017, ambos se uniram para criar a EmCasa. Diferente dos portais de classificados de propriedades, a startup é uma plataforma de imóveis focada em ajudar o consumidor a lidar com incômodos e riscos financeiros e legais ao comprar seu imóvel.

“Buscar propriedades, visitá-las, negociar o melhor preço, decidir como será feito o pagamento, preencher a documentação necessária e se atentar para possíveis fraudes é um processo muitas vezes burocrático e ineficiente”, afirma Vaz. O tempo médio de compra de imóvel na EmCasa é de 24 dias. Segundo o empreendedor, no mercado uma aquisição do tipo pode levar 12 meses.

Os imóveis de incorporadoras e pessoas físicas são inseridos na plataforma caso estejam com a documentação correto e de acordo com o preço estimado pelo algoritmo patenteado de precificação da startup, disponível publicamente. A EmCasa tira fotos profissional e monta um tour 3D para reduzir a necessidade de visitas físicas. Também realiza atendimento por canais escolhidos pelos consumidores, como o mensageiro WhatsApp.

Como monetização, a startup cobra uma comissão do detentor da propriedade. A taxa costuma ir de 5 a 6% sobre o valor da venda, mas pode ser negociada. A EmCasa também analisa e checa os pedidos de crédito imobiliário para os bancos e recebe uma remuneração variável de instituição para instituição pela indicação dos clientes.

Os imóveis na EmCasa costumam custar de 500 a 800 mil reais e atendem um público de classe média e média alta. A EmCasa já mediou a compra de cerca de 150 imóveis.

Investimento e expansão

A EmCasa recebeu um investimento semente de um milhão de dólares de investidores anjos e dos fundos Canary (investidor nas startups Buser, SouSmile, Volanty) e Pear Ventures (DoorDash, Frubana, Guardant Health, Gusto) no começo de 2018. A EmCasa operou apenas no Rio de Janeiro durante todo o ano passado.

No final de 2018, recebeu um investimento série A de 6 milhões de dólares de fundos como Maya Capital, Monashees e ONEVC. Canary e Pear Ventures acompanharam a nova rodada.

O capital serviu para expandir a EmCasa para São Paulo, hoje mais representativa para a startup do que o Rio de Janeiro. A EmCasa atua em 15 bairros cariocas e 22 bairros paulistas.

Os próximos passos dos imóveis

Neste ano, a EmCasa já cresceu 13 vezes sobre as vendas de 2018. O próximo passo da EmCasa é expandir sua faixa de preços, oferecendo imóveis abaixo de 500 mil reais e acima de 800 mil reais. 

A startup quintuplicou sua equipe neste ano, passando de 20 para os atuais 100 funcionários. Até o final de 2019, serão de 110 a 120 membros. Uma parte das contratações está na área de tecnologia, para otimizar algoritmos de buscas de acordo com geolozalicação e pontos de interesse (perto de hospitais, mercados e metrô).

O negócio vê oportunidades de expansão para além do crédito imobiliário, como troca de imóveis e seguros residenciais. A EmCasa está estruturando um fundo específico para oferecer a capacidade de trocar imóveis. A startup analisa os imóveis que seus usuários querem vender, sugere uma precificação e depois repassa tais propriedades a outros compradores, chamados de iBuyers. Exemplos são Loft e o Grupo Zap/VivaReal. 

Para 2021, a EmCasa lançará uma vertical de consórcios imobiliários, de imóveis do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida e expandirá para outros estados brasileiros.

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