Por que a Grano Alimentos dobrou a capacidade da fábrica na pandemia
Em entrevista à EXAME, presidente Fernando Giansante explicou como a Grano, empresa de vegetais congelados, cresceu no ano passado e o potencial de expansão do mercado
Marina Filippe
Publicado em 30 de março de 2021 às 07h00.
Última atualização em 10 de junho de 2021 às 17h38.
Quando em 2018 assumiu a presidência da Grano Alimentos, Fernando Giansante, que teve passagem por empresas como Mondelez e Alpargatas, não poderia imaginar que os planos de investimento em fábrica e ampliação de presença no varejo salvariam o negócio em meio a pandemia da Covid-19 , fazendo com que companhia fechasse 2020 com crescimento de 15% e faturamento de 144 milhões de reais.
"Bares e restaurantes, que tiveram as atividades bastante afetadas, são 60% dos nossos clientes. E há cerca de 15 marcas que vendem alimentos da Grano em pratos congelados, além da marca própria. Com o trabalho que fizemos nos últimos anos foi possível atender uma demanda que aumentou nos varejistas", afirma Giansante.
Atender esse público foi possível graças a um trabalho de vendas, bem como investimentos previstos que se mantiveram em 2020. O mais importante deles foi de 20 milhões de reais em maquinário na fábrica Serafina Corrêa, na Serra Gaúcha. “Passamos a ter a capacidade de embalar 45 mil toneladas de alimentos ao ano, versus 22 toneladas anteriormente, praticamente o dobro”. Neste cenário a companhia aumentou o market share em 7 pontos percentuais.
Para o executivo, o mercado brasileiro tem uma grande oportunidade de expansão. "O mercado de vegetais congelados no país é pequeno, com cerca de 60 mil toneladas ano. A Grano está pronta para produzir mais da metade disso. Há ainda uma oportunidade de exportação. O Equador, por exemplo, exporta 100 mil toneladas de brócolis ao ano e podemos conquistar uma fatia deste negócio”.
Para a companhia seguir crescendo é preciso não só a volta dos bares e restaurantes e o aumento de compra das marcas que usam os vegetais como insumos, mas também o maior interesse do consumidor pela compra de congelados. “Por vezes esse produto é visto como menos saudável, mas, na verdade, ele apresenta benefícios como economia, já que não há desperdício, higiene por menor manipulação, além de que os nutrientes são mantidos”, afirma.
Pensando nisto, a companhia está apostando em novas embalagens e na diversificação de produtos. Uma novidade é o arroz de couve flor, que deve chegar aos supermercados em maio. “É um produto com uso diverso, que utiliza todo o vegetal e pode ter o preço, em média, 30% maior do que o vegetal, ampliando os ganhos da Grano".
A partir dessas iniciativas, a projeção de crescimento para 2021 era de 30%, contando também com o retorno dos restaurantes e bares. Agora, com o atual cenário da pandemia, a empresa espera que ao menos o crescimento se mantenha em níveis do ano anterior.
Agricultura e sustentabilidade
A operação da Grano conta com mais de 400 funcionários e funciona em parceria com 200 famílias de agricultores. No modelo de negócios não há uma exclusividade, permitindo que o agricultor diversifique suas culturas e aumente o volume da colheita a partir de parâmetros de qualidade tecnicamente avaliados pela Grano. Desta forma, grande parte dos agricultores se mantém parceiro da companhia há uma década e crescem suas plantações junto ao desenvolvimento da empresa.
Ambas partes se pautam pela sustentabilidade. Em 2019, 60% de todo o investimento da companhia foi destinado a ações de segurança e sustentabilidade. Um exemplo do resultado, no ano passado, foi a reutilização de 93% dos resíduos em compostagens e outros fins. A companhia também trabalha com energia 100% renovável. “Estamos atentos às necessidades do consumidor, mas também a preservação do meio ambiente, do relacionamento com os agricultores e da sustentabilidade operacional do negócio para atravessarmos a pandemia e seguirmos crescendo", diz Giansante.