Namorados criam agência especializada em viagens para Orlando
Felipe Magalhães e Rebeca Lopes se uniram para criar um negócio baseado em uma paixão do casal: as atrações temáticas da Disney
Mariana Fonseca
Publicado em 12 de junho de 2017 às 06h00.
Última atualização em 18 de julho de 2018 às 15h16.
São Paulo – Ser um casal unido no pessoal e no profissional não é uma tarefa fácil. Porém, alguns parceiros conseguem a façanha de alcançar o equilíbrio e ter tanto uma relação quanto um negócio próprio de sucesso .
Há dez anos, os namorados Felipe Magalhães e Rebeca Lopes fizeram sua primeira viagem juntos para a cidade de Orlando, nos Estados Unidos – onde fica o parque mais conhecido da gigante Disney .
“A Rebeca [Lopes] me convenceu a ir: ela já tinha ido quando era criança, e eu não. Estava com um pouco de medo de não gostar. Mas, como ela, fiquei apaixonado. Desde então, fizemos um planejamento financeiro para ir ao menos uma vez por ano”, conta Magalhães.
Esse foi o começo de um grande negócio, feito por dois turistas apaixonados: a “Rumo a Orlando”, agência de viagens especializada apenas na cidade americana.
Para o empreendedor , o segredo para ter um negócio de sucesso feito por um casal é combinar metas e interesses.
“O que influenciou positivamente nosso negócio foi estarmos alinhados dentro e fora de casa, nos objetivos pessoais e profissionais. Desde o início, começamos com uma paixão que era dos dois: nunca foi um problema para nós sermos casados e, ao mesmo tempo, buscarmos crescer nosso empreendimento”, diz Magalhães.
Começo de negócio
Em uma das viagens a Orlando, o casal decidiu usar um roteiro feito por Rebeca Lopes.
“Fechamos as passagens em uma agência, e a diretora pediu para ver nosso roteiro. Ela achou sensacional e comentou como isso seria bom para seus clientes: muitos fechavam um pacote de viagem sem nem saber o que fariam ao chegar ao local”, explica Magalhães.
Depois, os namorados comentaram do roteiro com amigos que já tinham viajado a Orlando. Eles perceberam o mesmo problema dos clientes da agência de turismo: também não havia pesquisas sobre quais atrações visitar.
O ano era 2011. Lopes e Magalhães criaram uma página no Facebook para vender roteiros personalizados para Orlando e divulgaram no boca-a-boca para amigos e familiares. De lá para cá, já fizeram mais de mil roteiros.
A decisão de se especializar na cidade americana foi natural. “Em primeiro lugar, somos apaixonados por Orlando e temos muito conhecimento sobre a cidade. Segundo, há sempre algo novo lá: é um destino que sempre se renova nos hotéis, parques e restaurantes. Por fim, é um destino muito popular entre os brasileiros, o que significa um mercado com muito a explorar ainda”.
Segundo dados de 2015 do centro de informação ao turista Visit Florida, 1,4 milhão de brasileiros visitaram no ano o estado americano da Flórida, onde se localiza a cidade de Orlando.
Quando atingiram um bom volume de clientes, Lopes e Magalhães decidiram profissionalizar e abrir uma empresa de vez. Não foi uma decisão fácil: os dois trabalhavam em multinacionais e largaram seus empregos.
Magalhães era consultor de Tecnologia de Informação (TI) na Accenture, enquanto Lopes trabalhava na área administrativa da Coca-Cola. Ele entrou aos 21 anos de idade; ela, aos 18 anos.
“Tínhamos um receio grande de largar o certo pelo duvidoso. Antes de conhecermos o mundo do empreendedorismo, a Rebeca tinha um sonho muito grande de fazer a carreira dela na Coca-Cola, por exemplo. Mas ela e eu superamos o medo: afinal, se nós não criarmos coragem, não temos como sair do lugar.”
Expansão dos serviços
De 2011 para cá, a vida dos sócios mudou: veio o casamento e a diversificação dos serviços oferecidos pela Rumo a Orlando.
“Depois de dois ou três depois só comercializando roteiros, vimos demandas de outros serviços: aluguéis de carros, ingressos dos parques e seguros, por exemplo. Aí, decidimos virar uma agência mesmo e oferecer o pacote completo de viagem”, conta Magalhães.
Além de produtos como ingresso, hospedagem e roteiros personalizados, a Rumo a Orlando também elaborou produtos especiais para quem vai viajar de última hora e não tem tempo para fazer uma análise detalhada de perfil.
“Muitas vezes recebíamos clientes de última hora, então criamos um produto mais automático: um guia digital com cerca de 325 páginas, para quem busca um mapa já pronto e com várias opções. Basta clicar e comprar o guia”, conta Magalhães. Mais de 2,5 mil e-books já foram vendidos, segundo o site da agência.
Segundo o sócio, a crise econômica só afetou a Rumo a Orlando no ano de 2015, quando o dólar disparou. Fora isso, a viagem a Orlando é um destino fácil de se vender – tem quem opte por finalmente realizar o sonho de visitar os parques da Disney no lugar de trocar de automóvel, por exemplo.
“O dólar a 4,20 reais assustou as pessoas, mas nosso negócio resistiu. Isso porque não focamos em um público que busca o melhor preço, e sim a melhor experiência", afirma Magalhães. "Temos uma mistura de público novo e público recorrente. Os fiéis vêm independente da crise, com o objetivo de visitar as novas atrações, que surgem todos os anos nos parques”, explica.
“Logo que o dólar voltou a ficar abaixo de 4 reais, conquistamos novamente as pessoas. Na virada para 2016, já estava tudo normal.”
De 500 a 550 potenciais clientes entram em contato com a Rumo a Orlando por mês para solicitar serviços de viagem personalizados. A taxa de conversão é de 15%. O guia digital já pronto tem uma métrica separada: são vendidas 100 unidades mensalmente.
O faturamento total da empresa foi de 300 mil reais no ano passado – para 2017, o plano é atingiu um faturamento entre 480 e 500 mil reais.